"Niassa mais iluminada .Actualmente província menos iluminada do país, apenas quatro distritos electrificados – Lichinga, Cuamba, Lago e Mandimba – Niassa é hoje palco de um mega-projecto de expansão de energia eléctrica que, quando terminar no primeiro trimestre do próximo ano, elevará para nove o número de sedes distritais com acesso àquele recurso indispensável para o desenvolvimento socioeconómico. Ficarão seis sem electricidade. Na prática, mais do que levar a electricidade às vilas-sede de Mecanhelas (Insaca), Metarica, Maúa, Marrupa e Sanga, os trabalhos em curso incluem a electrificação de 18 localidades atravessadas pelas linhas, o que resultará na ligação a cerca de 3240 consumidores, à rede nacional. Maputo, Terça-Feira, 28 de Setembro de 2010:: Notícias .A chamada linha sul, que parte da subestação de Cuamba até Insaca, numa extensão de 88 quilómetros, com uma derivação de 17 quilómetros a partir do povoado de Tobue para Entre-Lagos, deverá ser activada em Dezembro próximo. Dados da Electricidade de Moçambique (EDM) garantem que cerca de 1140 consumidores aguardam pela chegada de energia em Mecanhelas e em alguns pontos localizados no seu percurso.De acordo com o empreiteiro, a multinacional Eltel Networks, duas sedes distritais da linha norte, nomeadamente Metarica e Maúa, poderão beneficiar de energia eléctrica igualmente a partir de Dezembro. No primeiro caso o ritmo dos trabalhos deixa claro que o objectivo será alcançado. O terceiro distrito, Marrupa, terá que aguardar, havendo, no entanto, garantias de que terá energia antes do fim do primeiro trimestre do próximo ano.
No geral, a linha norte ou Cuamba-Marrupa possui 235 quilómetros de extensão e prevê a ligação a cerca de 1700 consumidores, entre instituições e singulares, sendo que a maioria destes últimos vive em habitações precárias, o que levou à opção pelo sistema de Quadrelec, um dispositivo composto por contador pré-pago, uma lâmpada e duas tomadas. Ao viajar de Cuamba a Marrupa, tal como a nossa Reportagem o fez há dias, fica-se com a ideia de que pelo menos no primeiro troço até Metarica, os trabalhos estão quase concluídos. Entretanto, Delfim Salimo, quadro da EDM afecto à Direcção de Distribuição Norte e coordenador do projecto de electrificação do Niassa, explicou que ainda falta a montagem do regulador de tensão em Metarica, para além de a linha em si não estar pronta. Há que fazer uma série de correcções, mas até Dezembro, aquele ponto terá energia. Ao que acrescentou, os trabalhos no sentido de Maúa estão bem encaminhados, estando o empreiteiro a desdobrar-se com vista a estabelecer a ligação à sede distrital também em Dezembro, em simultâneo com Metarica. Se Marrupa terá que esperar, a sede de Sanga e o posto administrativo do histórico Unango, poderão ter energia eléctrica muito antes de Dezembro.A linha para Sanga e Unango, com cerca de 40 quilómetros e derivada da que alimenta o distrito de Lago, fará chegar a electricidade a pouco mais de 400 consumidores, de acordo com dados fornecidos à nossa Reportagem. Ao longo do seu traçado, seis aldeias serão igualmente abrangidas.Segundo a EDM, o abastecimento em energia àqueles cinco distritos, agora na sua fase final, devia ter arrancado em Fevereiro de 2008 e terminar em Maio último. Entretanto, devido a problemas de importação dos materiais por parte do empreiteiro, as obras só iniciaram em Janeiro do ano passado. O projecto é financiado em cerca de 88,2 milhões de coroas suecas, pouco mais de 12 milhões de dólares norte-americanos, na altura da assinatura dos contratos.Todos poderão ter energia eléctricaCONSUMIDORES ANSIOSOS .Maputo, Terça-Feira, 28 de Setembro de 2010:: Notícias .OS futuros consumidores de energia eléctrica, cujas linhas de fornecimento ainda estão em construção em cinco distritos do Niassa, estão ansiosos e acreditam que a chegada da electricidade constituirá, certamente, um importante salto na sua vida e das regiões em que vivem.João Alfredo, pescador em Mecanhelas, disse que a falta de energia actualmente prejudica a sua actividade, pois é obrigado a vender a sua produção a um preço mais barato para evitar que sobre, uma vez não havendo condições de conservação.O pescador disse ter dinheiro suficiente para comprar uma câmara frigorífica para a conservação do seu pescado, esperando avançar nesse sentido logo que a energia chegar à vila. Actualmente, salga o peixe e seca-o ao sol ou ao lume, o que nem sempre resulta. Por seu turno, Eugénio Ernesto, vendedor de pescado, disse à nossa Reportagem que parte significativa da sua mercadoria se deteriora devido a dificuldades de conservação, uma vez não haver condições para a instalação de sistema de frio.O mesmo sentimento foi expresso por Pinto Manuel, proprietário da Pensão Ninlam. Manuel está à espera da energia com muita ansiedade, pois acredita que a sua chegada vai diminuir significativamente os custos de operação. Actualmente, o empresário gasta entre cinco e sete mil meticais por mês na aquisição de combustível para a alimentação de geradores de energia eléctrica com a qual ilumina a estância e refrigera as bebidas para os seus hóspedes. Mas mesmo assim, esse esforço só permite ter energia apenas durante seis horas, portanto das 17 às 23 horas.Aquele agente económico admite que com o esforço em curso, os actuais custos de operação vão baixar para a metade.(J. Chissano)MOAGEIRAS À ESPERA.Maputo, Terça-Feira, 28 de Setembro de 2010:: Notícias .Dezenas de agentes económicos da localidade ferroviária de Entre-Lagos estão à espera de energia eléctrica da EDM para o funcionamento das suas moageiras e das máquinas de processamento de arroz produzido localmente.
Ao que a nossa Reportagem apurou, algumas pequenas fábricas de descasque de arroz já se encontram montadas em Entre-Lagos, faltando apenas a energia para a sua activação. Muitos agentes económicos estão a “esfregar as mãos”, pensando nas vantagens do advento da energia eléctrica. Joaquim Afane, um dos produtores de arroz naquela localidade, vai guardando as suas cerca de 10 toneladas do cereal conseguidas na presente época, uma vez ser oneroso processar a sua produção no Malawi, a cerca de 45 quilómetros de Entre-Lagos.Embora reconheça que a zona enfrenta também o problema de estradas, Joaquim Afane considerou a falta de energia como o principal entrave do progresso de Entre-Lagos, onde o anúncio da sua chegada está a animar a população..Delfim SalimoRITMO ANIMADOR.Maputo, Terça-Feira, 28 de Setembro de 2010:: Notícias .DELFIM Salimo, engenheiro da EDM que coordena a electrificação de Mecanhelas, Metarica, Maúa, Marrupa e Sanga, considera que o projecto decorre a um ritmo animador, não havendo dúvidas de que os trabalhos serão concluídos até ao fim do primeiro trimestre do próximo ano.Falando há dias a um grupo de jornalistas que visitou aqueles distritos a convite da fornecedora pública de electricidade, o coordenador disse que a ideia é que a linha sul, que abrange a vila de Insaca e a localidade de Entre-Lagos, bem como as aldeias ao longo do seu trajecto, esteja em funcionamento até Dezembro.Quanto à linha norte, ou seja, Cuamba/Marrupa, há já garantias de que ainda este ano estará a operar até à sede de Metarica, estando agora a EDM a pressionar o empreiteiro para que na mesma altura se lance também a energia para Maúa. O construtor da linha, a Elter Networks, está a empreender esforços com a vista a fazer chegar a energia a Maúa ainda este ano. Quanto à Marrupa, Delfim Salimo disse que o empreiteiro tem já os postes a cerca de 30 quilómetros daquela vila-sede.De acordo com Delfim Salimo, o projecto Sanga encontra-se já numa fase adiantada, prevendo-se que comece a operar em Outubro próximo. Para além das cinco sedes distritais, o projecto de electrificação do Niassa está igualmente a fazer chegar a energia a 18 localidades e aldeias que são atravessadas pelas linhas.Em termos de consumidores, estão previstas cerca de 2840 ligações nas linhas sul e norte, para além de mais ou menos 400 em Sanga e Unango. ENERGIA VAI MELHORAR NÍVEL DE VIDA NO NIASSA
Maputo, Terça-Feira, 28 de Setembro de 2010:: Notícias AS autoridades governamentais dos distritos que estão a ser electrificados prevêem melhorias do nível de vida das pessoas como resultado da chegada da energia eléctrica àquelas regiões. O administrador de Metarica, Domingos Castande, considera “difícil” o estágio actual de vida sem energia, afirmando que sem electricidade não há mecanismos de conservação de produtos frescos, nem se pode pensar no ensino nocturno, o mesmo acontecendo em relação ao funcionamento de locais de entretenimento. “A vida pára quando escurece”, disse.Embora sem precisar, Domingos Castande assegurou que existe no seu distrito e noutros pontos muitos projectos de desenvolvimento socioeconómicos parados devido à falta de energia. “Logo que tivermos energia, vamos investir muito no turismo, tanto através de locais de hospedagem como de entretenimento”, acrescentou.
Devido à falta de energia e por obsolescência dos dois geradores existentes no distrito, Metarica vive às escuras nos últimos seis meses, segundo palavras do respectivo administrador.Serviços básicos, como emissão de Bilhetes de Identidade (BI’s) funcionam verdadeiramente com muita sorte. Alias, quando passamos por aquele ponto do país uma equipa multissectorial, envolvendo a Polícia, membros da Direcção de Identificação Civil e outros quadros do distrito estavam a “lutar” com um dos dois geradores para pô-lo a funcionar numa manhã em que a fila de pessoas para pedidos de emissão dos BI’s já ia longa.
José Chissano" Fonte Jornal Noticias.
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário