segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

DAKOTA DC - 3, HISTÓRIA DESTE AVIÃO RETIRADA DA REVISTA DE BORDO DA TAP


“HISTÓRIAS DA AVIAÇÃO
DAKOTA PARA SEMPRE, POR RICARDO REIS.
O dia 17 de Dezembro de 1935 marca o nascimento de uma referência da aviação: o DOUGLAS DC3, carinhosanente conhecido por DAKOTA. Essa data marca um antes e um depois, o momento em que o transporte aéreo se tornou finalmente  rentável, o principio do acesso dos comuns mortais ao voo de A para B.
Ao longo destes 83 anos, o DC – 3 encontrou uma imaginação dos humanos um outro combustivel para voar, uma mistura de amor e fascinio que permeia a comunidade aeronáutica. No panteão das máquinas aéreas nenhuma outra lhe faz sombra. Um exemplo é a história de Hans Wiesman, um lolandês criado na Indonésia nos anos 50. Se não se recorda do primeiro voo em DAKOTA – tinha dois anos apenas -, o segundo ficou-lhe gravado para sempre na memória. Não é surpreendente,  o motivo de voar no DAK foi um crâneo rachado e suturado a quente. Dessa viagem – para validar com raios X  a ausência de outros danos – ficou um elo de fascínio pela máquina alada. Elo que, qual magma primordial, aflorava de quando em vez durante o seu trabalho  de executivo no mundo da publicidade. O pedido de um amigo acabou por fazer o clique final. Previdentes e conhecedores das vicissitudes da vida operacional , os engenheiros da Douglas projetaram as pontas das asas do DAKOTA para serem facilmente substituiveis. Foi uma dessas pontas de asa que o seu amigo comprou numa feira na Califórnia. Hans viu a oportunidade de as transformar em belas secretárias, um objecto de salivar para qualquer aficcionado do ar. Começou assim uma nova fase da sua vida, espécie de Indiana Jones à caça das penas de aves preciosas, a saltar nos  Hangares  dos EUA para a selva da América Latina, das praias da Tailãndia à Ilha de Madagascar , testemunhando as várias peles vestidas pelo imortal DC – 3. O fascínio de criança é um químico revelador deste avião., fio condutor da grande trama humana, unindo o cidadão comum, negociantes, pilotos e, claro, uma ou outra personagem dúbia.
“Apenas um DC – 3 pode substituir um DC – 3”, diz a sabedoria do homem do ar. Se hoje são menos numerosos ( ainda hoje é o transporte comercial mais fabricado de sempre , 16.079 exemplares), a sua recuperação é mais provável do que qualquer jato mais recente. Remotorizado como turboprop, para maior desempenho, o DAKOTA renasce constantemente, singular filho do engenho humano. Espera-se a chegada de 2036 para celebrar os seus cem anos...desejo partilhado por todos os aficcionados do mais venerável dos seres metálicos alados.”
NB:
Viajei muitas vezes em Moçambique no DAKOTA, registo dois episódios: em Agosto de 1970, Beira/ Lourenço Marques, hoje Maputo, só com autorização do Comandante António Figueiredo, entrei no avião. Grande profissional e amigo que nunca esquecerei. Algures 1977 com João Carneiro Gonçalves, saudoso amigo, Maputo Tete, no aeroporto de Tete aterrou só com um motor o outro havia avariado no ar e posto em bandeira, parado. Aterrou que nem uma pluma, apenas não conseguia percorrer a pista a direito, pois andava em circulo.

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