CANTORA moçambicana Selma Uamusse estreou ontem no Teatro São Luiz em Lisboa, Portugal, um musical intitulado “Ruínas”, feito a partir de relatos recolhidos num campo de refugiados no Uganda e que tem como cenário um bordel em plena guerra.
A artista de 34 anos, com uma trajectória entre o jazz, música espiritual, gospel e soul, já tinha dado nas vistas, fosse na banda Wraygunn ou a solo, a interpretar Nina Simone ou a dar corpo aos ritmos moçambicanos. Mas neste espectáculo, “Ruínas”, ela arrisca mais porque além de cantar tem também de ser actriz.
“Isto é muito diferente de cantar. Na música estou muito habituada a ser “performace”, mas é uma Selma dentro de muitas “Selmas”, nunca deixo de ser eu e aqui estou a representar um papel. Tive de mudar o paradigma”, conta ao jornal português “Diário de Notícias”.
Para Selma Uamusse, “Ruínas” é acima de tudo um relato de sobrevivência: “Esta é uma peça que fala sobre mulheres e sobre mulheres negras. Não há muitas peças assim”, começa por dizer. “E aqui há um “statement” sobre a força das mulheres, é com isso que me identifico a mulher forte que até nas suas fragilidades consegue mostrar o outro lado”, acrescenta.
Selma Uamusse canta, mas não é a única. Ao seu lado no palco estão, por exemplo, o cantor moçambicano Fernando Nobre (Silk) e o rapper Timóteo Niny (NBC), natural de São Tomé e Príncipe, conhecido por projectos como o “Cais Sodré Funk Connection” ou o “Funk do Boi”. Mais ainda a cantora angolana de gospel e soul Elizabeth Pinard ou Mistah Isaac, cantor, compositor e DJ, também angolano.
O texto foi escrito pela norte-americana Lynn Nottage a partir de relatos recolhidos num campo de refugiados no Uganda, junto de mulheres que foram violadas por militares durante a guerra civil na República Democrática do Congo. Estreado nos Estados Unidos em 2007, o espectáculo valeu à dramaturga o prémio “Pullitzer” em 2009.
Além de estarem na folha da sala do espectáculo, os retratos das seis mulheres cujas experiências pessoais deram origem ao texto de “Ruínas” estarão expostos nas ruas de Lisboa, num percurso entre o Teatro do Bairro e o Teatro São Luiz.
As fotografias foram tiradas momentos depois de elas terem partilhado as suas histórias. O autor das imagens, o fotógrafo Tony Gerber, que é também realizador, foi um dos participantes num debate com o tema “Refugiados de Guerra” que se realizou ontem no Teatro do Bairro, onde o musical “Ruínas” será apresentado numa versão acústica de 20 a 24 deste mês."
FONTE: JORNAL NOTICIAS DE MOÇAMBIQUE
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