DIA DE PORTUGAL DE CAMÕES
E DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS
Andava eu ainda no ensino primário na Vila de Tete, pois
estávamos em 1955, na então Escola Baptista Coelho e já a nossa saudosa mãe nos
dizia, a mim e à minha irmã mais velha
Beatriz, o meu nome NATÉRCIA vem do
Camões e de facto citando “Em 1544, Camões com 20 anos, encontra-se com D.
Catarina de Ataíde, dama da rainha D. Catarina da Áustria, esposa de D. João
III e, desse encontro nasce uma ardente paixão, mais tarde imortalizada pelo poeta,
que se referia à dama do paço, com o anagrama “Natércia””.
A nossa querida mãe tinha a antiga 4ª classe,
natural de Nespereira, freguesia e feito exame no concelho de Cinfães, terra de Serpa Pinto. Nunca dava
erros de ortografia e se dúvidas tivesse,
ia ao TIRA TEIMAS como chamava ao dicionário de lingua portuguesa,
Deixou-nos aos 94 anos.
A grande riqueza de Camões foi ter morrido pobre , conceito
de probeza material, em 10 de Junho de
1580. Há uma pouco pacífica e não unânime opinião se Luiz Vaz de Camões viveu
mais tempo na Fortaleza da Provincia de São Caetano de Sofala construida em
1505, pelo espanhol Pero Naya, e daqui
regressou a Lisboa ou se viveu mais tempo na Ilha de Moçambique e daí regressou
a Lisboa sem tocar em Sofala? Parece improvável ter vivido na Fortaleza de São
Sebastião na Ilha de Moçambique pois a mesma iniciou a sua construção em 1558 e
terminou a 1620, Camões já tinha falecido em Lisboa anos antes. Há uma casa que
tem duas versões há quem defenda que foi
a primeira e adianta a data de 1569 a 1570 e há quem defenda que esta foi a segunda. Sem tentar ser
“regionalista” pois vivo na cidade da Beira Provincia de Sofala, posso
compreender que “ficava bem” querer a qualquer preço e na época, ele ter vivido
naquela que foi capital de Moçambique até ao ano de 1822.
O importante de facto é que são rarissimos os defensores da
lingua portuguesa e seus admiradores , sejam nacionais ou de que País for, além dos membros da CPLP que não reconheçam a
riqueza impar das obras de Camões, o tal que materialmente morreu pobre em 10
de Junho de 1580. José Craveirinha,
autor moçambicano já falecido foi homenageado com o PRÉMIO CAMÕES em 1991.
Por Moçambique estarão trinta mil compatriotas nossos que no
dia a dia, com o seu saber, a lingua de Camões ouvem, falam, escrevem e cantam, acredito que se
Camões estivesse ele na Ilha de Moçambique ou em Sofala, sentir-se-ia pleno de
felicidade!
Parece-me não haver nenhum impedimento legal ou diplomático
comemorar este dia já a partir de 1977, como DIA DE PORTUGAL, DE CAMÕES E DAS
COMUNIDADES PORTUGUESAS, na Ilha de
Moçambique ou em Sofala, caso não haja nenhum impedimento já referido, e porque
não? Camões é uma figura de consenso linguistico, cultural e social, MORREU POBRE
MATERIAL E RICO COMO UM HOMEM DE CULTURA INCONTORNAVEL, nós é que somos
devedores, da grande maioria dos falantes de lingua portuguesa, pelo menos.
Do Canto Quinto dos Lusiadas, passando por Sofala, e chegados ao Canto Décimo , 74 Assim cantava a Ninfa; e as outras
todas, Com sonoroso aplauso, vozes davam Com quem festejam as alegres bodas Que
com tanto prazer se celebravam. — “Por mais que da Fortuna andem as rodas (Numa
cônsona voz todas soavam), é como vejo que a lingua de Camões hoje é falada
por mais de duzentos e sessenta milhões de pessoas.
Augusto Macedo Pinto,
Advogado na cidade da Beira Provincia de Sofala Moçambique.
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