A CAPACIDADE de armazenamento de diversos produtos comercializados poderá atingir até ao final deste ano entre 60 a 70 mil toneladas como resultado da construção, em diversos pontos do país, de infra-estruturas como silos e armazéns.
O facto foi revelado ontem, em Maputo, no decurso de um encontro entre o Ministério da Indústria e Comércio e diferentes intervenientes da cadeia de comercialização agrícola em Moçambique.
Sidónio dos Santos, director do Instituto de Cereais de Moçambique (ICM) e porta-voz do encontro, apontou que, com vista a garantir a eficácia na gestão pós colheita, foram construídos nos últimos anos silos na província de Sofala, em Nhamatanda e Gorongosa, na Zambézia, em Alto Molócuè, em Malema, em Nampula, em Ancuabe, em Cabo Delgado, em Angónia, em Tete, para além de Lichinga, no Niassa. Estão ainda em construção outros silos em Milange, na Zambézia.
Sidónio dos Santos garantiu que a provisão de infra-estruturas melhoradas, quer por parte do Governo central, como das autoridades locais, está a trazer melhorias no processo de comercialização agrícola no país, contudo, reconhece que ainda existem constrangimentos.
Aliás, foi por reconhecer a existência de problemas que o ministério decidiu organizar o encontro de ontem, cujo objectivo principal era a busca de soluções para o processo de comercialização em Moçambique.
O Ministro da Indústria e Comércio, Ernesto Tonela, disse esperar que no final do encontro possam ser encontradas as melhores vias para se estimular o desenvolvimento do agro-negócio, indústria do agro-processamento bem como de outras unidades à jusante e, por consequência, haja o aumento do emprego.
Para Max Tonela, a comercialização agrícola desempenha um papel importante na economia nacional, sendo a principal geradora de rendimento das populações nas zonas rurais, onde a maior parte da população tem a sua vida assente na agricultura.
Os intervenientes no processo de comercialização agrícola presentes no encontro apontaram a falta de qualidade de produtos e as dificuldades de acesso aos mercados, aliados à falta de uma política consentânea de transporte marítimo, como alguns dos problemas que enfermam a comercialização agrícola.
Uma fonte da Higeste, uma empresa que se dedica à produção de rações e frangos, disse que cerca de 70 a 80 por cento do custo da ração provém do milho e da soja, ao que ressalvou que o grande problema de Moçambique é a fraca produtividade por hectare associada à fraca qualidade dos produtos.
Acrescentou que a produção do frango também enfrenta uma grande concorrência imposta pelos informais, cuja maioria comercializa o frango vivo sem pagar impostos e outras taxas impostas aos formais.
Um outro interveniente oriundo de Chókwè, na província de Gaza, apontou as ligações de mercado como o grande problema que os agricultores do regadio do Limpopo enfrentam, sobretudo porque quando a época inicia o produtor não sabe onde vai vender, muito menos o preço que poderá praticar, o que acaba criando barreiras no acesso ao financiamento.
“Ninguém pode conceder financiamento a um agricultor que não sabe onde é que vai colocar a sua produção e a que preço será vendido o produto. A incerteza nos preços não só se faz sentir em produtos como milho, mas também nas hortícolas”, sublinhou a fonte.
Outros intervenientes propuseram a necessidade de se replicar a experiência adquirida na reactivação da indústria açucareira nacional (introduzindo barreiras nas importações) para dotar o país de capacidade que concorrer com os países vizinhos.
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