Há um ditado que diz: “é de pequeno que se torce o pepino”. Que o diga Timóteo Cuche, saxofonista e professor de música na Escola de Comunicação e Arte (ECA) da Universidade Eduardo Mondlane (UEM).
Sentou-se em casa, respirou fundo, da mesma forma que o faz quando quer soprar, e imaginou a criação de uma banda feminina moçambicana… e assim nasceram As Marias!
Oprojecto da criação da banda também foi discutido com Nataniel Ngomane, ex-director da ECA e o professor João Cabral. “Mas eu praticamente é que criei”, diz Cuche. O elenco de criação havia atribuído o nome de 7 Marias, em virtude de serem exactamente 7 mulheres. “Hoje são As Marias”, diz.
Deve ser simples de imaginar o homem que foi o mentor da ideia ao assistir aos ensaios. Cogitamos o professor Cuche a dizer “aqui a nota está errada; você não pode soprar o saxofone com demasiada força; que ela tem de dedilhar com mais suavidade; que a outra estaria a arranhar a guitarra com tamanhos tons graves; que o violino estava a ser mal manuseado”. Mas Timóteo não o faz. Ele simplesmente toma um gole de água, nalgumas vezes dá uns sopros, ajeita aqui e ali e demonstra a maturidade que a banda tem para ensaiar sozinha.
DOIS ANOS DE ESTRADA
A banda já sentiu o sabor dos palcos e por conta disso a doçura da fama. Cauteloso, Cuche fala com serenidade quando o assunto é sobre a produção artística da banda por ele comandada. Já com dois anos de estrada, a banda ainda não trouxe o fruto da relação que mantém com a fama e os palcos: “tem algumas obras, mas não estão preparadas para serem apresentadas em público”, justifica-se.
Embora o professor Timóteo prefira dizer que já existem cerca de seis obras da banda, Júlia Manuel (22 anos), violinista e um dos primeiros membros da banda, prefere dizer que a banda ainda está a criar as músicas.
A banda foi sonhada para dar mais visibilidade às mulheres. Era preciso quebrar estereótipos. Cuche sublinha que “estávamos a pensar na integração da mulher em todas as áreas profissionais. Tentamos incutir nelas que devem ser sociais, devem usar a música como meio de comunicação, olhar o que acontece no país e usar deste meio na construção de uma sociedade”.
Mas como toda banda artística, sempre passam por adversidades, brigas e desentendimentos. Cuche, diz ser algo complicado, “são pessoas com carácter diferentes uma da outra e isso influencia na discussão das músicas.
Para Joyce Cármen (23 anos), violinista e líder da banda, dirigir mulheres é uma das tarefas mais complicadas que já assumiu. Com suor a escorrer pelo corpo devido aos ensaios, Cármen conta que “a experiência é boa e sempre tenho de arranjar maneiras de gerir as meninas, mas é interessante”.
De sete, o número passou para onze. “Cada uma tem sua ideia”, realça Cármen. Júlia acrescenta: ”mas tentamos melhorar nesses aspectos sempre”
SONHOS
Um dos planos que a banda tem é alargar o espaço da formação da mulher em termos musicais. Cuche explica ainda que pretende levar a banda aos estúdios de gravação. Para já, o plano do professor é fazer com que a banda produza suas próprias músicas.
Mas os sonhos são resultados de muito trabalho. Que o diga Xixel Langa, que no momento em que acompanhávamos os ensaios ela também encontrava-se lá. Xixel, embora reconheça a qualidade do trabalho que está sendo feito pela banda, toca na agressividade do mercado: “ Aposto nelas. Estão engajadas e têm tudo para dar certo”, comenta com firmeza.
Para Júlia, a qualidade dos trabalhos da banda é que vai ditar o caminho. Crizalda Chirindza (24 anos), guitarrista da banda, sublinha que tudo não passa de uma questão de consciência do que se faz: “a partir do momento em que nos consagramos como banda, no mínimo a procura de fazer uma nossa, já temos isso em mente que o mercado será agressivo e que não tocamos só para nós”.
A banda é meramente académica e não tem um carácter comercial. Para Crizalda, o foco deve ser de criar uma banda musical com excelência. A banda é constituída também por duas bateristas, uma percussionista, uma pianista, baixista e duas saxofonistas."
FONTE: JORNAL DOMINGO DE MOÇAMBIQUE.
parabéns as meninas pela bela apresentação de hoje, na fundação fernando couto.
ResponderEliminarenoque feitosa, professor ufpb, brasil