O Jardim Tunduru, construído em 1885, está agora, mais bonito depois de anos de quase esquecimento. O segredo é simples: O processo de reabilitação esteve centrado na estrutura completa da infra-estrutura, mas teve particular incidência na introdução de novo tipo de plantas.
domingo esteve lá e conta o que viu.
Acolocação das espécies no recinto obedeceu, em termos de localização, às condições ambientais para o desenvolvimento das flores e em cada área foram colocadas plantas específicas.
Junto da estufa maior, próximo do edifício onde funciona a administração do jardim, encontra-se um conjunto de plantas denominadas “convolvus”, de flores rochas, cujas folhas se assemelham às de “jasmim”.
Caminhando em direcção ao campo de ténis pode ser vista a “spirostachys africana” e os “plumbagos capensis”, sendo que, esta última, mais conhecida como "bela-emília", tem as cores azul e branca.
Na direcção do “coreto”, que se localiza no centro do recinto, há outras variedades de plantas, com destaque para a “spatodia”, planta que dá uma flor muito vermelha, a “cyca revoluta”, que se assemelha a uma pequena palmeira, para além das “orquídeas”, a “ave-do-paraíso”, a “acalypha”, também conhecida como rabo-de-gato, o “lírio do Nilo” e a “sansevieiria”, vulgo “língua da sogra”.
Segundo apurou o domingo, consta do projecto da exploração do Tunduru a multiplicação das espécies ali colocadas para venda, processo que visa a geração de receitas destinadas à manutenção daquele espaço público.
Próximo da entrada principal, mais encostado ao “Parque das Quatro Deusas”, foram plantados “anthurius”, de cores vermelhas, que emprestam uma rara beleza ao local. Bem próximo daquele local estão as “petúnias”, que dão uma flor cor-de-rosa, a “Coroa de Cristo” e as “jacarandás”, que foram repostas no Jardim Tunduru.
Continuando a visita por aquele espaço pode ver-se, também, a planta denominada “ninho de ave”, cujo nome científico é “asplenium nidus-ave”, que, devido às suas características, não pode ficar exposta ao sol.
Em direcção ao “Largo dos Cisnes”, por sinal a área onde se situa a nascente de água do jardim, encontram-se espécies como “ravanelas”, “nenunfas”, “dípcias”, “hidrângeas”, “clívias”, “bambus” e os “sisais”, uma planta que dá origem a uma espécie de mastro quando floresce.
A maior parte das novas espécies foi importada da vizinha República da África do Sul, esperando-se que outros tipos de plantas venham a fazer parte do vasto património arbóreo do Tunduru.
O sistema de rega das plantas e da relva está a funcionar em pleno. Aliás a irrigação é feita de forma programada, em função de cada área.
O processo de colocação das novas espécies foi liderado pela empresa “Técnica Engenheiros e Consultores, Lda.”, por sinal a instituição que esteve como fiscalizadora das obras de reabilitação, contando ainda com a participação do Instituto Nacional de Investigação Agrária e a “Vibeiras”, esta última encarregue pela manutenção das plantas.
PLANTAS COM MAIS DE 100 ANOS
O Jardim Tunduru conserva vivas algumas plantas que estão indissociavelmente ligadas à história daquele maior espaço botânico nacional, contando com mais de 100 anos de existência.
Trata-se de um frondoso canhoeiro, cujo nome científico é ”Sclerocarya birrea”, uma planta nativa que produz o “ucanhu”, que está situado próximo da Rua da Rádio, que oferece sombra e frescura a quem visita o jardim.
A outra planta que contabiliza mais de 100 anos no “Tunduru” é uma figueira, denominada “ficus sycomorus”, localizada junto da saída do lado de Avenida Vladimir Lenine, que tanta sombra proporcionou em tempos e que até agora conserva esse estatuto.
Outra das espécies centenárias existente no “Tunduru” é uma planta da família das leguminosas, denominada “paikia”, cujas origens são asiáticas, mais concretamente da Malásia.
Segundo indicam outros dados a que tivemos acesso, pertencendo à família das “moracere”, encontra-se uma outra planta centenária, denominada “silha fana”, cujo nome cientifico é “ficus natalensis”.
Igualmente centenária é a “melalenca”, de origem australiana, pertencente à família das “mystaceae”.
Ainda no Tunduru, é possível encontrar a “Amendoeira da Índia” e os “eucaliptos” originários da Austrália, contando ambas com mais de 100 anos de vida.
Durante as obras de reabilitação do jardim todas as plantas beneficiaram de tratamento especial com vista à sua conservação por muitos e longos anos.
O projecto de reposição das espécies arbóreas não está concluído. Prevê-se a colocação de placas que ostentem os nomes de cada uma das plantas ali existentes, assim como dos arruamentos.
PLANTAS MEDICINAIS
Junto do Balcão de Informação Turística do Tunduru foi reservada uma área para o desenvolvimento de algumas espécies medicinais e aromáticas. É visível a “menta peperina”, a “lavândula”, a “pipinela”, a “coffea” e o “piri-piri”, sendo que algumas delas podem ser usadas para a produção de temperos.
Concebido em 1885
O Jardim Tunduru, que foi baptizado com o nome de Jardim Vasco da Gama, nome de um histórico navegador português, foi construído em 1885 pela então Sociedade Arboricultura e Floricultura.
Na altura da sua edificação o espaço onde se localiza o jardim era um pântano, mas o grupo de sócios aprovou, em acta registada, a necessidade de transformação do local num parque arbóreo, tendo o encontro se realizado na então Casa Amarela, actual Museu da Moeda, que serviu de residência do então governador do distrito de Lourenço Marques, primeira designação da cidade de Maputo.
O Arco Manuelino, construído de alvenaria na entrada principal do jardim, data de 1924, tendo sido erguido em homenagem ao quarto centenário da morte do navegador português Vasco da Gama.
O Jardim Tunduru foi desenhado pelo famoso arquitecto e paisagista britânico Thomas Honey, o qual chegou também a desenhar alguns jardins para o Sultão da Turquia e para o Rei da Grécia.
Com a Independência de Moçambique, em 1975, o jardim passou a ter a designação de “Tunduru”, sendo considerado com um dos mais belos existentes em todas ex-colónias de Portugal.
Benjamim Wilson
benjamimwilson31@gmail.com"
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FONTE: JORNAL DOMINGO DE MOÇAMBIQUE.
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