Lucrécia Paco homenageada na altura em que celebra 30 anos de carreira
Distinção teve lugar no Mady’s Events
Foi num ambiente descontraído – marcado por recital de poesia e música acústica – que a figura de Lucrécia Paco, uma das maiores actrizes moçambicanas, foi celebrada.
O tributo teve lugar na tarde do último de ontem, em Marracuene, província de Maputo. Trata-se do evento “Café Debate”, espaço que quinzenalmente acolhe eventos artísticos, rompendo, assim, com os paradigmas a nível da reflexão artístico-cultural, levando o debate à comunidade.
Chico António e Roberto Chitsondzo, através das suas vozes singulares; o jornalista Belmiro Adamugy e Manuela Soeiro foram algumas personalidades que testemunharam o evento e enriqueceram a festa com depoimentos fascinantes.
Na sessão, coube a Belmiro Adamugy falar da obra da homenageada. O primeiro aspecto a ser recordado pelo jornalista é que excepto o irmão, é a pessoa que lhe conhece a mais tempo, partilhou a carteira com Lucrécia Paco. “Nós estudamos juntos na 5ª e 6ª classes lá nos tempos dos troca passos”, justificando, assim, o facto de ter sido eleito para essa nobre tarefa. Adamugy tinha preparado um discurso de cerca de sete páginas, mas o improviso atropelou o protocolo. O que destacou é que “não se pode escrever sobre o teatro moçambicano sem falar da Lucrécia Paco, seria uma heresia e não faz sentido”, disse com um tom confiante.
Para Dionísio Bahule, organizador do Café Debate, Lucrécia Paco é um nome incontornável do teatro moçambicano, por isso mereceu aquele tributo. “Nós quisemos trazer as pessoas com quem ela fez a história, com quem ela faz a vida e que possivelmente fará a vida. A escola por onde passou, a mãe que lhe formou – Manuela Soeiro – e também os irmãos com quem tiveram o mesmo berço”, justifica.
O café-debate da semana passada, denominado “Luz, crença e palco”, é, na verdade, aquilo que significa a figura de Lucrécia Paco.
Esta homenagem não foi a toa. É pelo facto de Lucrécia ser um dos expoentes do teatro. Bahule chama atenção para período consumista que vivemos, onde só temos obra e não arte. Para o jovem, a figura de Lucrécia funde a obra e arte. “Ela é o protótipo de arte e do teatro moçambicano”, concluiu.
Além de palavras de encorajamento e carinho, não faltaram presentes, abraços e mimos. Lucrécia Paco ficou emocionada durante todo o evento, e não era para menos. A actriz recebeu flores e uma tela de pintura que contém o seu rosto. A riqueza das pinceladas decalcou os seus traços e a partir daí poderá ver-se a imagem dela mesma.
Reagindo à distinção, a actriz vê no gesto uma motivação para continuar a trabalhar. “Aceito, recebo, abraço como um acto de encorajamento. Por este gesto, sinto uma grande responsabilidade pelo caminho que tenho de seguir em frente”. São 30 anos de carreira, o mesmo tempo que tem a Companhia Teatral Mutumbela Gogo, o seu berço. Por isso, os seus agradecimentos vão sobretudo a sua mestre Manuela Soeiro e ao Henning Mankell, dramaturgo sueco que trabalhou com Mutumbela Gogo desde a primeira hora.
Nos últimos tempos, a saúde da “Mulher asfalto” ficou debilitada e era difícil vê-la nos palcos. Por vezes, aparecia em eventos públicos e aplaudia os colegas. Contudo, volta à ribalta para o mês, com um desafio: encenar um monólogo."
FONTE: JORNAL O PAIS DE MOÇAMBIQUE.
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