quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

DOURO VINHATEIRO - REGIÃO DE PORTUGAL COMEMOROU 10 ANOS DE PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE; ESTA REGIÃO DO NORTE DE PORTUGAL É ÚNICA NO MUNDO: PELAS PESSOAS, PELO VINHO DO PORTO, PELOS VINHOS MADUROS BRANCOS E TINTOS, VELHOS E NOVOS, PELO AZEITE, PELA AMENDÔA, PELA CASTANHA, PELOS PESSEGOS, PELA BATATA, PELOS ENCHIDOS, PELA PAISAGEM E NATUREZA IMPARES, VISITE-A, FICA O DESAFIO!!!

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Classificado como Paisagem Cultural Evolutiva e Viva pela UNESCO, a 14 de Dezembro de 2001, o Alto Douro Vinhateiro é hoje um lugar marcado por contrastes. Houve investimento, potenciando o turismo e a projecção internacional. Há, porém, a crise que afecta a vitivinicultura, a principal actividade económica da região. Dez anos após a classificação, ouvimos algumas das vozes da região demarcada mais antiga do mundo. Ana Clara . quarta-feira, 14 de Dezembro de 2011O 10.º aniversário do Alto Douro Vinhateiro enquanto Património da Humanidade comemora-se num ambiente económico difícil e ensombrado pela possibilidade de o título poder vir a ser retirado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), devido aos impactos que advêm da construção da barragem de Foz Tua. Desde a entrada de Portugal na União Europeia (UE), em 1986, e através do acesso a fundos comunitários, a Estrutura de Missão do Douro (EMD) informa que a região recebeu, no espaço de 20 anos, até 2006, cerca de 2,5 mil milhões de euros. Verbas estas aplicadas no turismo e na cultura bem como no desenvolvimento do território. Já no Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), o Douro obteve, desde 2007, cerca de 440 milhões de euros, com uma comparticipação comunitária de 322 milhões de euros. No que respeita ao investimento privado, a mesma entidade refere valores de 46 milhões de euros, ao nível do turismo.Ricardo Magalhães, chefe da EMD, diz ao Café Portugal que «todo este investimento desenvolveu a região. Para além de vários empreendimentos turísticos, registaram-se investimentos culturais, sobretudo ao nível da criação de espaços museológicos e urbanizados». Mas também a nível das vinhas, frisa, «vimos nascer muitas adegas novas e melhorias noutras. Entre 2006 e 2010, na área de reconversão da vinha duriense, houve um investimento de 34 milhões de euros», garante. António Martinho, presidente da Entidade Regional de Turismo do Douro, corrobora a mesma opinião. A região «ganhou muito» com a classificação da UNESCO. «Investimento público e privado, notoriedade, capacidade de atracção, o que levou a um aumento muito significativo de turistas e de visitantes. A taxa de ocupação em alojamento turístico, em Setembro de 2011, atingiu os 68,6% ao fim-de-semana e 45,7% nos dias úteis, cifrando-se a taxa de permanência em 1,7, quando em 2001 era 1,4», sustenta. Aquele responsável adianta que, em 2004, foi aprovado um Plano de Desenvolvimento Turístico do Douro, objecto de alguns ajustamentos em 2007. «Entretanto, criou-se a Estrutura de Missão para a Região Demarcada do Douro, o que tornou possível iniciar-se o processo de criação de instrumentos importantes de promoção e divulgação do destino Douro. Definiram-se prioridades e arrancaram alguns projectos quer da iniciativa de entidades públicas, quer privadas», salienta.António Martinho refere, a título de exemplo, «o processo de simplificação e desburocratização da administração local, tendo-se iniciado um processo de requalificação de vilas e cidades, melhoraram-se cais no rio e lançaram-se novos projectos». «Construiu-se o Museu do Douro e abriram-se alguns dos seus núcleos, como o Museu do Imaginário em Tabuaço. Abriu também o Museu do Côa, como Centro Interpretativo do Parque Arqueológico do Vale do Côa», recorda. No que respeita a investimentos privados, António Martinho destaca a valorização na oferta hoteleira. «Existem hoje três unidades de 5 estrelas, nove unidades de 4 estrelas e cinco unidades de 3 estrelas, com várias reconversões para qualificar ainda mais a oferta», afirma. «Várias Quintas abriram-se aos turistas, quer com alojamento, quer em actividades de enoturismo». «O número de camas ronda as 3100 e há mais de 500 em construção em novos projectos. Aumentaram os barcos a operar no rio, tendo-se desenvolvido o cruzeiro em barco-hotel. Surgiram empresas de animação, que desenvolvem actividades de apoio ao turista. Organizaram-se eventos-âncora de cariz cultural, tais como o Douro Film Harvest, o Festival das Aldeias Vinhateiras, o Festival de Gastronomia, já na 3ª edição», enumera.Para António Martinho, a região pode ainda crescer mais «na coesão e na unidade dos actores» mas ressalva que «ainda há um caminho a percorrer». «Há um espaço de crescimento claro na animação que leve a uma maior permanência dos turistas na região e que passa pela formação de empresas e organização de eventos. No Douro Superior, na zona a montante do Cachão da Valeira, é indispensável que sejam aprovados projectos para a instalação de unidades hoteleiras. Também no domínio dos operadores incoming se mostra absolutamente necessário crescer. A marca Douro começa a ser reconhecida em alguns mercados internacionais. Mas tem de se aumentar a sua promoção e divulgação. Nomeadamente em mercados ligados ao consumo de Vinho do Porto», frisa.Risco de desclassificação: Mas a crise económica que o país atravessa também está a deixar marcas profundas no Alto Douro Vinhateiro. E o perigo da desclassificação é tema preocupante para alguns autarcas da região, sobretudo depois de ter sido público um relatório de Junho passado elaborado pelo ICOMOS, um grupo técnico da UNESCO, e que refere que a barragem de Foz Tua poderá vir a ter «um impacto irreversível» e ameaça o valor excepcional universal [que é o fundamento da classificação da UNESCO]». O mesmo documento sublinha ainda que o Estado português não adoptou todos os procedimentos a que está obrigado perante a UNESCO no processo de análise e aprovação do projecto da barragem.O presidente da Câmara de Vila Real, Manuel Martins, mostra-se preocupado que «o desenvolvimento de toda uma década» seja agora colocado em causa por causa da Barragem de Foz Tua. E recorda que o Estado português é «o máximo responsável» pela preservação da região e considera que são «muitos os organismos envolvidos na gestão do território». «Há uma dispersão de competências, que vai desde o Ministério do Ambiente ao da Cultura», afirma, reconhecendo, porém, que se registaram desenvolvimentos na região na última década, ao nível do turismo. José António Santos alerta ainda para «alguns crimes contra a paisagem, como construções dentro da área classificada e outras que têm sido feitas mesmo ao lado das vinhas». O presidente da Câmara de Lamego, Francisco Lopes, é outro edil que se mostra preocupado com a possibilidade de a região perder o título de património da Humanidade. Fala de problemas de gestão do território e defende a criação de uma entidade única de gestão. «É fundamental potenciar a marca Douro. E, sinceramente, desde que a região é património mundial, não se notou nem aumento de turismo nem as vendas do vinho subiram, como todos esperávamos. Por isso é fundamental ter uma gestão integrada que abarque, de forma directa, todas as valências da região». Combater a desertificação e o envelhecimento: Alfredo Mendes, jornalista durante mais de 30 anos, conhecedor profundo do Douro e autor dos livros «Cávado - Rio Lindo», de «Café Âncora d´Ouro - Piolho - Um Século de Vivências», e «Porto - Naçom de Falares», considera que o principal privilégio da classificação da UNESCO respeita a «uma maior notoriedade internacional», para além do «prestígio inerente à outorga». «O que se torna assaz relevante em termos turísticos e culturais, para além de ter sido reconhecida uma paisagem evolutiva e viva que a força do homem escalavrou. Em simultâneo, essa consagração reflecte uma responsabilidade. A saber: defender e valorizar o património herdado, o seu carácter, a sua autenticidade», adianta.O escritor refere que o estatuto «estimulou, de forma determinante, a construção do Museu do Côa, do Museu do Douro, dividido em vários pólos temáticos, e o desencadear de múltiplas iniciativas de cunho cultural que têm visado vivificar uma área tão bela quanto sofrida».Contudo, frisa que neste território «continua a pontificar um atávico subdesenvolvimento, uma clamorosa desertificação, um acelerado envelhecimento populacional». E exemplifica: «o poder de compra, em alguns concelhos, é de 40% da média nacional. Ou seja, frio, insensível e sobranceiro, o poder central despendeu avultadas verbas em grandes empreendimentos, vulgo acessibilidades, sem cuidar da criação de emprego que fixasse a população. Um equívoco que o criminoso abandono da agricultura, do universo rural, mais veio aprofundar».Alfredo Mendes sublinha que por enquanto, as vantagens do Douro têm sido um «filão» para grandes investidores do vinho do Porto, «regra geral multinacionais, e absorvidas por operadores turísticos sediados no Porto, ligados a cruzeiros fluviais que pouco têm valorizado as localidades durienses. É que os visitantes são "canalizados" das embarcações para as quintas, sem praticamente poderem contactar com os naturais e o seu comércio e os seus produtos. Este, o desabafo geral de quem ainda vive nas aldeias, vilas e cidades de pequena e média dimensão», lamenta. E não tem dúvidas: «a maior, a mais singular riqueza da região é a sua própria identidade. A sua memória, a sua orografia, os seus colossais socalcos, o seu clima, a sua Natureza, a sua história que remonta aos celtas, romanos, suevos, visigodos, mouros, judeus, cristãos e, até, galegos. É o seu rude bucolismo, a sua maneira de ser e de labutar que podemos folhear nas obras de Miguel Torga, Alves Redol, João de Araújo Correia, Manuel Mendes, António Cabral, Sousa Costa, Domingos Monteiro. Exaltada, a sacralização da terra, o seu simbolismo cósmico, o esforço humano em torno do arado, da enxada, da vindima, dos barcos rabelos», descreve.E termina, dizendo que «o Douro deve regressar à agricultura - a sua preciosa fonte de rendimento. Terá de continuar a investir nos vinhos de mesa, nos Vinhos de Quinta, na agro-indústria e no enoturismo, no turismo sénior e de idosos, porquanto os visitantes são oriundos da classe média-alta, entre os 35 e os 65 anos». «Ao dispor, as caminhadas, a caça e a pesca, a gastronomia tradicional, a preservação dos monumentos, a rota da amêndoa, do azeite e dos pombais, a vitalização do tão vilipendiado caminho-de-ferro, inaugurado em 1870 e que em qualquer País civilizado mereceria um tratamento decente, a recuperação das estações e dos complexos termais, dos moinhos de água, dos lagares de azeite, dos fornos comunitários, das habitações rurais, das calçadas romanas, dos atalhos, dos miradouros».Alfredo Mendes realça que é urgente colocar no terreno medidas de ordenamento e gestão do território e de qualidade e valorização ambiental. Urge instituir efectivas regras urbanísticas, combater mamarrachos, negócios fáceis e especulativos que desvirtuam o meio ambiente e a realidade durienses». E sobre a polémica gerada pela construção da barragem de Foz Tua, considera que esta «vem evidenciar quanto predadores e ilusórios constituem certos mega-projectos». «Nos últimos anos assiste-se ao impune derrube de antigos muros de xisto - pilares na conquista do estatuto Património da Humanidade - ao esventrar de montanhas para construção de grandes rodovias que mais acentuam a vontade de abandonar a terra natal, ao pulular de caixotes urbanísticos e de outros atentados sob o invólucro de modernidade e de progresso», afiança. E continua no rol de críticas: «A fantasmagórica ferida aberta na paisagem, no ADN duriense, tal como sucede na Foz do rio Sabor, é um crime de lesa-região, lesa-humanidade. Alega-se que a sua paragem custaria 200 milhões de euros; coloca-se nas mãos do arquitecto Souto Moura uma solução salvífica que disfarce as feições do monstro. Afinal, nada se aprendeu com o tão badalado caso da barragem de Foz Côa, versus gravuras do Paleolítico. Decididamente, no País Vinhateiro, em pleno Vale do Douro, nesse santuário da Natureza, os poderes centrais, as turbinas de grandes interesses teimam em aniquilar a galinha de ovos Douro».Com 25 mil hectares, inseridos na Região Demarcada do Douro, o Alto Douro Vinhateiro engloba 13 municípios, nomeadamente Alijó, Mesão Frio, Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Vila Real, Sabrosa, Carrazeda de Ansiães, Torre de Moncorvo, Lamego, Armamar, Tabuaço, São João da Pesqueira e Vila Nova de Foz Côa. De referir que o Café Portugal tentou obter as posições de Artur Cascarejo, presidente da CIM Douro, do Presidente da Rota do Vinho do Porto, António José Teixeira, e da Liga dos Amigos do Douro Património Mundial, sobre estes dez anos de Património da Humanidade. Porém, todos eles recusaram falar sobre o tema " FONTE CAFÉ PORTUGAL NET, http://www.cafeportugal.net/pages/dossier_artigo.aspx?id=4304

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