Vários peritos que participam na Abu Dhabi International Petroleum Exhibition and Conference (ADIPEC 2014), um evento actualmente em curso nos Emiratos Árabes Unidos, partilham a ideia de que o gás natural já deixou de ser o enteado dos hidrocarbonetos.
Falando a John Hughes , da AIM, à margem da ADIPEC 2014, uma das maiores feiras de petróleo e gás, fora dos Estados Unidos, o presidente da empresa francesa “Strategies et Politiques Energetiques”, Francis Perrin, disse que efectivamente nos últimos 20 anos o gás natural ganhou muitas vantagens em relação ao petróleo.
Em particular, destaca-se o facto de ser o combustível fóssil mais limpo e cuja procura aumenta com o crescimento da economia mundial.
No mês passado, a Ministra dos Recursos Minerais, Esperança Bias, revelou que em apenas cinco anos de exploração na bacia do Rovuma as reservas conhecidas de gás natural dispararam de cinco para mais de 200 triliões de pés cúbicos. Antes destas descobertas, sabia-se apenas da existência de gás natural no sul da província meridional de Inhambane.
Os operadores das duas concessões do Rovuma, nomeadamente as empresas norte-americana Anadarko e a italiana ENI, estão actualmente a elaborar planos para a construção de unidades de produção de Gás Natural Liquefeito (GNL) que irão baixar a temperatura do gás natural até atingir o estado líquido, de modo a facilitar o seu transporte para os mercados do mundo inteiro.
Os depósitos descobertos até agora indicam que existe gás em quantidade suficiente para as duas companhias construírem pelo menos 10 unidades de produção de GNL, com uma capacidade individual para produzir anualmente cinco milhões de toneladas.
Contudo, o seu custo poderá atingir a cifra astronómica de 80 biliões de dólares. Além disso, a ENI está projectando uma plataforma flutuante de GNL (FLNG) para uma produção adicional de dois milhões de toneladas por ano.
Estes projectos poderão começar a funcionar antes do fim da presente década. Depois do início de actividade irão certamente colocar o país na lista dos maiores exportadores mundiais de GNL, ou seja, na mesma liga que o Qatar e a Austrália.
Perrin anotou que os projectos para a exploração de gás natural em Moçambique surgem numa fase muito difícil, devido a uma grande abundância de gás natural no mercado internacional, prevendo-se ainda que vários outros projectos deverão iniciar as suas operações ao longo dos próximos anos.
Advertiu que, brevemente, deverá iniciar a exploração de vários depósitos de gás muito grandes em algumas regiões do mundo, incluindo na Tanzania, Angola, Chipre, Israel, Qatar e Austrália.
Além disso, as previsões indicam que o gás de xisto deverá tornar-se numa das fontes energéticas mais importantes nos Estados Unidos e noutros países.
Além disso, as previsões indicam que o gás de xisto deverá tornar-se numa das fontes energéticas mais importantes nos Estados Unidos e noutros países.
Contudo, ele afirma que Moçambique possui enormes depósitos de gás natural de excelente qualidade que permite aos investidores olhar para o futuro com uma visão de longo prazo.
A região-chave para a exportação de GNL é a Ásia, e Perrin destaca que Moçambique encontra-se localizado numa excelente posição geográfica para abastecer esses mercados através de rotas marítimas seguras.
Por isso, disse que Moçambique deve continuar a procurar conselhos de outros países africanos que possuem empresas nacionais de hidrocarbonetos com experiência neste sector, para garantir a arrecadação de um quinhão justo das receitas de exploração de gás natural. Perrin cita como exemplo o caso da Argélia, que foi o primeiro país africano a exportar GNL, na década de 1960.
Moçambique também poderá contar com o apoio do Banco Mundial e consultores especializados, que estão disponíveis para ajudar a garantir a assinatura de contratos justos para a exploração de gás natural.
Moçambique também poderá contar com o apoio do Banco Mundial e consultores especializados, que estão disponíveis para ajudar a garantir a assinatura de contratos justos para a exploração de gás natural.
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