A CIDADE de Maputo celebra hoje 128 anos da sua elevação a esta categoria. A efeméride acontece numa altura em que ocorrem diversas mudanças sob ponto de vista de estrutura física da urbe, num misto de modernidade e de tradicional.
No que se refere às infra-estruturas, sobretudo na zona de cimento, realçam-se as transformações em curso como o crescimento do parque imobiliário, construção da estrada circular e a requalificação da Avenida da Marginal e áreas adjacentes, o que emprestou um outro ar a esta parte turística da capital.
Os novos edifícios que estão a ser erguidos em diversos pontos, com destaque para o grupo de hotéis e outras infra-estruturas que nascem nas avenidas Julius Nyerere, Marginal e 25 de Setembro, cuja beleza arquitectónica é inquestionável, são exemplos do desenvolvimento da capital do país.
Quem não visita Maputo há cinco anos não reconheceria muitos locais da urbe, tendo em conta as transformações que se estão a operar. As vivendas ainda em estado aceitável de conservação ou em ruínas estão a dar lugar a prédios altos; as casas de pasto estão a ser substituídas por vários outros negócios. Não há espaço que sobre em Maputo.
A construção da estrada circular de Maputo, a reabilitação e terraplenagem de algumas vias de acesso no interior dos bairros são outros exemplos dos esforços que o município está a fazer para melhorar a circulação e mitigar o congestionamento nas principais rodovias.
Entretanto, se por um lado a capital do país está a crescer em termos de infra-estruturas, por outro, ainda há desafios que se colocam às autoridades municipais.
A insegurança desafia as autoridades da “cidade das acácias”. Diariamente são relatados casos de violência, directamente associados a outros problemas como o desemprego, o êxodo rural, os mercados informais que se multiplicam como cogumelos nas principais artérias, sobretudo na zona baixa da urbe, perante o olhar impotente das autoridades municipais.
Parte significativa da população não tem habitação condigna. Grande parte dos citadinos é pobre e vive em bairros com problemas sérios de saneamento, vias de acesso, energia eléctrica de baixa qualidade e propensas a inundações.
Os buracos nalgumas estradas prevalecem, não obstante o esforço notório do Conselho Municipal visando criar mínimas condições de mobilidade dos citadinos e seus bens.
Outro problema da cidade tem a ver com a recolha deficitária de resíduos sólidos. Vários factores concorrem para tal, nomeadamente a escassez de meios, a fraca colaboração dos munícipes que não colocam o lixo nos lugares apropriados e devidamente acondicionado, para além da irregularidade na recolha e negligência dos trabalhadores. A nossa Reportagem constatou que vezes sem conta quando o camião consegue recolher o lixo num ponto em concreto, depois o vai espalhando pelas artérias durante a viagem para a lixeira de Hulene, mesmo porque estes carros não têm lonas.
Em alguns pontos, o lixo não é recolhido durante dois ou três dias nas vias públicas, perigando a vida de milhares de citadinos que questionam a razão de pagar a taxa de limpeza, se ele não é recolhido devidamente. A própria lixeira de Hulene é outro grande desafio da “cidade das acácias”. Ela vai invadindo, paulatinamente, o prolongamento da Av. Julius Nyerere.
Nos bairros suburbanos, a situação é mais dramática. As micro-empresas criadas para recolher o lixo já não o fazem. Em bairros como Chamanculo, Mafalala, Malhangalene e Maxaquene verificam-se frequentemente focos de lixo, tirando a estética e beleza da “cidade das acácias”.
A degradação das vias de acesso em diversos pontos da capital tem estado a preocupar os utentes que várias vezes vêem os seus carros a se danificarem. A Avenida de Angola, na zona do Alto Maé, e a da ONU são alguns exemplos destes factos.
Aliás, na Av. da ONU o município foi obrigado a fechar um troço devido a buracos “teimosos”. O troço entre Expresso e a lixeira de Hulene é outro ponto crítico, cujos buracos danificam as viaturas que por ali passam. Em alguns bairros suburbanos decorre a colocação de saibro nalgumas ruas para melhorar a transitabilidade, mas com a chuva a terra vai-se transformando em lama e as viaturas têm dificuldades de circular.
“My love”: um problema sem solução à vista
Um dos problemas da cidade é a falta de transporte público, cuja solução não tem sido fácil, apesar de algumas acções visando inverter o cenário. Grande parte da população desta cidade viaja em carrinhas de caixa aberta, designadas “my love”, por falta de viaturas adequadas para transporte público.
Porque grande parte dos serviços se encontra no centro da cidade, os cidadãos recorrem a estas viaturas que não oferecem condições de segurança aos utentes. Viajar no “my love” é mais penoso entre mulheres que geralmente são as menos habilitadas para este malabarismo, mas, mesmo assim, têm de se sujeitar a isso porque o objectivo é chegar ao destino, não importando o risco nem a decência do gesto.
Homens e mulheres de proveniências diferentes unem-se em abraços, tudo na busca de segurança, daí o nome “my love”, pois no “chapa” o “amor” não tem fronteira."
FONTE: JORNAL NOTICIAS DE MOÇAMBIQUE.
Sem comentários:
Enviar um comentário