PELO menos 550 famílias de diversos bairros da vila-sede do posto administrativo 3 de Fevereiro, distrito da Manhiça, em Maputo, usam fogões melhorados para confeccionar alimentos, uma opção considerada económica e com impacto ambiental positivo.
Os fogões são produzidos pela própria comunidade, numa iniciativa da Livaningo, uma organização da sociedade civil nacional ligada ao desenvolvimento sustentável.
Os utensílios, que segundo estimativas das autoridades baixam o consumo de lenha para além da metade, são feitos de argila misturada com excremento de boi, água e uma erva local, que permite maior coesão do material.
A nossa Reportagem, que na semana passada visitou várias casas do 1.º e 3.º bairros do posto administrativo 3 de Fevereiro, constatou a eficácia dos fogões. A pouca fumaça resultante da combustão da lenha é recolhida por uma conduta feita de um pedaço de chapa de zinco e expelida para o exterior da cozinha.
Ana Manganha, residente do 1.º Bairro e responsável da associação local que dissemina a estratégia, disse que os fogões vêm sendo feitos desde meados do ano passado. Segundo a fonte, eles eliminam fumos, tornando o acto de cozinhar com lenha menos sufocante. Ademais, basta alguns pedaços de lenha para fazer uma refeição.
“Estamos muito gratos pelo projecto e gostaríamos que a Livaningo pensasse numa outra iniciativa para melhorar a nossa vida, tal como o fez com o fabrico dos fogões”, disse.
Acrescentou que só no 1.º Bairro foram já feitos 31 fogões – testemunhámos a construção do 32.º – havendo quase 50 pedidos à espera.
Domingos Pangueia, um dos coordenadores do projecto a nível da Livaningo, disse que para além de 3 de Fevereiro a experiência está a ser replicada em Magude. Na primeira zona pelo menos 550 lares já usam os novos instrumentos, esperando-se que o número cresça, uma vez que muitas famílias apreciam e reconhecem os ganhos.
Um montinho de lenha, que numa lareira acabaria em menos de uma semana, dura quase um mês, para além de que as mulheres viram melhoradas as condições em que cozinhavam, pois já não sofrem o efeito da fumaça.
O programa, em curso desde 2013, tem suporte financeiro da We Effect, uma organização não-governamental sueca. Diamantino Nhampossa, representante daquela organização, disse ter ficado satisfeito com a forma inovadorade cozinhar.
“Estou sensibilizado. Aqui vi mulheres com conhecimento e capacidade de melhorar a vida”, disse, acrescentando que o custo de produção de um fogão é muito inferior ao seu valor, uma vez que reduz a quantidade de fumo, melhora a vida dos utilizadores, minimiza os cortes de lenha e rentabiliza o tempo.
JOSÉ CHISSANO"
FONTE: JORNAL NOTICIAS DE MOÇAMBIQUE.
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