A ONG portuguesa Helpo vai realizar, entre 1 e 13 de setembro, uma campanha de angariação de fundos nas lojas Pingo Doce de todo o país, para ajudar milhares de crianças deslocadas de Cabo Delgado, Moçambique, a estudarem.

Com o mote “Para as crianças deslocadas, a escola é uma primeira casa”, a campanha procura sensibilizar os clientes do grupo Jerónimo Martins, nas lojas Pingo Doce e em mercadao.pt, para a aquisição de vales de 1Euro, 3Euro e 5Euro, que irão tornar mais fácil a educação das crianças moçambicanas”, diz a organização, em comunicado divulgado hoje.

Segundo a nota, estima-se que sejam já “mais de 400 mil as crianças deslocadas em fuga aos conflitos armados em Cabo Delgado, que deixaram tudo para trás, e que ficaram sem teto, e para as quais a escola se torna uma primeira casa: lugar de segurança, de convivência e estabilidade, de esperança num futuro”.

Os portugueses podem contribuir para esta ajuda ao ensino das crianças da província moçambicana de Cabo Delgado adquirindo vales, que permitem distribuir lanches (1Euro), mochilas (3Euro) e manuais escolares (5Euro), explica a Helpo na nota.

A ONG sublinha que para aquelas crianças “um lanche, distribuído na escola pode ser o incentivo para ir às aulas diariamente” porque nas comunidades rurais “muitas crianças têm de fazer vários quilómetros a pé para chegar à escola”, por isso, “uma mochila faz toda a diferença”.

A realidade de quem deixa as suas aldeias, sob ameaça ou durante um ataque armado, deixando para trás todos os bens materiais que acumulou e muitos familiares, “é a de chegar a novas geografias com carências extremas de todo o tipo”, realça.

“As histórias dos deslocados de guerra que chegam às comunidades são de dor, perda, desamparo e falta de tudo. Procuramos atuar no imediato, aliviando o sofrimento causado por esta falta e, no médio e longo prazo, causando um impacto concreto na vida das pessoas, com enfoque na proteção das crianças, a sua dignidade e direitos”, refere a Helpo.

A ONG recorda que a província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, vive “uma situação dramática, um cenário de crise humanitária urgente e sem precedentes”, que se tem arrastado e agravado desde outubro de 2017, um contexto emergencial, onde os direitos humanos de pelo menos 800 mil pessoas “são desprezados a cada minuto”.

Com 12 anos de trabalho na província de Cabo Delgado, a Helpo tem acompanhado de perto esta crise humanitária.

“Das centenas de milhares de pessoas deslocadas, mais de 40.000 chegaram às comunidades de Silva Macua, Mahera, Impire, Ngoma, Mièze, Mahate (Cabo Delgado) e Namialo (Nampula), onde começámos a intervir em 2009”, adianta.

Perante a necessidade de intervenção imediata para apoiar estas populações, em julho de 2020, a Helpo delineou e implementou um Plano de Intervenção de ajuda aos deslocados em Cabo Delgado e Nampula, através de assistência alimentar de emergência, distribuição de roupa, itens de utilidade doméstica e material de higiene.

Disponibilizou também apoio e psicossocial às famílias e rastreios de stress psicológico, e desenvolveu um trabalho de sensibilização sobre a integração de pessoas deslocadas nas comunidades escolares.

FONTE: JORNAL OBSERVADOR DE PORTUGAL