Os avanços militares em Cabo Delgado estão a abrir “boas perspetivas” para a estabilização da região norte de Moçambique, disse esta segunda-feira o Presidente da República, Filipe Nyusi.

“Continuaremos muito atentos ao movimento do terrorismo, mas os resultados até aqui alcançados abrem boas perspetivas para restauração do ambiente de estabilidade e previsibilidade tão necessário para o desenvolvimento de negócios em todo o território nacional”, referiu.

O chefe de Estado falava esta segunda-feira em Ricathla, nos arredores de Maputo, durante a inauguração da Feira Internacional de Maputo (Facim), a maior amostra empresarial e de negócios do país, que vai decorrer até domingo, em formato virtual e presencial, devido à covid-19.

“Reconhecemos a natureza do terrorismo”, ou seja, que “atua de muitas formas”, pelo que “não queremos dizer que o terrorismo vai acabar amanhã em Moçambique”, sublinhou, recomendando cautela.

No entanto, para melhorar o ambiente de negócios impõe-se que haja paz, nomeadamente “estabilidade na província de Cabo Delgado, colocando termo ao clima de destruição e violação de direitos humanos por terroristas”.

Trata-se de uma condição essencial para “a atração de mais investimentos com impacto na criação de empregos e rendimento”, destacou Nyusi.

O conflito armado entre forças militares e insurgentes em Cabo Delgado já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.

A luta contra os insurgentes ganhou um novo impulso, quando em 08 de agosto forças conjuntas de Moçambique e do Ruanda reconquistaram Mocímboa da Praia, vila portuária que estava nas mãos dos rebeldes há mais de um ano e que era considerada “base” destes grupos armados, tendo sido o local onde os rebeldes protagonizaram o seu primeiro ataque em outubro de 2017.

Mocímboa da Praia está situada a 70 quilómetros a sul da área de construção do projeto de exploração de gás natural conduzido por várias petrolíferas internacionais e liderado pela Total.

Ainda no discurso de esta segunda-feira, o PR classificou como igualmente importante para a paz o avanço do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos antigos guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).

No âmbito do DDR, 2.307 ex-combatentes da Renamo já foram para casa, de uma meta de cerca de cinco mil antigos guerrilheiros."

FONTE: JORNAL O OBSERVADOR DE PORTUGAL