"Portugueses rendem-se ao
“boom" da economia moçambicana
“boom" da economia moçambicana
Os empresários portugueses estão rendidos ao “boom"
da economia moçambicana. Acreditam que possa vir a ser uma oportunidade
consistente e uma alternativa aos mercados tradicionais visados pela economia
portuguesa.A economia
moçambicana apresenta uma grande pujança, uma dinâmica aparentemente imparável
e, pelas grandes oportunidades que são noticiadas tem sido alvo de grande
interesse por parte de grandes, médios e pequenos investidores. Na
verdade, o país aparece cada vez mais na rota dos fluxos internacionais de
capitais e é palco de inúmeras manifestações de interesse que vão surgindo um
pouco por todo o mundo. Segundo dados
registados pelo Banco de Moçambique, em 2011 o IDE (Investimento Directo
Estrangeiro) atingiu os USD 2,1 mil milhões e o CPI - Centro de Promoção de
Investimentos de Moçambique, espera atrair nos próximos três anos,
investimentos na ordem dos USD 17 mil milhões. Moçambique e a sua economia
vivem hoje uma forte pressão por parte dos grandes investimentos,
impulsionados, sobretudo, pelos grandes "players" internacionais na
área da extracção de carvão, que preparam a exploração de grandes concessões de
carvão mineral, designadamente a brasileira Vale, a anglo-australiana Rio Tinto
/ Riversdale, a indiana Jindal e dezenas de empresas chinesas, checas,
japonesas, inglesas, etc. A Vale e a Rio Tinto já começaram a extrair e
exportar carvão através do porto da Beira. A Jindal espera iniciar a exportação
de carvão ainda este ano. A linha ferroviária do Sena, que liga Moatize
(Tete) ao porto da Beira, disporá de uma capacidade máxima de 6,5 milhões de
toneladas (t) por ano quando as obras de reconstrução ficarem concluídas. O porto da Beira deve ficar
saturado aos 20 milhões de (entre 5a 10 anos).
O escoamento do carvão é, pois, um
problema por resolver. O potencial de produção da bacia carbonífera do Zambeze
é enorme e há já estimativas que colocam, dentro de 10 anos, a fasquia nos 100
milhões de t por ano, o que exige grandes investimentos no sector dos
transportes, nomeadamente caminhos-de-ferro e portos. Com financiamento da Vale, encontram-se já
em fase de projecto os empreendimentos de ligação de Moatize à linha férrea de
Nacala, através do Malawi por onde poderão, depois de modernizada a linha
férrea, vir a ser escoados cerca de 40
milhões de toneladas por ano, o que implica a construção de um porto de águas
profundas em Nacala.Quando o porto de
carvão de Nacala atingir o seu máximo será necessário encontrar
soluções/investimento para escoar os restantes 40 milhões de t de carvão. Para garantir a colocação do carvão no mercado
internacional, especialmente na China, India e Brasil, cuja tonelada esta a ser
transaccionada a cerca de USD 400 (há 4 anos oscilava pelos USD 90), estes
grandes operadores estão dispostos a montar a logística necessária através do
financiamento de pesadas infra-estruturas de transporte. Sem pretender
antecipar tendências, poderá passar por ai o financiamento das referidas
soluções o que, a verificar-se, abrirá espaço para o lançamento de grandes concursos e/ou convites, direccionados
especialmente ao sector da engenharia e Obras Públicas. Avaliados em mais de
USD 2 mil milhões cada um, estes investimentos estão circunscritos à escala de
grandes multinacionais. No entanto, é mais do que evidente o efeito
multiplicador que estes projectos têm na economia do país e daí a criação de
condições para o aparecimento de oportunidades para inúmeras actividades
paralelas e nalguns casos complementares, em que se destaca o cimento, o coque,
o alumínio e as ferro-ligas. A dinâmica que estas operações estão a gerar na
economia local pressiona fortemente a oferta de habitação, centros de saúde,
escolas e creches. Actividades complementares como a indústria hoteleira, o
comércio, os transportes públicos a agricultura e a pecuária estão também sob
forte pressão. As cidades de Tete, Beira e Nacala têm, a curto prazo, de se
transformar em plataformas logísticas eficientes onde não faltarão
oportunidades de negócio nas áreas das acessibilidades, equipamento urbano e
sectores de apoio como consultoria, serviços de informática, transportes
rodoviários e comunicações. Os
investimentos referidos e a futura dinâmica de exportação de gás natural,
carvão, energia eléctrica e titánio serão determinantes no crescimento da
economia e, seguramente alteraram já e virão a alterar muito mais a estrutura
económica deste país já em evidente processo de transformação." Fonte JORNAL PONTO CERTO.
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