segunda-feira, 2 de maio de 2016
MARCELO REBELO DE SOUSA PRESIDENTE DA REPÚBLICA DE PORTUGAL EM DESTAQUE HOJE NA IMPRENSA DIÁRIA DE MOÇAMBIQUE: EM "NOTICIAS" E "O PAIS"
"NOTICIAS" EDIÇÃO DE 2 DE MAIO DE 2016.
- "MARCELO REBELO DE SOUSA VEM PELO FUTURO", "O EMBAIXADOR DE PORTUGAL EM MOÇAMBIQUE, JOSÉ AUGUSTO DUARTE, DISSE EM ENTREVISTA AO NOSSO JORNAL QUE MARCELO REBELO DE SOUSA PRESIDENTE DA REPÚBLICA PORTUGUESA, QUE AMANHÃ INICIA UMA VISITA OFICIAL AO NOSSO PAIS, VEM PELO FUTURO E NÃO PELO PASSADO." VEJAM POR FAVOR IMPORTANTE E EXTENSA ENTREVISTA NESTE JORNAL NA PÁGINA 2 COM CHAMADA À PRIMEIRA PÁGINA, DO NOSSO EMBAIXADOR JOSÉ AUGUSTO DUARTE.
" O PAIS" EDIÇÃO DE 2 DE MAIO DE 2016.
"MARCELO REBELO DE SOUSA INICIA AMANHÃ VISITA AO PAIS", IMPORTANTE E EXTENSA NOTICIA NA ÚLTIMA PÁGINA DA EDIÇÃO DESTE DIÁRIO DE HOJE.
EU TENHO É SAUDADES DO FUTURO, JOSÉ GOMES FERREIRA
FONTE: EM VIAGENS DA MINHA LINHA:
domingo
Saudades do futuro
Só tenho saudades do futuro
José Gomes Ferreira
Uma das facetas mais marcantes da nossa cultura -- entendendo por cultura o sistema operativo por cima do qual corre a identidade colectiva e as suas mais profundas aspirações -- é, indubitavelmente, a "saudade", esse mantra lírico e esotérico aplicado sempre que precisamos de explicar aos "outros" porque somos diferentes deles. Como premissa, a saudade coloca-nos numa zona de emoção exclusiva, que não é compatível nem pode ser partilhada. Nascemos na língua -- outra palavra para sistema operativo: a minha pátria é a minha língua -- e isso distancia-nos de todos os outros.
Dando de barato a banalização e o excesso de uso, acredito contudo que a saudade realmente nos habita o modo de ser e nos condiciona os comportamentos e processos de comunicação. Os ingleses dizem "homesick" (literalmente: doente+casa) quando sentem no sangue a ausência do lar, da família ou mesmo da pátria. Ao contrário, a "saudade" tem menos a ver com aquilo de que se sente a falta -- o lar, a família ou a pátria -- do que com a improbabilidade de encontrar aquilo que se deseja. É a ansiedade provocada pela insatisfação. Escreveu Pessoa, um dia, que falta cumprir-se Portugal. Também nós estamos por cumprir. Isso é a saudade.
Quando José Gomes Ferreira disse só ter "saudades do futuro", estava a ser ironicamente paradoxal, já que ambas as premissas significam a mesma coisa: a saudade não refere o passado ou a coisa adquirida; a saudade lamenta a ausência do que nunca se teve e, muito provavelmente, nunca se terá. Em suma, Porque eu só estou bem, aonde eu nao estou; Porque eu só quero ir, aonde eu nao vou, dizia-nos António Variações na sua seminal canção "Estou Além".
Mas, sob pena de repetirmos algumas das noções aqui abordadas mês após mês, que espaço habita a saudade num mundo subitamente holístico (o Ciberespaço ou a Aldeia Global) e por que futuro se espera quando o tempo é simultâneo? Será a nossa cultura compatível com o novo sistema operativo que rege a humanidade ou iremos perder-nos como portugueses?
A saudade é coisa que se começa a acumular algum tempo antes da partida, vai crescendo na distância, e torna-se insuportável no regresso. Mas ora que chegados à Aldeia Global, com os nossos sentidos electronicamente expandidos, a cada momento contactando o todo, tomamos consciência que a telepresença destrói a ausência e a virtualidade substitui o vazio. A comunicação tornou-se possível a todas as horas e substituiu o silêncio.
Chocou-me pensar nisto tudo um destes dias em que, antes de fazer as malas, telefonei a despedir-me de uma pessoa querida que vive no Porto (eu vivo em Lisboa, quando não estou no Ciberespaço). Quase todos os dias, à semelhança do que faço com tantos outros amigos espalhados por esse país fora, converso com ela no talker, no ICQ ou no IRC. E o que me surpreendeu foi isto: objectivamente, não iriamos ficar mais distantes só porque me ia deslocar a um outro país qualquer. Em tempos, Nicholas Negroponte salientou que de Nova Iorque a Newark ou de Nova Iorque a Londres existe uma diferença apenas de cinco segundos… via satélite. À velocidade da luz, a comunicação entre Lisboa e Porto não é muito mais rápida que entre dois pontos quaisquer do planeta. A ausência já é coisa impossível de viver, quando nos aeroportos e nas artérias principais das cidades (quase, mas lá chegaremos) existem computadores com uma ligação à Internet. E, no entanto, continuo a ter saudades. De quê? Só pode mesmo ser do futuro.
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