domingo, 21 de abril de 2013

ANTÓNIO PINTO DE ABREU VICE GOVERNADOR DO BANCO DE MOÇAMBIQUE::"REFORMAS ESTRUTURAIS PARA FACILITAR CRÉDITO"

"Economia
 
António Pinto de Abriu
António Pinto de Abriu

Reformas estruturais para facilitar crédito – recomenda vice-governador Do Banco Central


A DISPONIBILIDADE de financiamento à economia não resulta automaticamente da manipulação dos instrumentos clássicos de política monetária, existindo factores estruturais a ter em conta para a consecução do objectivo da intermediação financeira.Maputo, Segunda-Feira, 22 de Abril de 2013:: Notícias                  
O vice-governador do Banco de Moçambique, António Pinto de Abreu, quem proferiu estas palavras, citou como exemplo de condicionantes estruturais a disponibilidade de instituições e de produtos e serviços financeiros no território nacional, junto dos agentes económicos e adequados aos diferentes sectores de actividade. António Pinto de Abriu referiu que ciente da necessidade de empreender nova dinâmica ao sistema financeiro e de ajustar o quadro da política monetária às transformações jurídico-institucionais, o Banco de Moçambique vem encetando reformas estruturais, promovendo a adequação da legislação com vista a abrir-se o mercado financeiro a investidores privados nacionais e estrangeiras.As reformas visam também proporcionar um ambiente favorável ao desenvolvimento de produtos e serviços diversificados e a incentivar a expansão dos balcões e dos serviços financeiros às zonas rurais. O vice-governador do Banco de Moçambique falava durante a conferência “Conheça e use o financiamento às pequenas e médias empresas”, evento recentemente promovido, em Maputo, pelo jornal Negócios e pelo IPEME.Na ocasião, Pinto de Abreu frisou que os resultados da reforma são visíveis e consolidam-se ano após ano, ilustrando tal facto com a evolução do número das instituições a operar que passou de apenas três bancos em 1992, para um total de 21 presentemente, com 529 agências ou balcões licenciados, dos quais 502 já em operação.Disse, ainda, a título de demonstração, que há seis anos apenas 28 distritos tinham agências bancárias, perfazendo 274 balcões. Hoje, para além de bancos, existem oito microbancos, sete cooperativas de crédito, 11 de poupança e empréstimo, 202 de microcrédito e 1 instituição de moeda electrónica com mais de 3.000 agentes espalhados pelo país.“Temos a consciência de que o crédito bancário desempenha um papel importante no desenvolvimento do sector empresarial de um país e nenhuma economia pode sobreviver à margem da banca. Na verdade, o crédito possibilita a aquisição de meios de produção, matérias-primas e contratação de mão-de-obra, ou seja, ajuda a provocar a transformação do capital líquido em capital fixo ou meios de produção”, frisou.Reconheceu que as políticas tendentes a manter a inflação baixa e a trazer as taxas de juro para níveis comportáveis por si sós podem não resolver o problema. Para o vice-governador do Banco de Moçambique, coloca-se também a questão da dimensão do mercado encarada em duas perspectivas - por um lado, o tamanho do mercado de crédito com impacto real e capilar para a economia e, por outro lado, a capacidade dos operadores do mercado acompanharem as necessidades crescentes duma economia em franco desenvolvimento.
“O primeiro aspecto prende-se com a tendência à dolarização que se tinha mostrado praticamente irreversível até meados da década passada - os bancos preferiam fazer operações de crédito em moeda estrangeira, diminuindo assim o tamanho do crédito em moeda nacional; os agentes económicos com projectos elegíveis optavam por obter crédito em moeda estrangeira alegadamente por enfrentarem custos mais baixos e mais previsíveis”, referiu.Recordou que viveu-se, no país, anos de crédito em moeda estrangeira superando significativamente o crédito interno em moeda nacional - era a armadilha da dolarização, tomando conta dos balanços da banca nacional.

Aumento de crédito induz redução de juros


Maputo, Segunda-Feira, 22 de Abril de 2013:: Notícias
 
O vice-governador do Banco de Moçambique afirmou também que um dos resultados da desdolarização da economia é o do volume de crédito em meticais que passou a constituir-se a parte mais importante do activo interno dos bancos. Explicou que com o crescimento da disponibilidade de crédito se concorre também para a redução das taxas de juro. Como resultado ainda, a propensão dos bancos em se especializarem no crédito em moeda estrangeira reduziu de 42 por cento em 2003 para 24 por cento em 2012.Do mesmo modo, a percentagem de bancos especializados em promover a captação de depósitos em moeda estrangeira reduziu de 33 por cento em 2003 para 14 por cento em 2012. No mesmo período, o capital dos bancos subiu consideravelmente para que possam continuar a alavancar uma economia em crescimento constante. Reconheceu que com inflação em níveis controláveis,  ficam criadas condições para taxas de juro mais atractivas, condição indispensável para a promoção da poupança financeira, e consequentemente o aumento do volume de recursos disponíveis para o financiamento ao sector privado.“Entendemos que taxas de juro realistas em níveis adequados tornam também os projectos mais competitivos, mais rentáveis, mais bancáveis, e deste modo, se assegura o estímulo ao investimento produtivo”, frisou Pinto de Abreu.Acrescentou que uma política monetária orientada para inflação baixa promove uma maior eficiência na alocação e distribuição do rendimento na economia, para além, de contribuir para o combate à pobreza, seja por via do aumento do investimento como pela protecção do poder de compra das pessoas menos favorecidas. “Dito por outras palavras, assumimos que uma inflação baixa reflectindo estabilidade macro-económica é condição fundamental para propiciar um ambiente favorável ao florescimento da actividade económica, é um incentivo ao estabelecimento de negócios duradouros e rentáveis”, considerou.Entretanto, Pinto de Abreu disse que a conferência “Conheça e use o financiamento às pequenas e médias empresas” ocorre numa altura em que a conjuntura económico-financeira global ainda permanece incerta e instituições financeiras de outros espaços geográficos continuam em situação de turbulência ou inactividade.No entanto, em Moçambique, assiste-se a uma grande mudança na estrutura económica e produtiva, induzida pelos grandes investimentos e início da exploração de recursos minerais, com destaque para o carvão e o gás." FONTE JORNAL NOTICIAS.

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