domingo, 7 de novembro de 2010

MOÇAMBIQUE E A ENERGIA ELÉCTRICA - PAISES AFRICANOS REUNIDOS EM MAPUTO

"Reunidos em Maputo: países africanos unem-se para enfrentar desafio de ampliar oferta de energia eléctrica

07/11/2010. Pela primeira vez, ministros de Estado, especialistas e investidores de toda África reuniram-se para discutir alternativas de geração e distribuição energia no continente. Foram cinco dias de encontros, palestras e reuniões em três eventos simultâneos: o All Africa Energy Week, o Fórum Africano de Investimento em Energia e o Encontro de Ministros de Energia da União Africana. Na pauta dos ministros, políticas continentais como a operacionalização de um Fundo de Petróleo, além de discussões em torno de estudos referentes à produção de energia alternativa (especialmente a solar), entre outras iniciativas.
O participantes preparam a criação um mecanismo único de monitoramento e comunicação entre os países. Empresas tiveram espaço para fechar negócios e divulgar de experiências e estratégias para aumentar o acesso à luz eléctrica num ambiente de mudanças climáticas. Além do governo moçambicano, o evento teve o apoio do Banco Africano de Desenvolvimento, da Comissão Econômica Africana das Nações Unidas e da União Africana. “Vamos chegar aos nossos objectivos de levar energia a muito mais gente na África”, afirmou o ministro de Energia de Moçambique, Salvador Namburete. “Ainda pode demorar, porque os recursos são escassos. Mas o comprometimento político dos governos, a clareza dos objectivos e a priorização de projectos melhor estruturados vão permitir a integração dos sistemas, que os países trabalhem em conjunto.” Pelos levantamentos do fórum, o maios desafio para a infraestrutura da África é, de longe, a geração de energia. Apesar da abundância de potencial hídrico, vento, sol e recursos minerais, como petróleo e carvão, 30 dos 52 países do continente sofrem cortes regulares no fornecimento de luz eléctrica. Actualmente, os 48 integrantes da África Subsaariana geram, juntos, menos electricidade que a Espanha. Actualmente, a Nigéria, maior produtor africano de petróleo, gasta U$ 13 bilhões só com aquisição de óleo diesel para gerar energia. U$ 10 bilhões seriam suficientes para suprir a demanda do país. É que um terço dos equipamentos de geração e transmissão na Nigéria está inoperante por falta de manutenção adequada. Muitos investimentos esperados pelo sector estão parados à espera de uma revisão das leis que regulam o sector energético. De acordo com o governo nigeriano, a Lei da Indústria do Petróleo deve ser votada até o fim do ano. As novas regras devem modificar a cobrança de impostos sobre empresas estrangeiras que exploram petróleo no país. Estudos internacionais mostram que o potencial hídrico da República Democrática do Congo, se aproveitado integralmente, seria capaz de gerar o triplo da energia que o continente consome actualmente. O impacto econômico da falta de fornecimento regular de energia também é grande. A estimativa do fórum é que, pelos menos, 5% das vendas das empresas do continente sejam perdidos pelo fornecimento irregular de luz eléctrica. Somado ao imenso sector informal africano, o prejuízo sobe para 20%. Segundo o Banco Mundial, o impacto típico na economia como um todo de um país varia entre 1% e 4% do Produto Interno Bruto (PIB) anual. Electrificar toda a África custa muito. A construção de infraestrutura no continente é, em geral, duas vezes mais cara do que nos restantes do mundo, por causa da pouca concorrência e por questões de escala. Técnicos do Banco Africano de Desenvolvimento estimam que os países africanos precisariam investir cerca de que U$ 93 bilhões por ano no sector de energia, sendo um terço desse valor só para manutenção da infraestrutura existente. E a estimativa é que o déficit nas contas governamentais do sector seja de, pelo menos, U$ 31 bilhões por ano.
“Com recursos financeiros suficientes, poderíamos programar os investimentos correctamente”, explicou o ministro moçambicano Salvador Namburete. “Mas programas de expansão, com o da electrificação rural, por exemplo, devem ser acompanhados da devida formação dos técnicos provedores do serviço. Tanto para garantir a qualidade da energia quanto para informar as comunidades sobre como fazer o uso racional e eficiente dela.” Em todo o mundo, quase 1,5 bilhão de pessoas não têm acesso à energia eléctrica, percentual que corresponde a cerca de 20% da população. Em 20 anos, toda a América Latina estará electrificada. Em menos tempo, já em 2015, a falta de luz eléctrica não deve mais ser problema na China. Mas em África, em parte da Ásia, em especial na Índia, 1,2 bilhão de pessoas continuarão a depender do carvão, de velas e de geradores a diesel para se aquecer, preparar a comida ou fazer uma máquina funcionar. Os dados são da Agência Internacional de Energia (AIE), divulgados durante as reuniões das Nações Unidas sobre o cumprimento das Metas do Milênio, em setembro passado. "O impossível acesso a serviços modernos de fornecimento de energia cria sérios obstáculos para o progresso econômico e social. A questão deve ser superada se quisermos avançar nas Metas do Milênio", alertou a AIE. Da Agência Brasil" Fonte Rádio Moçambique.

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