FOI A PRIMEIRA GREVE QUE ADERI EM PLENO REGIME NÃO DEMOCRÁTICO 17 DE JANEIRO DE 1969, VALEU-ME O ESCLARECIMENTO E A APRENDIZAGEM POLITICA NA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA, DA QUAL ERA MEMBRO. TINHAMOS COMO PRESIDENTE ALBERTO MARTINS QUE FOI PRESO PELA PIDE.
Crise Académica de 1969 lembrada em Coimbra
Ao longo de duas semanas, a revolta estudantil de 1969 é recordada na Universidade de Coimbra. Estão preparadas mais de 30 iniciativas para assinalar a crise académica.
Há precisamente 40 anos eclodia, na Universidade de Coimbra, a maior crise académica de que Portugal tem memória. Quarenta anos depois, os actuais estudantes conimbricenses assinalam a data, com uma série de actividades programadas para o mês de Abril, numa altura em que o ensino atravessa uma fase um pouco conturbada.
Foi a crise académica de 1969 que, imbuída pelos ideais de 68, provocou, entre outras coisas, a demissão do então Ministro da Educação, a mudança de reitor na universidade e o progressivo chamamento de estudantes para a guerra colonial.
Tudo aconteceu a 17 de Abril de 1969, aquando da visita do então Presidente da República, Américo Thomaz, ao novo edifício do departamento de Matemática da Universidade de Coimbra. O então presidente da Associação Académica de Coimbra, actual líder parlamentar socialista, Alberto Martins, pediu a palavra para intervir, em nome dos estudantes, durante a cerimónia.
Um pedido que foi recusado e Alberto Martins foi detido nessa noite. Acendia-se, então, o rastilho de um dos maiores momentos de reivindicações estudantis português, agora relembrado pelos alunos da mais antiga Academia do país.
“As comemorações começaram já no passado dia 13 [de Abril]. Decidimos fazer uma comemoração de 15 dias, acompanhando também outra efeméride muito importante para nós, o 25 de Abril”, diz ao JPN, João Alexandre, vice-presidente da Associação Académica de Coimbra.
“Queriam que a voz dos estudantes fosse ouvida”
Ao longo de duas semanas vão ser realizadas mais de 30 iniciativas relacionadas com a Crise Académica de 1969, uma revolta que provocou um enorme impacto, não só em Coimbra, mas também no país, como explica o historiador Rui Bebiano.
“Tudo o que se passava na Universidade acabava por ter um impacto maior. O que quer que acontecesse na Universidade de Coimbra acabava por ter uma importância enorme para o país.”
Os alunos de Coimbra lutavam pela democratização do ensino. “Queriam que a voz dos estudantes fosse ouvida”, remata Rui Bebiano. Em consequência da revolta do 17 de Abril de 1969, seguiram-se seis meses de manifestações e boicotes.
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