O ESTADO poderá arrecadar, nos próximos três meses, 33 milhões de dólares norte-americanos provenientes da cobrança de taxas de exportação de cerca de 110 mil toneladas de castanha de caju em bruto para os potenciais mercados deste produto.
Esta possibilidade foi avançada pelo presidente da Associação dos Industriais de Caju (AICAJU), Mohamed Yunus, que fez uma revisão em alta da produção da castanha no país de 120 mil toneladas esperadas pelas entidades governamentais para 150 mil.
Os resultados são baseados na monitoria do processo de comercialização deste produto.
Do volume da castanha de caju que se espera comercializar no processo em curso, o qual deverá terminar em Fevereiro, cerca de 110 mil toneladas serão exportadas em bruto, depois de a indústria nacional de processamento ter garantido a aquisição de 40 mil toneladas para a sua laboração.
"Se as autoridades alfandegárias conseguirem cobrar a sobretaxa da exportação de 110 mil toneladas de castanha em bruto a receita poderá situar-se em 33 milhões de dólares", vaticinou Mohamed Yunus, lembrando que a sobretaxa está fixada em 300 dólares por tonelada.
O empresariado envolvido na comercialização e exportação da castanha em bruto poderá encaixar cerca de 200 milhões de dólares antes da dedução dos encargos com transportes, manuseamento ao nível dos armazéns e outras despesas.
Entretanto, Mahomed Yunus duvida que as receitas da sobretaxa da exportação entrem na totalidade nos cofres do Estado, uma vez que, segundo ele, o sistema tributário denota sinais de fragilidade para fugir ao fisco.
"O nosso país atingiu no presente ano uma produção recorde da castanha e esse facto atraiu comerciantes de vários países, sobretudo da China, Vietname, Bangladesh, Paquistão, Índia, que se envolvem em esquemas para exportar o produto fugindo ao fisco”, considera Mahomed Yunus.
O recorde alcançado na produção da castanha de caju é muito à custa do desempenho dos produtores das províncias de Nampula, Niassa, Cabo Delgado, Manica, Sofala, Inhambane e Zambézia.
INDUSTRIAIS DENUNCIAM ALEGADA DESESTABILIZAÇÃO
A fixação do preço da castanha ao nível do mercado mundial é determinada pelo desempenho do sector produtivo, o que segundo Mahomed Yunus não agrada algumas economias consideradas fortes, as quais estão empenhados na desestabilização da economia moçambicana.
"Não estamos à altura de apontar o país ou países ou organizações financeiras internacionais que podem estar envolvidos no esforço de desestabilizar a economia. Eles dificultam a recuperação económica, mas individual ou conjuntamente trabalharam para a subida do preço de referência da amêndoa no mercado mundial", denunciou Yunus.
O preço de referência da amêndoa atingiu recentemente 4,7 dólares a libra no mercado internacional. Este facto estimulou uma procura sem limites da castanha, sobretudo nos países maiores produtores.
Internamente o preço da castanha atingiu recentemente o recorde de 90 meticais por quilograma, situação que, segundo o entrevistado, é benéfica para o produtor mas prejudicial para os industriais que não têm capacidade financeira para fazer face a esses custos.
"Quando a indústria não tem capacidade para adquirir castanha para garantir a laboração das fábricas a ideia que vem de imediato é de exportar a produção. É esta estratégia que é montada por alguém visando paralisar a indústria e aumentar os níveis de desemprego”, referiu.
Precisou que o preço de referência da amêndoa no mercado internacional caiu na última semana para 4.1 dólares por libra, contra 4.7 dólares, e explica que o facto deveu-se à fraca procura por parte dos consumidores.
O país registou há cerca de 20 anos o colapso total da indústria do caju, situação influenciada pelas políticas recomendadas pelo Banco Mundial para a liberalização da exportações da castanha em bruto.
CARLOS TEMBE"
FONTE: NOTICIAS, JORNAL DE MOÇAMBIQUE.
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