sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

EMPREENDEDORISMO, UM EXEMPLO DE CABO DELGADO MOÇAMBIQUE

"CABO DELGADO: Um sucesso em ângulo giro!O empresário que hoje explora os centros sociais da Cruz Vermelha de Moçambique (CVM) e da direcção provincial das Obras Públicas e Habitação, dono duma parcela de 12 hectares de terra onde fez uma machamba de diversas culturas, em Miéze, distrito de Metuge, (antes foi empregado do “Take Away Pemba”, depois da Pastelaria Flor D’Avenida), nunca sonhou ser patrão que hoje é, empregando 15 concidadãos.Maputo, Sábado, 14 de Janeiro de 2012:: Notícias Provavelmente esta pode ser uma pura novidade para os membros do governo provincial, os administradores distritais e demais individualidades que nos intervalos de sessões, principalmente no Centro Social das Obras Públicas, adstrito à sala de conferências, frequentemente usada para reuniões do governo provincial, e não só, tomam o café em lanches preparados e organizados por este moçambicano, de seu nome completo, Ferreira dos Santos Ovira. Santos nasceu em 1970, no distrito setentrional de Namuno, tendo estudado até à 9ª classe, concluída já na cidade de Pemba, depois do que não teve mais “pernas para andar”, impossibilitado pelas precárias condições financeiras familiares.Eis que decide empregar-se, em 1994, no famoso “Take Away- Pemba”, uma espécie de cartão-de-visita da cidade, sobretudo ao tempo de que estamos a falar e, durante 10 anos, ficou conhecido como o Santos, ao lado dos seus colegas que ainda lá continuam a trabalhar.“O salário não chegava para ajudar-me em quase nada, ganhava os actuais 750,00 meticais e decidi procurar um outro lugar, que calhou ser a Pastelaria Flor D’Avenida, já em 2005, onde passei a ganhar 2.500,00 meticais”- explica Santos Ovira.Em 2007, segundo o nosso entrevistado, uma brasileira contactou-lhe, ainda na “Flor D’Avenida”, para que fosse trabalhar para ela, num Centro Social da CVM, por si gerido, na mesma avenida.Apresentou reservas, em princípio, mas descobriu que era possível trabalhar nos dois lugares, usando os dois turnos, pois, durante o dia poderia estar na “Flor D’Avenida” e, à noite, no Centro Social da Cruz Vermelha.“Mais tarde, tendo em conta a oferta, que ia até 4.000,00 meticais, decidi deixar a “Flor D’Avenida”, diga-se, de forma amigável, porque se tratava de deixar um patrão que muito fez para o meu aperfeiçoamento, através de muitos cursos que me ensinaram o muito que hoje faço e os meus clientes gostam. Mas tive que exigir garantias para além do salário”, disse Santos, com algum orgulho. DE EMPREGADO A PATRÃO. Em 2008, a brasileira que era a patroa de Santos viaja sem se ter despedido, mas, telefonicamente, disse a ele que nunca mais voltaria. Disse-lhe também reconhecer as suas qualidades e que se quisesse poderia ficar a explorar o centro social, podendo seguir os trâmites normais junto da Cruz Vermelha.Não se fez de rogado, requereu a exploração do centro, tendo reunido com os seus colegas que concordaram com a ideia, pois, a eles interessava apenas a manutenção do emprego. “Comecei a dar os primeiros passos, encontrei nos meus colegas uma colaboração firme e a crítica dizia que estava no bom caminho. Mesmo o governador, cujo palácio é vizinho do centro social, vinha nas noites com a família tomar um café e deixava elogios que me encorajavam”, explica o nosso interlocutor.Entretanto, chegou aos seus ouvidos um anúncio, via rádio, que lançava um concurso para a exploração do Centro Social das Obras Públicas e Habitação. De novo foi à luta e acabou ganhando a peleja. Isso em 2009 e no ano seguinte começa a explorá-lo.Hoje, os dois centros, por serem mais procurados para reuniões e seminários, estão permanentemente a servir lanches, por terem contíguas salas de conferências, das mais concorridas da cidade de Pemba.Santos Ovira tem nos dois centros 15 trabalhadores (oito nas Obras Públicas e sete na CVM), a quem paga pontual e mensalmente o salário mínimo estabelecido pelo governo de Moçambique.No mandato de Agostinho Ntauale, segundo conta, pediu um terreno que não lhe foi cedido para construir “qualquer coisa”. Teve que viajar para Miéze, cerca de 20 quilómetros à entrada da cidade de Pemba, onde construiu uma pequena pensão que, entretanto, não está a conseguir mantê-la.Pediu algum empréstimo no âmbito dos “sete milhões”, mas não foi elegível por mais de dois anos, acabando por sair dentro das suas prioridades. Trata-se de um sonho que não morreu, segundo nos afiança.“Mas, actualmente, não consigo manter o projecto em pé porque, para além dos dois centros, que são a prioridade pela sua importância e por envolver pessoas a quem não devo falhar pagar salário, tenho mesmo em Miéze, uma machamba de 12 hectares, que devo alimentar”, justifica Santos Ovira.A terminar, a nossa fonte, em face da nossa pergunta disse modestamente que não há fórmulas mágicas para procurar a vida, não sabia que chegaria aonde chegou, mas tem a certeza de que o inconformismo, a persistência e a determinação, podem fazer parte duma caminhada como a sua, que diz não ter terminado. Na verdade, os seus admiradores classificam-no como um sucesso de um ângulo de 360 graus, giro! PEDRO NACUO" Fonte Jornal NOTICIAS.

Sem comentários:

Enviar um comentário