terça-feira, 12 de julho de 2016

ADELINO TIMÓTEO ESCRITOR MOÇAMBICANO MARCOU PRESENÇA NA FEIRA DO LIVRO EM BARCELOS, NORTE DE PORTUGAL

Adelino Timóteo abre-se ao mundo na Feira de Livro de Barcelos

Autor moçambicano falou de como entra para escrita e divulgou a obra na 34ª edição do evento

Feira de Barcelos. Eis o título do evento que no passado dia 5 contou com a participação do escritor e poeta Adelino Timóteo, que, numa tertúlia com o poeta Jorge Viegas, debruçou sobre escrita literária numa cavaqueira subordinada ao tema "O Acto Criativo no Espaço Cultural da Lusofonia – vozes no singular".
Na sessão, Adelino Timóteo referiu-se às particularidades da escrita, falando das suas primeiras leituras e dos autores que lhe animaram desde tenra idade e que, por isso, constituem os seus impulsionadores na oficina da escrita. Entre várias obras, Timóteo primeiro destacou a banda desenhada, tendo-se referido, a seguir, aos livros de aventura como “Os cinco e os Sete” e aos romances de Agatha Christie, claro, sem se esquecer da relevância das seguintes vozes: Ferreira de Castro, Victor Hugo, Alfred de Musset, Guillaume Apolinaire e Jorge Amado.
O objectivo da tertúlia foi de libertar expoentes que revelam afinidades ao nível artístico e cultural entre os moçambicanos e os portugueses. Paralelamente, como acontece nos eventos de género, a Feira de Barcelos permitiu que o autor moçambicano divulgasse as suas obras, de modo que as mesmas já constam do acervo da biblioteca local.
Não obstante, Adelino Timóteo referiu-se ao impacto que os primeiros anos da independência tiveram na configuração da sua obra, de tal modo que, num dos seus livros, “Nós, os do Macurungo”, chega a retratar essa realidade naquela narrativa, mencionando, por um lado, a saída dos moçambicanos de origem portuguesa para a metrópole e, por outro, a chegada dos libertadores. “Naquela altura, havia no bairro que cresci uma forte relação com os livros, entre as minhas amizades. E quem não lesse quase se sentia desenquadrado, porque sentávamos nos muros, à tarde, para contar estórias”, revelou o autor de um dos mais recentes livro da Alcance Editores: “Corpo de Cleópatra”, colectânea de poemas.

Auto-retrato literário do poeta-escritor

Na Feira do livro de Barcelos Timóteo não ignorou o seu encontro com autores africanos e das circunstâncias que passa de leitor a escritor.
“Antes era apenas leitor. Lia tudo: ensaio, romance, teatro e poesia. A grande bênção, para o conhecimento da literatura africana, foi quando nos anos 80 as Edições 70, de Portugal, publicam autores africanos. Graças a isso pude conhecer Chinua Achebe, Wole Soyinka, Nadime Gordimer e Luadino Vieira. Estava assim consolidada a minha formação literária e foi depois disso que comecei a escrever. Os primeiros poemas se revelaram interessantes, para alguns amigos. Devo dizer-lhes que sou responsável por algumas paixões e amores de amigos, pois era a mim a quem encomendavam poemas e muitas vezes caiam como tiros certeiros às raparigas”.
A Feira do Livro de Barcelos terminou há dois dias."
FONTE: JORNAL O PAIS DE MOÇAMBIQUE.

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