quinta-feira, 19 de setembro de 2019

ROBERTO CHICHORRO, MESTRE DA PINTURA MOÇAMBICANA, JUSTA HOMENAGEM POR OCASIÃO DO SEU ANIVERSÁRIO, POR JOÃO DE SOUSA E O JORNAL O AUTARCA, GRANDE ABRAÇO DE PARABÉNS AMIGO!

"Por: João de Sousa 19 de Setembro de 1941 … Roberto Chichorro Cresceu no campo e diz que tem o campo dentro dele, razão pela qual fugiu da capital portuguesa para o sí0- tio sossegado numa casa de arquitectura moderna do Vale da Perra, uma aldeia entre Ourém e Fátima, onde agora passa os dias a pintar e a contemplar a natureza. Nasceu em Lourenço Marques, hoje Maputo. Foi uma criança feliz com um passado vivido nos arredores da cidade, na parte suburbana, por isso foi uma infância passada no meio das árvores, do campo e dos pássaros. Contrariamente ao que acontecia com os meninos daquele tempo, só foi para a escola com 8 anos de idade. Em miúdo era extremamente tímido. Não parece, mas ainda é. Jogou futebol nos juniores do Desportivo de Lourenço Marques. Chegou a defrontar Eusébio, que na época jogava no Sporting. Depois duma pesada derrota por 5/0 num torneio realizado na Namaacha, ficou amigo daquele que mais tarde viria a ser o “pantera negra”. A PINTURA Desde miúdo que pintava e desenhava. Um dos primeiros quadros que se lembra de ter pintado foi o da sua mãe a lavar a roupa no tanque, debaixo da laranjeira do quintal da sua casa. Dele fica esta história: “Os meus pais tinham ido ao cinema, que era na cidade, e eu fiquei em casa, então arranjei um lençol velho e prendi-o a quatro barrotezitos de madeira para fazer uma tela. Pintei um cavalo no meio do campo, nunca mais me esqueço, e pendurei o quadro na parede da sala. Quando o meu pai chegou a casa olhou e disse: “Ó rapaz, tira já aquilo dali para fora e deixa lá essas manias”. Foi assim um grande não”. Começa a olhar mais a sério para a pintura quando estava na tropa. Nessa altura o primeiro quadro que pintou foi o de um miúdo que vendia jornais e pedia esmola. Foi um quadro que Roberto Chichorro ofereceu a uma das suas namoradas. Quando deixou o serviço militar expôs pela primeira vez no Núcleo de Arte de Lourenço Marques. Em 1982, no decurso do Campeonato do Mundo de Futebol a Espanha surge no seu horizonte. A doença do pai faz adiar o sonho, que só se concretiza em 1986. Na capital espanhola, onde permaneceu 3 anos, para além de pintar aprendeu a fazer gravura e cerâmica. A Itália, de forma muito passageira, faz parte do seu roteiro. Em Portugal, onde acabou por fixar residência, esta aventura dura há bastante tempo. Roberto Chichorro retrata “sempre as pessoas e a vida das pessoas”. Muitos dizem que só pinta alegria, mas ele diz que “se procurarem” há também um fundo de tristeza. É dele esta frase: “na vida temos de saber estar com a nossa dimensão. A gente só deve ambicionar, sem causar distúrbios nem a nós próprios nem a ninguém. Estica o teu bracinho até onde ele chegar e arranca a laranja que te compete.” Roberto Carneiro Alcáçovas de Sousa Chichorro, meu vizinho nos bons tempos do bairro da Malhangalene, nasceu no dia 19 de Setembro de 1941. Tem 78 anos de idade.■ OBS: este artigo foi escrito tendo por base uma entrevista que Roberto Chichorro concedeu ao jornal português “Observador”.■"
FONTE: JORNAL O AUTARCA DE MOÇAMBIQUE

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