sexta-feira, 2 de julho de 2010

MOÇAMBIQUE - OS TRANSPORTES SÃO DETERMINANTES - 5" - O RIO ZAMBEZE PODE VIR A SER NAVEGÁVEL? - 2

“CONFERÊNCIA ECONÓMICA, Importância Estratégica dos Rios como Vias de Comunicação e Escoamento, Caso da Navegabilidade do Rio Zambeze” - 2

NB: Com muita pena minha ontem tive de vir de Maputo para Tete, pois teria participado com muito gosto nesta Conferência, aliás como poderão verificar se consultarem o texto no Jornal de Negócios de Portugal de 23 de Setembro de 2008, “Desafio Africano e Caminhos para o Desenvolvimento” e na revista Capital de Moçambique edição de Outubro de 2008, ambos da minha autoria. Mais uma vez, Para bens aos promotores deste debate.
“Zambeze pode escoar carvão
O ESCOAMENTO de parte do carvão mineral da bacia de Moatize, na província de Tete, poderá efectivar-se através do rio Zambeze, caso sejam confirmados os estudos sobre a matéria actualmente em curso. Para já, algumas vozes mostram reservas quanto à viabilidade ambiental do transporte fluvial deste mineral, enquanto outras são favoráveis à iniciativa que se apresenta como alternativa aos problemas logísticos na fase de exploração do carvão.
Maputo, Sexta-Feira, 2 de Julho de 2010:: Notícias
Ontem, durante um debate havido na capital do país, Martin Papper, presidente da Global Marin Resources, uma organização com experiência neste domínio, explicou que através de barcaças leves o carvão pode ser escoado de Tete até à região do Chinde, onde estariam ancorados barcos de grande calado que depois fariam carregamentos para os grandes mercados de consumo.
Falando na Conferência sobre Importância Estratégica dos Rios como Vias de Comunicação e Escoamento – Navegabilidade do Rio Zambeze, evento organizado numa acção coordenada pela Associação Moçambicana para o Desenvolvimento do Carvão Mineral e o País Económico, Martin Papper explicou que as barcaças podem ser adaptadas às características naturais daquele curso de água.
“O rio não pode ser visto apenas como um lugar de preservação de recursos naturais. Os moçambicanos podem usar os rios para criar emprego e investimento”, referiu Martin Papper.
Disse, no entanto, que tudo cabe ao Estado moçambicano, que tem a responsabilidade de tomar a decisão certa sobre o uso ou não do rio para o transporte de carvão, analisadas todas as vantagens e desvantagens que tal empreitada pode implicar.
Todavia, alguns ambientalistas têm vindo a questionar a viabilidade ambiental do uso do rio Zambeze para o transporte de carvão, receando que tal actividade possa, por um lado, poluir a água e, por outro, provocar a diminuição da humidade dos solos mais próximos deste curso de água.
É que, segundo explicou João Nogueira, activista da Justiça Ambiental, o uso do rio vai implicar, nalgum momento, o estreitamento do leito para se ganhar a profundidade necessária para a circulação dos barcos. Ora, esse exercício fará com que o nível freático nos solos vizinhos baixe, prejudicando a agricultura.
“É preciso fazerem-se estudos mais profundos e mais específicos com muito detalhe para se saber exactamente qual é o impacto que isso vai ter”, disse João Nogueira, ressalvando que não está contra o transporte fluvial, porque ele existe há já muito tempo.
Enquanto isso, Casimiro Francisco, Presidente da Associação Moçambicana para o Desenvolvimento do Carvão, disse que a equação do transporte fluvial deve-se à conclusão de que a linha de Sena está completamente esgotada.
“A longo prazo, para grandes volumes, estamos a olhar para o Porto de Nacala. Neste momento pensamos no rio Zambeze como complemento, porque achamos que é mais competitivo sob o ponto de vista de custos”, disse Casimiro Francisco.
Há alguns anos, a Vale Moçambique, concessionária de Moatize, desenvolveu um estudo sobre a possibilidade de exportação do carvão através do Porto de Nacala, tendo recuado dados os investimentos necessários para a construção de uma ferrovia com uma extensão aproximada de 900 quilómetros, numa altura em que iniciava a reabilitação da linha de Sena.”

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