sábado, 3 de setembro de 2016

FACIM: EXPOSITORES NACIONAIS E ESTRANGEIROS PARTICIPANTES NESTE EVENTO INTERNACIONAL CONSIDERAM QUE MOÇAMBIQUE TEM OPORTUNIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DE NEGÓCIOS

EXPOSITORES nacionais e estrangeiros presentes na 52.ª edição da Feira Internacional de Maputo (FACIM/2016), inquiridos ontem pelo “Notícias”, consideram que Moçambique tem oportunidades para o desenvolvimento de negócios.
Segundo sustentam, o cenário de crise económica e financeira que se vive não é exclusivo do país. É um fenómeno que está a abalar o mundo inteiro.
Alguns sustentam que uma vez restabelecida a paz o país voltará a registar altas taxas de crescimento, porque é rico em recursos nacionais.
Embora relativamente menos movimentada que na edição anterior, pelo menos até ontem, alguns inquiridos consideram que a organização do certame está melhor nesta edição.
A FACIM, que decorre até ao próximo domingo, 4 de Setembro, em Marracuene,  província de Maputo, conta com a presença de 2250 empresas moçambicanas e 630 estrangeiras, provenientes de 33 países.
DOTT TOMMASO TEOFILO FACIM É UM GRANDE EVENTO
Dott Tommaso Teofilo, expositor italiano, caracteriza a FACIM/2016 como sendo “um grande evento”.
“É a primeira vez que expomos nesta feira e verificamos que o mercado moçambicano é bastante interessante e em fase de crescimento. Já tivemos várias bolsas de contactos, sobretudo com homens de negócios da área de construção civil”, disse.
Relativamente ao futuro o representante da empresa italiana Teofilo Aluminium Solutions afirma que “não restam dúvidas que Moçambique é um lugar excelente para fazer negócios e a comunidade empresarial italiana está bastante interessada em fazer investimentos em Moçambique na base da cooperação”.
“A crise económica não é exclusiva de Moçambique, uma vez tratar-se de um fenómeno que abrange todo o mundo, mas este país, à semelhança do que acontece em todo o Continente Africano, tem potencial para ser um grande mercado no futuro. Comparando com outros lugares, existem bases sólidas para que este país se desenvolva”, frisou.
A fonte afirmou que a sua empresa é especializada em produtos de alumínio para o sector de construção civil, como portas, janelas, entre outros.
“Porque estamos satisfeitos com o mercado em Moçambique estamos já a ponderar em nos fixarmos neste país”, disse.

SOOHYEONG KIM: OPORTUNIDADES DEVEM SER MAIS DIVULGADAS
Soohyeong Kim, representante da Kotra – sessão económica da Embaixada da Coreia, e da Agência de Promoção do Comércio e Investimento da Coreia do Sul, afirmou estar na FACIM para apresentar as empresas e produtos coreanos interessados em firmar parcerias com moçambicanos.
“Pretendemos encontrar distribuidores ou representantes em Moçambique. Desde que o evento começou, na passada segunda-feira, já estabelecemos várias parcerias e recebemos muitas visitas que gostaram da qualidade dos produtos coreanos, para além de ter preços razoáveis”, afirmou.
Segundo ela, proliferam no mercado global vários produtos que não têm a qualidade desejada, não obstante os preços serem elevados, daí que a aposta da Coreia do Sul é ser competitiva, sobretudo em relação a produtos de outros países.
“Não obstante o ano passado ter aparentado ser uma feira maior, este ano a feira tem a particularidade de estar melhor organizada. Há muitos investidores na Coreia do Sul interessados em parcerias com moçambicanos mas se deparam com a falta de informação detalhada deste mercado”, afirmou.
Acrescentou que, por exemplo, “existem vários homens de negócios coreanos que não têm informação sobre as reais necessidades das suas contrapartes moçambicanas e este é um desafio que é lançado aos empresários daqui, para que também atraiam investidores”.
“Aqui na FACIM temos vários produtos expostos, que incluem maquinaria de agricultura, construção, peças de veículos automóveis, produtos de beleza e brinquedos para crianças”, disse

PRAKASH PATEL:  O PAÍS É ATRACTIVO
Para Prakash Patel, representante da Pulse Moz, Lda., importadora de produtos manufacturados da Índia, Moçambique é um país atractivo para investimentos.
“Sabemos que a economia não está a atravessar o seu melhor momento, mas é uma situação que não durará por muito tempo, sendo provável que melhore dentro de alguns meses, pelo que eu recomendo aos homens de negócios que apostem em Moçambique.
Prakash Patel disse ser a primeira vez que a sua empresa importa produtos manufacturados para a agricultura, entre os quais tractores recomendados para os pequenos, médios e grandes agricultores.
“As vantagens do negócio que abraçamos incluem os preços, que são acessíveis. Os tractores são eficientes para a preparação da terra, uma vez que Moçambique necessita de acompanhar a evolução da tecnologia usada na produção agrícola e o Governo deve apoiar este processo se o país quiser, efectivamente, avançar para uma revolução verde”, afirmou.
Acrescentou que “a FACIM é realmente um grande evento, porque já tive bolsa de contactos com cerca de 75 parceiros e isso é realmente bom”.
“É curioso que alguns desses parceiros nem sequer eram moçambicanos, mas provenientes de diferentes países e isso é positivo”, disse.

AHMET TRAS: ONDE HÁ RISCOS HÁ LUCROS
UM empresário de nome Ahmet Tras, inquirido pelo “Notícias”, afirmou que no ano passado a FACIM estava melhor.
“Este ano baixou um bocadinho porque os pavilhões estão um pouco vazios. Esta situação deve ser por causa da crise que a economia está a atravessar, mas estamos a fazer o nosso papel promovendo a indústria nacional e substituirmos as importações. Mas para isso precisamos também do apoio dos moçambicanos traduzido numa maior aposta destes pelos produtos nacionais”, afirmou.
Para Ahmet Tras, representante da Olympic Trading, Lda., os investidores estrangeiros e nacionais devem avaliar bem o mercado moçambicano, realçando que “normalmente onde há riscos há lucros, mas depende do ramo do negócio”.
“Contrariamente ao que está a acontecer este ano, temos uma grande esperança de que o futuro será melhor e acredito que logo que se restabelecer a paz muitos investimentos vão fluir. Nós fazemos todo o tipo de mobílias, portas, janelas e guarda-fatos usando a madeira nacional, mas com padrões internacionais.

RELGIO MACHAVA, DA KAFE MAC: NÃO FAZEMOS ECO DA CRISE
RelgioMachava, representante da KafeMac, diz que a FACIM representa uma oportunidade para novos contactos e também para a divulgação de  produtos e serviços.
“O balanço que fazemos até ao momento é positivo, uma vez que não esperávamos tanto sucesso, sobretudo na promoção e venda de cafés e gelados”, disse.
Machava desdramatiza a actual situação económica do país, ao afirmar que “não entramos no eco da crise, porque somos uma empresa jovem e inovadora que quando entrou no mercado sabia do momento que atravessamos”.
“Temos nos esmerado para ultrapassar esta fase. O segredo é muita dedicação e trabalho de equipa e nós, particularmente, estamos satisfeitos. Por isso, apelamos aos empreendedores nacionais que sejam mais agressivos, atrevidos e corajosos, assumir os riscos e acreditar que tudo vai dar certo. Somos uma empresa jovem, no mercado nacional há sensivelmente sete meses”, frisou.

INHAMBANE DESTACA PISCICULTURA INTEGRADA
A PROVÍNCIA de Inhambane aposta na “piscicultura integrada”, como forma de estimular a população a praticar a actividade nos mesmos locais onde pode desenvolver outras, como a avicultura e horticultura.
Está é, aliás, a actividade de destaque no “stand” de Inhambane na FACIM.
O objectivo é estimular os camponeses a não abandonarem as actividades produtivas tradicionais pela ambição de abraçar a piscicultura, actividade de criação de peixes em tanques ou viveiros escavados.
Arménio Dominguez, da Direcção Provincial do Mar, águas Interiores e Pescas em Inhambane, disse à AIM, na FACIM, que a zona de Machavenga, na cidade de Inhambane, está a avançar nesta iniciativa, onde já existem interessados em apoiar os camponeses, garantindo, por exemplo, a compra do peixe.
“Há interesse já manifestado nesse sentido. A expectativa é boa em Inhambane, onde já há quem está a apoiar em Machavenga, absorvendo a produção”, disse Dominguez.
Sem avançar dados estatísticos, tanto da população envolvida quanto da extensão territorial em exploração, a fonte explicou que é possível usar o estrume resultante da avicultura para alimentar o peixe criado em tanques piscícolas.
A fonte destacou a importância do estrume animal na alimentação do peixe, cuja carne é indispensável para a dieta e uma das principais fontes de proteína para o ser humano.
A população é ainda estimulada a produzir hortícolas nas proximidades, que para o seu crescimento normal também necessitam do estrume produzido na avicultura.
“Isto é o que designamos de piscicultura integrada. Queremos que as pessoas se sintam estimuladas a desenvolver a piscicultura sem abandonar as suas actividades normais, como a avicultura e a horticultura”, afirmou.
No mesmo “stand” de Inhambane a AIM constatou um outro tipo de aposta, que consiste na diversificação da produção como forma de fazer face aos desafios económicos da actualidade.
Amar Malate, proprietária da “Agro-Malate”, do distrito de Panda, exibe no “stand” licores produzidos a partir de frutos silvestres, nomeadamente malambe, extraído do embondeiro, uma planta típica do norte de Inhambane, e maphilwa, extraído de um arbusto, também abundante naquela região.
Para além dos licores, ela expõe ainda a planta da moringa e alguns seus derivados que ela própria produz.
A moringa é uma planta de origem tropical com inúmeros benefícios para a saúde, para além de ser forte suplemento dietético. Quase todas as partes da planta são aproveitáveis, por possuírem propriedades medicinais.
“Fui beneficiária do Fundo de Desenvolvimento Distrital (FDD), vulgo sete milhões, para a criação de frangos. Mas as condições do mercado levaram-me à falência. Mas com o pouco que me restou decidi cultivar a moringa. Esta deu-me um impulso. Agora tenho seis mil mudas para transplantar e vender”, disse."
FONTE: NOTICIAS, JORNAL NOTICIAS DE MOÇAMBIQUE.

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