"Ecólo e Adventure Rider
editorial
Fazer milhares de quilómetros
de mota, mesmo sendo
uma BMW, não é fácil, vamos
ouvir um cheirinho das
estórias do meu sobrinho
João Luís Macedo Pinto Sousa,
contadas por ele. O resto
irão ler quando publicar o livro
das suas viagens por Mo-
çambique e pelo Mundo. Ele
vai contar: “Chamo-me João
Luís Macedo Pinto Sousa,
tenho 40 anos, sou ecólogo e
solo adventure rider. Durante
a minha estadia em Mo-
çambique fui de Maputo ao
Rovuma numa mota BMW
F650 GS. Comecei a subir em
Dezembro a caminho de Nacala
onde iria passar o Natal
com familiares. Temperaturas
eram muito altas e havia
muito calor, logo a mota
aquecia muito. Estava toda
equipada e com combustível
extra preparada para qualquer
situação da expedição
(mudança de pneus, cordas,
etc). Fiz paragem em Xai-
-Xai, Tofo, Inhassoro, passei
pelo parque natural da Gorongosa,
passei o Rio Zambeze
e parei em Caia também.
Depois de Caia passei pela
Ilha de Moçambique. O Natal
foi em Nacala com familiares
e a passagem do ano na praia
das Chocas na Província de
Nampula. Em Janeiro come-
çaram as chuvas torrenciais
próprias da época. No dia 12
de Janeiro comecei a descer
em direcção ao Sul, e na zona
de Mocuba os campos já se
encontravam completamente
alagados. Campos, casas
e cultivos totalmente destru-
ídos pela chuva. Passei por
uma ponte alagada a 70 km
de Mocuba. Quando chego a
Mocuba, a ponte que liga à
cidade (construída em 1944)
estava a destruir-se completamente
e o rio estava cheio
e barrento. Relatos de muita
gente morta, comunicações ficaram
paralisadas, as ligações
tanto para Norte como para
Sul foram interrompidas e a
ponte para Maganja também
ruiu. Ficamos isolados. Junto
da ponte estavam umas bombas
de gasolina em constru-
ção onde eu e outras pessoas
em trânsito se abrigaram. Todos
os dias íamos a ponte saber
notícias de sobreviventes,
se haveria barcos, etc. Passados
uns dias as comunicações
começaram a conseguir-se
apesar de com dificuldades.
Comunicamos com o Consulado
de Portugal na Beira e
outras pessoas amigas, comuniquei
com o régulo da zona
para sabermos o que poderí-
amos fazer ou se o Governo
iria mandar mantimentos,
mantas e água de apoio a população.
Os únicos helicópteros
que apareceram eram os
da TV. A RTP África contactou-me
para eu relatar a
situação. Alimentávamo-nos
de ananás e batata doce, produtos
da época. A água íamos
buscar a um poço. Metíamos
umas sementes vermelhas e
pretas ou umas pastilhas para
purificação. A humidade estava
a 90%, muito calor, muitos
bichos…. Apareceram-me
tarântulas, mosquitos, insetos
no geral…. Aconteceu um
parto e como estavam lá também
umas missionárias elas
ajudaram no parto. Começou
a registar-se casos de cólera e
malária. Eu próprio apanhei
malária. Passados 6 dias de
isolamento liga o Director das
Calamidades a dizer que estavam
a construir uma ponte
de madeira a 70 Km a norte
de Mocuba. Quando cheguei
lá estavam os populares com
quem tínhamos que combinar
a passagem na ponte. Tinha
combinado 500,00 MT mas
quando a mota ia a meio da
ponte já pediam 1.000,00
MT, que era o dinheiro que
me restava. Segui rumo a
Nampula e dirigi-me de novo
a Nacala para armazenar a
mota e posteriormente ser
expedida para Maputo e eu
segui a Maputo via aérea.
Quando cheguei a Maputo fui
diagnosticado com malária e
tive que fazer o tratamento.
Esta viagem deu para eu conhecer
o excelente país que
é Moçambique e o seu povo,
onde eu gostaria de voltar a
trabalhar e viver. Depois do
meu regresso à Europa, fiz
outras expedições que inclui
33 países, desde o Porto até
à costa do Adriático e Balcãs,
Grécia, Ilhas Gregas, Sardenha,
Córsega, Ibiza. Outra
expedição até ao Norte da
Escócia, incluindo o topo dos
Alpes Suiços, topo dos Pirinéus
e Península Ibérica. A
última expedição a solo fiz
do Porto-Dakar (Senegal) –
Porto, atravessando o deserto
do Sahara e a Cordilheira do
Grande Atlas. Isto é só uma
introdução, o resto vais ler
quando publicar o meu livro.”
Obrigada João pela tua linda
estória"
FONTE: ESTÓRIAS DA ISAURA, MAGAZINE INDEPENDENTE, JORNAL DE MOÇAMBIQUE
FONTE: ESTÓRIAS DA ISAURA, MAGAZINE INDEPENDENTE, JORNAL DE MOÇAMBIQUE
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