domingo, 28 de maio de 2023

WINSTON CHURCHIL ESTEVE EM MOCAMBIQUE , 31 DE MAIO COMEMORA-SE A ASSINATURA EM 1902 PASSADOS QUE FORAM 121 ANOS A ASSINATURA DO TRATADO DE VEREENIGING DA GUERRA ANGLO BOER NA AFRICA DO SUL.

MUDA Mai 25, 2023  |  Paralelos a Meridião, CRÓNICAS A fuga de Churchill (que mudou o Mundo) No derradeiro ano do século 19 desembarcava no porto da Cidade do Cabo um jovem ambicioso de linhagem aristocrática britânica que como correspondente de conhecido matutino londrino vinha à África do Sul fazer a cobertura jornalística da apenas declarada Segunda Guerra Anglo-Boer. Numa emboscada de comandos Boer ao comboio militar blindado em viagem de reconhecimento na colónia do Natal onde seguia, o correspondente de guerra Winston Leonard Spencer-Churchill foi capturado; rendeu-se ao General Louis Botha (mais tarde Primeiro-Ministro sul-africano) sendo enviado de imediato também por via ferroviária para uma prisão em Pretória, a capital da República Boer do Transvaal. Guerrilheiros boeres durante a batalha de Mafikeng (outubro de 1899-maio de 1900) Volvidas poucas semanas, na noite de 12 de Dezembro de 1899, Churchill logrou galgar um muro de três metros de altura para se pôr em fuga. Guerrilheiros boer em Spion Kop, 1900 Gizado ficava então o preâmbulo de uma carreira política que uma quarentena de anos mais tarde o levaria a obstinado finca-pé contra o renovado poderio militar teutónico, para cinco anos depois ter ficado ditado o destino da Europa e do mundo inteiro de uma forma geral. Com a fuga de Winston Churchill os Boer espalharam cartazes com a aliciante promessa de avultada recompensa pela sua captura, proclamando: ‘Procura-se: vivo ou morto!’ Ao escapar da prisão em Pretória Churchill ridicularizava os comandos Boer, corria o risco de ser abatido ‘à vista’. Ao fim e ao cabo encontrava-se ‘apenas’ a uns 500 quilómetros das fileiras britânicas ou da orla costeira mais próxima. Churchill prisioneiro dos boers na África do Sul Quiz a força do destino, porém, que Churchill – na sua frenética fuga, sem conhecer o idioma Afrikaans falado pela maioria dos locais, quer seguindo vias de Caminhos de Ferro rumo a leste, quer escondendo-se de dia para tentar distanciar-se dos seus perseguidores à noite – acabasse por bater à porta de alguém que por miraculosa coincidência também era de origem britânica; o qual o escondeu na galeria de uma mina de carvão. Em seguida foi levado a esconder-se num vagão de composição ferroviária que transportava algodão com rota marcada para o porto (‘britanicamente’ denominado) de Delagoa Bay (Lourenço Marques, hoje Maputo) na então África Oriental Portuguesa, ou Moçambique – onde Winston Churchill se encontrou finalmente a salvo. Churchill em Lourenço Marques, Moçambique depois da fuga A muito propagada fuga de Churchill serviu de lufada de ar fresco em Londres, numa altura em que para grande consternação britânica as forças Boer registavam vitória após vitória. De Delagoa Bay, a bordo de um ‘vapor’ Churchill seguiu para Durban, onde em apoteose reatou a sua missão de correspondente de guerra. Quando em Junho de 1900 Pretória caíu em mãos britânicas Churchill encontrava-se na vanguarda da libertação dos cerca de 200 prisioneiros de guerra no recinto donde tinha escapado. A sua ambição de enveredar por uma carreira política levou-o a regressar a Londres no mesmo ano, onde granjeava de imensa popularidade. No passado tinha-se gorado a sua candidatura a um assento no Parlamento. Desta feita era bem sucedido! No dia seguinte, Churchill apontava com a sua pêna as seguintes palavras: “Nada, senão a popularidade pessoal granjeada na Guerra Sul-Africana me trouxe aqui”. Estava lançada uma carreira política e militar que durante mais de meio século, tanto chegou ao seu apogeu, como dele se afastou. Em 1953 Winston Churchill recebia o Prémio Nobel de Literatura. Faleceu a 24 de Janeiro de 1965, aos 91 anos de idade. A 31 de Maio de 1902, com a assinatura do Tratado de Vereeniging, chegava a seu termo a Segunda (e derradeira) Guerra Anglo-Boer; faz no fim deste mês 121 anos.

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