sexta-feira, 22 de julho de 2016

JAPÃO E MOÇAMBIQUE: Gás e infra-estruturas de transporte no topo das prioridades do Japão em Moçambique

Gás e infra-estruturas de transporte no topo das prioridades do Japão em Moçambique

Corredor de Desenvolvimento de Nacala e exploração do gás natural da Bacia do Rovuma são as apostas principais do grupo nipónico Mitsui & Co, que identificou Moçambique como sendo um país estratégico
Para a criação de uma economia robusta e sustentável, a última Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento de África (TICAD) definiu um plano estratégico de desenvolvimento do continente em 10 áreas. Em Moçambique, o foco está no Corredor de Desenvolvimento de Nacala e na exploração do gás natural da Bacia do Rovuma, onde as reservas até agora descobertas  apontam para a existência de mais de 200 biliões de pés cúbicos de gás, as quais poderão colocar Moçambique no grupo dos cinco maiores exportadores do Mundo.
A Mitsui & CO, uma empresa japonesa  com negócio diversificados em vários países, pretende manter a sua participação (20 por cento) no bloco da Área 1 da Bacia do Rovuma, pese embora ainda não tenha tomado uma decisão final de investimento, que se prevê para breve.
Mas a confiança no mercado moçambicano e a necessidade contínua do consumo deste combustível pelo Japão sugerem que a Mitsui & CO vai permanecer nesta aposta. “No nosso plano de negócios a médio e longo prazos identificamos os países com importância estratégica e Moçambique é um deles, por causa do potencial dos objectivos futuros. E identificamos três áreas de oportunidade de crescimento futuro,  não só na área do gás, mas também noutros sectores downstream. Portanto, gostaríamos de contribuir para a prosperidade das pessoas do vosso país”, disse o Director da Divisão dos Projectos de Moçambique da Mitsui & CO, Motoyasu Nozaki, ao nosso jornal, em Tóquio.
De referir que no edifício sede desde grupo empresarial, na capital nipónica, existe um departamento específico para lidar com os interesses de exploração de gás natural em Moçambique, reforçando a tese do profundo interesse desta companhia por este recurso.
Para Motoyasu Nozaki, a Mitsui & Co está a registar progressos consistentes neste projecto e várias acções estão em curso enquanto decorrem alguns formalismos legais.  “Primeiro, estamos focados em estabelcer os princípios legais com o Governo para termos fundamentos concretos para este grande volume de investimento em Moçambique. Em paralelo, estamos a fazer esforços para fechar contratos com os compradores e temos de garantir o financiamento para o projecto de forma a torná-lo num só pacote. Enquanto conversamos com o Governo, continuamos a avançar com acções paralelas no âmbito do marketing para podermos garantir o volume de vendas necessários aos nossos clientes”, explicou Nozaki .
A actual baixa do preço do gás não preocupa a Mitsui & CO porque está neste investimento numa perspectivas de ganhos a longo prazo, e acredita na recuperação dos preços a médio prazo, segundo nos deu a conhecer Nozaki.  Para este gestor, que reconhece a complexidade do cenário actual, nem o Governo pode ser a solução. “É complicado; não podemos pedir ao Governo que nos ajude só porque o preço do petróleo está baixo. Até porque sabemos que o que pode fazer por nós é limitado”, observou.
Para além do gás natural, esta empresa tem ainda a pretensão de adquirir 15% das acções da Vale (95%) no projecto de exploraçao de carvão de Moatize, um interesse tornado público em Dezembro de 2014, com a assinatura de um acordo entre a Vale e a Mitsui & Co. No entanto, dada as mudanças nas condições de mercado desde que a parceria foi anunciada, as duas companhias decidiram, este ano, ajustar as condições do acordo para a empresa japonesa se tornar sócia da Vale. Na entrevista a “O País” em Tóquio, a empresa não quis pronunciar-se sobre a matéria, rementendo para outro departamento.
Mas, porque o carvão precisa ser escoado eficientemente, a Mitsui também está presente em Moçambique no projecto do Corredor de Desenvolvimento de Nacala, com 50% das acções da Vale (70%), e em outros projectos, como a exportação do minério de areia e o projecto de Central Térmica a carvão (15%), etc.
O Japão, que não tem recursos naturais, necessita de apoio e cooperação internacional para gerir o défice na produção de alimentos, de energia e matérias-primas destinadas à indústria, que importa quase tudo."
FONTE: JORNAL O PAIS DE MOÇAMBIQUE.

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