quinta-feira, 7 de janeiro de 2021
SÃO TOMÉ E PRINCIPE, SERÁ QUE ESPREITA UMA OPORTUNIDADE PARA PROCESSAMENTO DE SUMOS DE FRUTA NATURAIS PARA O MERCADO NACIONAL E EXPORTAÇÃO
"ECONOMIAA cultura do abacaxi como nova opção de actividade económica para STP
PorTéla NónPublicado no dia 6 de Janeiro de 2021
Gilkson Tiny
Mestre em Economia e Gestão Aplicadas, Especialização em Agronegócio pela Universidade de Évora
SOBRE……. A Cultura Do Abacaxi Como Uma Nova Opção de Actividade Económica Para São Tomé e PRÍNCIPE ….
Foi desenvolvida uma investigação no âmbito do Mestrado em Economia e Gestão Aplicadas, Especialização em Agronegócio, da Universidade de Évora. Com a orientação da Profª Doutora Maria Raquel Lucas e do Prof. Doutor Pedro Henriques, o estudo teve como objetivo compreender a realidade e avaliar a viabilidade da cultura do abacaxi como atividade económica para São Tomé e Príncipe (STP), tomando como caso de estudo o produtor Abel Bom Jesus na região de Mesquita, Distrito de Lobata.
A investigação, que recorreu a uma metodologia de estudo de caso no seu contexto real, cujo apuramento dos resultados dependeu fortemente da capacidade do investigador recolher e integrar dados e informações de múltiplas fontes, teve uma componente interpretativa e outra descritiva, de compreensão da realidade e de descrição da cultura e da produção de abacaxi e das respetivas soluções técnicas e económicas possíveis.
Para além da análise de artigos científicos e outros estudos, documentos e publicações, oficiais e estatísticas, para caracterização da cultura do abacaxi e enquadrar do ponto de vista teórico a análise financeira de investimentos que foi realizada segundo o procedimento do manual de custos e benefícios dos projetos de investimento da União Europeia, a recolha de informação incluiu a realização de uma entrevista ao produtor, o acompanhamento in loco de um ciclo de produção de abacaxi e a observação e registo, num livro de campo e através de fotografias e filmes, dos correspondentes processos culturais.
Se a dependência do exterior e a soberania alimentar sempre foram questões pertinentes em STP, estas têm vindo a colocar-se com maior relevância no contexto atual da pandemia de COVID-19, face ao encerramento das fronteiras e consequente impossibilidade de abastecer o mercado nacional com produtos básicos para alimentação da população (Arroz, Fuba, Leite, Açúcar, Óleo, Farinha, Manteiga e Outros) e às necessidades imperativas de satisfazer a procura com a oferta interna e de fortalecer a economia.
Daí que o Governo tenha decido incentivar todos a acreditar, investir e a viver da agricultura e ajudar o país a deixar de ser dependente do exterior no que toca a produtos de cesta básica, lançando em Maio de 2020 a campanha ´´BamoXimiá pá nóm bê quâcomé ´´ ou seja, vamos semear no presente para que no futuro tenhamos o que comer e, em 8 de Junho de 2020, o “Ministério Aberto” com idêntico propósito.
Embora STP não tenha tradição na produção de abacaxi, diante das difíceis condições enfrentadas pelos pequenos agricultores santomenses, como a falta de capital humano e o acesso limitado a infraestrutura, mercados e tecnologias, para além da vulnerabilidade a riscos e desafios climáticos, de saúde, de preços e financeiros, que comprometem a sua subsistência, importa saber se o abacaxi, nomeadamente, no distrito de Lobata, é uma atividade que pode ser uma alternativa económica viável que garanta a sustentabilidade dos agregados familiares agrícolas. De realçar que o País apresenta condições edáficas e climáticas favoráveis para o seu cultivo, um mercado interno com capacidade de consumo e, ainda, a possibilidade de exportação para mercados de Países vizinhos como Angola, Gabão, Guiné Equatorial, Portugal e Cabo Verde.
O caso estudado, da lavra de sete hectares do produtor Abel Bom Jesus, conhecido por ´´Abel Agricultor´´ e considerado uma referência no empreendedorismo agrícola com mais de duas décadas de experiência e conhecimento acumulado, localiza-se em Mesquita, uma das localidades do Distrito de Lobata reconhecida pela prática de actividades agrícolas, com destaque para o sapessape, abacate, mamão (papaia), manga, banana, coco, fruta-pão e, também abacaxi.
Na lavra, o ciclo de produção desta cultura, que ocupa dois hectares e foi iniciado há cerca de oito, tem a duração de 12 meses entre a plantação e a colheita. A produção é complexa e exigente e contempla distintas operações, entre as quais, a aquisição das plantas, a preparação do terreno, a preparação das plantas, a plantação, a rega, a monda, a adubagem, a floração, a poda e a colheita e pós-colheita.
Os resultados do estudo económico-financeiro da plantação de abacaxi, da variedade Cayenne e Pão de Açúcar, incluíram as margens bruta e líquida, antes e depois de impostos, os cash-flow de investimento, de exploração e da cultura de abacaxi e, diversos indicadores de rentabilidade, entre os quais o valor actual liquido (VAL), a Taxa Interna de Rentabilidade (TIR) e o Rácio Custo Beneficio (RBC). Embora o investimento necessário seja elevado, a adoção de boas práticas e,a boa condução do ciclo de produção do ponto de vista técnico e operacional, permite alcançar receitas que superam a totalidade do investimento realizado, tendo viabilidade mesmo em distintas situações e cenários de quebra de preço, de produção e de exportação.
Apesar de ser uma actividade economicamente viável para as condições estudadas, com potencial de expansão no país e de contributo positivo para o equilíbrio da balança comercial, que pode ser uma alternativa para muitos produtores agrícolas de STP, há necessidade de criar políticas e medidas de apoio específicas para a produção e a exportação de abacaxi.
Pese embora o contributo deste agricultor para o desenvolvimento agrícola e a soberania alimentar, particularmente na fruticultura, de realçar que o mesmo se encontra entregue à sua própria sorte, sem qualquer apoio ou suporte por parte do Governo ou de outras instituições e empresários do país. Por isso recomenda-se aos principais decisores políticos, ou seja, aos membros do Governo com responsabilidade no sector agrícola, criar condições e estratégias claras direcionadas para os agricultores tais como:
Criação de políticas (por exemplo, um Plano de Desenvolvimento Agrícola) com incentivo motivacional para que os empresários possam investir nas diversas áreas destintas de agricultura, em particular em actividades viáveis, como o abacaxi.
Criação de estratégias de proximidade entre agricultores, empresários e respectivas associações e de abastecimento dos mercados locais e unidades turísticas, com circuitos de proximidade e produtos de qualidade e sustentáveis.
Criação de políticas junto aos bancos comercias, para concessão de crédito com formalidades simplificadas e com taxas de juro acessíveis.
Providenciar suporte técnico e informação especializada, através de convénio ou consultoria, envolvendo os actores nacionais na área de investigação agrária, extensão rural e produção.
Definir os tipos de culturas e variedades mais adaptadas a STP para produção em grande escala e criar infraestruturas logísticas e condições de transporte e apoio à exportação de alguns desses produtos a custo acessível.
Existem algumas infraestruturas no país, assim como programas de organizações mundiais, como as Nações Unidas e a FAO, que devidamente exploradas e aproveitadas se podem apresentar como um mecanismo para expandir a produção orientando-a ao mercado, melhorando o rendimento dos agricultores e, em consequência as condições de vida dos fruticultores, quer ao nível individual, quer coletivo das comunidades rurais.
TAGS:AGRICULTURA, DESTAQUE
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