terça-feira, 16 de abril de 2024
IGREJA CATÓLICA, D.JOSÉ ORNELAS NO ESTADO NOVO, DIGA-SE SALAZAR E MARCELO CAETANO, A IGREJA CATÓLICA FOI AMORDAÇADA, MAS NÃO SE RESIGNOU: REALMENTE TIVEMOS OS CASOS EM PORTUGAL DOM ANTÓNIO FERREIRA GOMES, BISPO DO PORTO, EM MOÇAMBIQUE DOM SEBASTIÃO SOARES DE RESENDE PRIMEIRO BISPO DA BEIRA E DOM MANUEL VIEIRA PINTO BISPO DE NAMPULA, VÁRIOS PADRES DE VÁRIAS CONGREGAÇÕES RELIGIOSAS COMBONIANOS, PADRES BRANCOS, PADRES DE BURGOS E OS PADRES DO MACÚTI, NA CIDADE DA BEIRA E MUITOS OUTROS PADRE DOMINGOS FERRÃO POR EXEMPLO.
"D. José Ornelas: No Estado Novo, a Igreja foi "amordaçada", mas "não se resignou"
MadreMedia / Lusa
15 abr 2024 07:16
Atualidade
D. José Ornelas 25 abril/50 anos
Continua investigação ao bispo José Ornelas por suspeitas de encobrimento de abusos
Atualidade · 9 abr 2024 18:26
Continua investigação ao bispo José Ornelas por suspeitas de encobrimento de abusos
Bispos aprovam "compensações financeiras" para vítimas de abusos
Atualidade · 11 abr 2024 15:07
Bispos aprovam "compensações financeiras" para vítimas de abusos
O bispo José Ornelas olha retrospetivamente para a situação da Igreja durante o Estado Novo e não tem dúvidas: "foi uma Igreja amordaçada, mas também uma Igreja que não se resignou".
D. José Ornelas: No Estado Novo, a Igreja foi
Para o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), no início “a Igreja também se anichou dentro do regime”, desde logo porque “era sobrevivente de toda a confusão política de ainda antes, no século XIX, e depois no século XX, com a República, que foram [tempos] muito violentos” para a instituição.
“E o regime dava assim uma espécie de ninho, de refúgio. E esse foi o mal-entendido, porque depois as coisas vieram a complicar-se e não foi a Igreja que saiu vitoriosa desse confronto”, diz José Ornelas em entrevista à agência Lusa, destacando que, depois, sobreveio uma “época de luz, de luta, de descoberta de novas coisas”.
Desde logo, “o Concílio Vaticano II [iniciado no pontificado do Papa João XXIII, em 11 de outubro de 1962, e terminado em 08 de dezembro de 1965, já com Paulo VI] aconteceu como algo de tremendamente revolucionário dentro da Igreja”.
“E esse espírito chegou também a Portugal” através dos padres que foram estudar para o exterior, “alguns dos quais depois se tornaram bispos — [como] o bispo do Porto [António Ferreira Gomes], como emblemático de toda esta situação, como alguém que nunca se vergou aos ditames do regime e que, por isso mesmo, foi exilado”, recorda.
O também bispo de Leiria-Fátima sublinha, ainda, “a atitude do Papa Paulo VI, que conhecia bem a situação portuguesa desde quando era Secretário de Estado” do Vaticano relativamente a um “regime que estava fechado em si próprio e que não escutava a voz de ninguém, nem dos seus parceiros políticos e militares, que eram quem permitia a guerra em África, que o condenavam a nível diplomático, mas depois tornavam possível também a aventura militar em que Portugal estava metido”.
“O Papa conhecia isto e, por exemplo, muito significativo, nunca nomeou um substituto para o bispo residencial para o Porto em lugar de D. António Ferreira Gomes. Foram sempre administradores, até que ele pôde voltar depois da morte de Salazar”, lembra.
O prelado reforça o papel de Paulo VI no alerta para a situação vivida em Portugal com a sua visita a Fátima, em 1967, para o cinquentenário das aparições, e que escancarou o ambiente de tensão entre a Igreja Católica e o Governo.
“Foi [uma visita] tensa, também no encontro dos dois [Paulo VI e Salazar] em Monte Real, porque o Papa não quis ir a Lisboa, (…) e foi um momento muito claro, não só o Papa não ter ido a Lisboa, receber Salazar na Base de Monte Real, vir diretamente a Fátima e voltar para Roma, mas também logo em seguida [01 de julho de 1970], receber os líderes dos movimentos [africanos] que lutavam pela Independência”, sublinha José Ornelas, admitindo que “isto foi algo que, para os próprios crentes portugueses, foi completamente difícil de entender”.
Afinal, vivia-se o período em que a narrativa oficial era a de que os militares portugueses estavam em África “a defender a fé e o Império”.
Para o jovem José Ornelas, seminarista na altura, quando o 25 de Abril chegou, a questão da necessidade de transição para a democracia “estava completamente resolvida”.
“Tinha educadores, algum deles, a maioria, eram italianos que não concordavam claramente com o regime. Mas foram muito inteligentes e pedagogos. Nunca deram propriamente um sinal de que eles queriam fazer a revolução. Ouvi deles: vocês é que têm de a fazer, nós queremos fazer-vos perceber o que é realmente uma democracia, o que é um país a funcionar”, relembra o presidente da CEP."
FONTE SAPO
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário