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Portugal e Espanha
saúdam empenho africano numa solução para o final dos confrontos em
Cabo Delgado
Ministros dos Negócios Estrangeiros
de Portugal e Espanha realizaram uma reunião de trabalhos sobre situação em
Moçambique e saudaram empenho africano na tentativa de pôr fim ao conflito.
Portugal e Espanha saudaram esta quarta-feira o empenho de países
vizinhos de Moçambique na resolução do conflito em Cabo Delgado e
rejeitaram a existência de incompatibilidades entre as missões de apoio
europeia e africana, por terem natureza diferente.
A situação em Moçambique foi um dos temas da reunião de trabalho que os
ministros dos Negócios Estrangeiros de Portugal e Espanha realizaram esta
quarta-feira em Lisboa, com Augusto Santos Silva a salientar no final que a
missão da União Europeia (UE) no país africano não é de combate.
“É uma missão de apoio e formação e treino militar, não de combate”, disse
o ministro português, ao ser questionado se ainda fazia sentido a participação
europeia, face à presença no terreno de tropas de países vizinhos de
Moçambique.
“Nós, europeus, sempre entendemos que a participação dos vizinhos
de Moçambique era muito importante“, afirmou Santos Silva, que agradeceu ao
seu homólogo, José Manuel Albares, o apoio de Madrid à proposta de Lisboa para
a constituição da missão da UE.
O ministro espanhol também elogiou o envolvimento dos países
vizinhos, que “conhecem o terreno e têm interesse na estabilidade e no
desenvolvimento de Moçambique“.
“O importante é encontrar as sinergias para que Moçambique avance no
caminho que os moçambicanos pretendem”, referiu José Manuel Albares.
Grupos armados aterrorizam a província moçambicana de Cabo Delgado desde
2017, tendo alguns dos ataques sido reivindicados pelo grupo extremista Estado
Islâmico, com um balanço de mais de 3.100 mortos e mais de 817.000
deslocados.
Em 12 de julho, os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE aprovaram a
constituição de uma missão de formação militar em Moçambique para “treinar e
apoiar as Forças Armadas moçambicanas” no “restabelecimento da segurança” em
Cabo Delgado (Nordeste do país).
Comandada pelo general português Nuno Lemos Pires, a força da missão
europeia deverá estar no terreno em outubro.
As Forças de Defesa e Segurança de Moçambique contam, desde o início de
agosto, com o apoio de mil militares e polícias do Ruanda na luta contra os
grupos armados em Cabo Delgado, no quadro de um acordo bilateral entre Maputo e
Kigali.
Além do Ruanda, Moçambique terá apoio da Comunidade de Desenvolvimento da
África Austral (SADC), num mandato de uma “força conjunta em estado de
alerta” aprovado em 23 de junho, havendo militares de alguns países-membros já
no terreno.
Desconhece-se ainda o número de militares que a SADC vai enviar para
Moçambique, mas peritos da organização, que estiveram em Cabo Delgado,
admitiram em abril que a missão deve ser composta por cerca de três mil
soldados.
Além de Moçambique, os dois ministros falaram também sobre a situação na
Venezuela, com Augusto Santos Silva a frisar que Portugal e Espanha trabalham
em conjunto para “facilitar uma solução pacífica e interna” para a
crise em Caracas.
Lisboa e Madrid “apoiam sempre todos os que no campo do regime ou no campo
da oposição procuram o diálogo, procuram um entendimento”, salientou Santos
Silva.
O ministro português disse que a Venezuela vive uma “situação humanitária,
social e económica dramática”, não por razões económicas, mas devido a um
“impasse político e institucional”.
“É necessário que os venezuelanos consigam uma solução política interna,
pacífica, para a sua crise política”, acrescentou.
FONTE: JORNAL OBSERVADOR DE PORTUGAL e AGENCIA LUSA.
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