domingo, 20 de março de 2016

JARDIM TUNDURU, MAPUTO CONSTRUIDO EM 1885, ESTÁ RECUPERADO E COM NOVAS PLANTAS, VÁ VISITÁ- LO.

O Jardim Tunduru, construído em 1885, está agora, mais bonito depois de anos de quase esquecimento. O segredo é simples: O processo de reabilitação esteve centrado na estrutura completa da infra-estrutura, mas teve particular incidência na introdução de novo tipo de plantas.
domingo esteve lá e conta o que viu.
Acolocação das espécies no recinto obedeceu, em termos de localiza­ção, às condições am­bientais para o desen­volvimento das flores e em cada área foram colocadas plantas específicas.
Junto da estufa maior, próxi­mo do edifício onde funciona a administração do jardim, encon­tra-se um conjunto de plantas denominadas “convolvus”, de flores rochas, cujas folhas se as­semelham às de “jasmim”.
Caminhando em direcção ao campo de ténis pode ser vista a “spirostachys africana” e os “plumbagos capensis”, sendo que, esta última, mais conhecida como "bela-emília", tem as cores azul e branca.
Na direcção do “coreto”, que se localiza no centro do recinto, há outras variedades de plantas, com destaque para a “spatodia”, planta que dá uma flor muito vermelha, a “cyca revoluta”, que se assemelha a uma pequena palmeira, para além das “or­quídeas”, a “ave-do-paraíso”, a “acalypha”, também conhecida como rabo-de-gato, o “lírio do Nilo” e a “sansevieiria”, vulgo “língua da sogra”.
Segundo apurou o domingo, consta do projecto da explora­ção do Tunduru a multiplicação das espécies ali colocadas para venda, processo que visa a ge­ração de receitas destinadas à manutenção daquele espaço público.
Próximo da entrada princi­pal, mais encostado ao “Parque das Quatro Deusas”, foram plantados “anthurius”, de co­res vermelhas, que emprestam uma rara beleza ao local. Bem próximo daquele local estão as “petúnias”, que dão uma flor cor-de-rosa, a “Coroa de Cristo” e as “jacarandás”, que foram repostas no Jardim Tun­duru.
Continuando a visita por aquele espaço pode ver-se, também, a planta denominada “ninho de ave”, cujo nome cien­tífico é “asplenium nidus-ave”, que, devido às suas caracterís­ticas, não pode ficar exposta ao sol.
Em direcção ao “Largo dos Cisnes”, por sinal a área onde se situa a nascente de água do jardim, encontram-se espécies como “ravanelas”, “nenunfas”, “dípcias”, “hidrângeas”, “clí­vias”, “bambus” e os “sisais”, uma planta que dá origem a uma espécie de mastro quando floresce.
A maior parte das novas espécies foi importada da vizi­nha República da África do Sul, esperando-se que outros tipos de plantas venham a fazer par­te do vasto património arbóreo do Tunduru.
O sistema de rega das plan­tas e da relva está a funcionar em pleno. Aliás a irrigação é feita de forma programada, em função de cada área.
O processo de colocação das novas espécies foi liderado pela empresa “Técnica Enge­nheiros e Consultores, Lda.”, por sinal a instituição que es­teve como fiscalizadora das obras de reabilitação, contando ainda com a participação do Instituto Nacional de Investiga­ção Agrária e a “Vibeiras”, esta última encarregue pela manu­tenção das plantas.
PLANTAS COM MAIS DE 100 ANOS
O Jardim Tunduru conserva vivas algumas plantas que estão indissociavelmente ligadas à his­tória daquele maior espaço botâ­nico nacional, contando com mais de 100 anos de existência.
Trata-se de um frondoso ca­nhoeiro, cujo nome científico é ”Sclerocarya birrea”, uma planta nativa que produz o “ucanhu”, que está situado próximo da Rua da Rádio, que oferece sombra e fres­cura a quem visita o jardim.
A outra planta que contabiliza mais de 100 anos no “Tunduru” é uma figueira, denominada “ficus sycomorus”, localizada junto da saída do lado de Avenida Vladimir Lenine, que tanta sombra propor­cionou em tempos e que até agora conserva esse estatuto.
Outra das espécies centená­rias existente no “Tunduru” é uma planta da família das legumino­sas, denominada “paikia”, cujas origens são asiáticas, mais con­cretamente da Malásia.
Segundo indicam outros da­dos a que tivemos acesso, perten­cendo à família das “moracere”, encontra-se uma outra planta centenária, denominada “silha fana”, cujo nome cientifico é “ficus natalensis”.
Igualmente centenária é a “melalenca”, de origem austra­liana, pertencente à família das “mystaceae”.
Ainda no Tunduru, é possível encontrar a “Amendoeira da Ín­dia” e os “eucaliptos” originários da Austrália, contando ambas com mais de 100 anos de vida.
Durante as obras de reabili­tação do jardim todas as plantas beneficiaram de tratamento es­pecial com vista à sua conser­vação por muitos e longos anos.
O projecto de reposição das espécies arbóreas não está con­cluído. Prevê-se a colocação de placas que ostentem os nomes de cada uma das plantas ali existen­tes, assim como dos arruamentos.
PLANTAS MEDICINAIS
Junto do Balcão de Informa­ção Turística do Tunduru foi re­servada uma área para o desen­volvimento de algumas espécies medicinais e aromáticas. É visí­vel a “menta peperina”, a “lavân­dula”, a “pipinela”, a “coffea” e o “piri-piri”, sendo que algumas delas podem ser usadas para a produção de temperos.
Concebido em 1885
O Jardim Tunduru, que foi baptizado com o nome de Jardim Vasco da Gama, nome de um histórico navegador portu­guês, foi construído em 1885 pela então Sociedade Arboricultura e Floricultura.
Na altura da sua edificação o espaço onde se localiza o jardim era um pânta­no, mas o grupo de sócios aprovou, em acta registada, a necessidade de trans­formação do local num parque arbóreo, tendo o encontro se realizado na então Casa Amarela, actual Museu da Moeda, que serviu de residência do então gover­nador do distrito de Lourenço Marques, primeira designação da cidade de Ma­puto.
O Arco Manuelino, construído de al­venaria na entrada principal do jardim, data de 1924, tendo sido erguido em ho­menagem ao quarto centenário da morte do navegador português Vasco da Gama.
O Jardim Tunduru foi desenhado pelo famoso arquitecto e paisagista britânico Thomas Honey, o qual chegou também a desenhar alguns jardins para o Sultão da Turquia e para o Rei da Grécia.
Com a Independência de Moçam­bique, em 1975, o jardim passou a ter a designação de “Tunduru”, sendo considerado com um dos mais belos existentes em todas ex-colónias de Portugal.
FONTE: JORNAL DOMINGO DE MOÇAMBIQUE.

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