quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

TRIATOMAS, DiÁSPORA CABO - VERDIANA, MESTRE JAILSON FERNANDO BRITO QUERIDO, O ESTILO QUE SEMPRE BEM NOS HABITUOU A PROFISSIONAL E JORNALISTA OTILIA LEITÃO SEJA A PARTIR DE MOÇAMBIQUE, CABO VERDE, PORTUGAL OU DONDE QUER QUE SEJA

"OPINIÃO. A SEMANA :Postal de Lisboa. 26 Janeiro 2012 . Diz ser urgente uma rede cabo-verdiana de cientistas na diáspora, certamente consciente de que todos os indicadores futuros apontam para um “mercado” de caça aos talentos e competências. O seu avô José de Brito, que não conheceu mas de quem sempre ouviu estórias da sua peculiar curiosidade sobre doenças tropicais, ficaria orgulhoso porque este seu neto, Jailson Querido, um cientista na acepção restrita, filosófica e moderna, foi distinguido com o Prémio Oscar Muscio de investigação científica, na sua edição de 2011, pelo trabalho "Desenvolvimento de técnicas imunoquímicas e moleculares para a detecção do Triatoma vírus (TrV) em amostras humanas e animais”. É o primeiro cabo-verdiano. Foi o único da equipa da rede portuguesa. Deu um contributo para provar que o vírus “Triatoma”, o mais importante vector responsável pela “doença de Gaspar” causada pela infecção com o protozoário “Triponomos Cruzy” não se replica nas pessoas nem em animais. Os triatomas podem usar-se como ferramenta no controlo biológico da doença.De Otília Leitão. Jailson Fernando Brito Querido dedicou este trabalho que lhe conferiu o grau de mestre com dezanove (19) valores na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, ao seu avô, fonte da sua inspiração escrevendo: se ele tivesse tido as mesmas oportunidades que hoje estou a ter, os voos dele teriam sido bem maiores que os meus”.O bioquímico, 27 anos, que teve como arguente, (o que faz perguntas difíceis e às vezes provocatórias), o professor espanhol Diego Guérin, presidente da “RedTrV”, verá o seu trabalho publicado na revista científica internacional “Virulogy”.O jovem investigador, terceiro filho de uma família de seis irmãos e irmãs, prepara-se para viajar, em Março, para a Argentina, uma das zonas endémicas, para experienciar novos conhecimentos da doença, depois de ter pesquisado na área na Colômbia.A doença para a qual ainda não existe vacina, transmite-se por um insecto a seres humanos e a mais de 150 espécies de animais domésticos e ainda mamíferos selvagens. Estima-se que entre 16 a 18 milhões de pessoas estão infectadas pela doença também conhecida por “tripanosomíase Americana”, transmitida pelo insecto vector triatomíneros e que se regista em 21 países endémicos.Na sua pesquisa, com o apoio do Instituto de Higiene e Medicina Tropical de Lisboa, Jailson trabalhou sobre soros de pessoas do Brasil, Cuba, e Portugal que tinham sofrido a “doença de Chagas” e de portugueses que nunca a tiveram. Ela afecta sobretudo os órgãos vitais.O controlo vectorial é a principal forma de debelar a doença que esteve durante muitos anos confinada apenas a regiões pobres e rurais da América Central e do Sul. O recente influxo migratório a partir de regiões endémicas para o resto do mundo, tornou o problema importante em saúde pública não só nos Estados Unidos da América como Canadá e vários países europeus nomeadamente a Espanha. Tem o nome do investigador brasileiro que a descobriu, Carlos Chagas, em 1909.Jailson é um jovem investigador com quem se estabelece um diálogo empático, quer em português quer em inglês que aperfeiçoou em resultado da obrigatoriedade de analisar documentos científicos de origem anglo-saxónica. Gosta de ser “livre no pensamento e na expressão de ideias”, por isso assume não gostar de disciplinas partidárias. Apoiou, como independente, a candidatura presidencial de Jorge Carlos Fonseca “por acreditar nele”.Aliás, foi enquanto um dos elementos participantes na dinamização da campanha para a eleição presidencial que conheceu melhor os bairros periféricos onde se concentram bolsas de cidadãos cabo-verdianos, trabalhadores para o tecido social português. E, nesse sentido, admite que antes não imaginava o quanto muitos cidadãos trabalham e vivem em condições precárias. Agora tem um novo olhar sobre a imigração e observa que no Centro de Emprego da sua zona, há filas de gente de origem africana que perdeu o trabalho porque as empresas estão a fechar.Frequentador da Tertúlia Crioula, espaço de debate de jovens investigadores criado há dois anos, Jailson ou “Jai” para os amigos, integra a equipa dos seis membros da nova coordenação que estreia o modelo a 4 de Fevereiro, na Associação Cabo-verdiana de Lisboa. Considera-a uma das realizações mais interessantes que proporcionou aos universitários cabo-verdianos discutir temas importantes da actualidade de Cabo Verde, expressando as suas opiniões e esboçando os seus contributos.Fixou-se em Portugal há seis anos para cursar a universidade e optou por Bioquímica Médica depois de goradas as tentativas de seguir medicina por falta de vagas e de experimentar outros cursos para os quais não se sentia vocacionado. Sempre trabalhou para ajudar os seus pais a pagar as despesas com o seu estudo e continua a fazer investigação no Instituto de Higiene e Medicina Tropical, e dar aulas de matemática a outros jovens na zona da Amadora.O prémio foi atribuído por unanimidade por um júri da “ Rede Ibero Americana para el Estudio del Estudio del Control Biológico de Triatominos Transmissores de Chagas (RedTrV)” , um consórcio ibero-americano, constituído por cerca de 30 grupos de investigação provenientes de 16 países, nomeadamente de Portugal, Espanha, França, Brasil, EUA, Colômbia.A distinção é estímulo para Jailson prosseguir com o doutoramento e procurar, quem sabe... catapultar no futuro, a investigação científica cabo-verdiana para o mundo. Notas:1. A nova embaixadora de Cabo Verde em Portugal, sobre a qual há muitas esperanças por ser a primeira mulher a desempenhar o cargo e pela diferença que isso possa representar, ainda não se apresentou às forças vivas da comunidade. Chegou, apareceu numa festa popular e participou nuns jantarzinhos privados que, logo nota deles aparece no facebook .Voltou a Cabo Verde. Mas que teimosia a minha em imaginar que seria diferente no modus operandi? Apresentar-se-ia à comunidade, num encontro deliberado, mostraria os seus objectivos para o mandato, aproximar-se-ia dos cidadãos...
2. A propósito do desemprego e o seu aumento, encontrei um pormenor curioso: O primeiro recenseamento sobre os desempregados e as condições da crise de trabalho em Portugal ocorreu em 1931 e nele se falava numa “crise económica na Europa” onde a Alemanha era o mais afectado com cinco milhões de desempregados. A França já tinha um milhão. Na altura havia em Portugal 36 mil desempregados para uma população activa de 4 milhões. O autor do artigo (in Boletim da Previdência social nº23) J. Francisco Grilo, dizia então: “ “Se muitos homens não dispõem para viver mais do que o potencial do seu trabalho duas conclusões se impõem: organizar a economia nacional de forma a terem trabalho os trabalhadores, e a regulação e a organização do trabalho por forma a que o salário permita aos trabalhadores viver!”.otilia.leitao@gmail.com .Fonte Jornal A SEMANA DE CABO VERDE.

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