"COOPERAÇÃO MOÇAMBIQUE/PORTUGAL: Concentrar o foco para potenciar impacto
MOÇAMBIQUE e Portugal precisam de caminhar para a concentração da sua cooperação bilateral em áreas restritas, como infra-estruturas, formação, agricultura, saúde, educação e parcerias de investimento, de modo a produzir maior visibilidade e impacto na vida dos seus cidadãos.
O Presidente da República, Armando Guebuza, chegou ontem à capital portuguesa, Lisboa, onde inicia esta manhã uma visita de Estado de três dias, a convite do seu homólogo Aníbal Cavaco Silva.
Segundo perspectivas da embaixadora de Moçambique em Portugal, Fernanda Lichale, anda muita expectativa à volta da visita de Armando Guebuza, não só porque esta pode ser a sua última enquanto Chefe do Estado moçambicano, mas sobretudo porque os dois países já construíram uma relação que se vem consolidando ao longo dos últimos anos, precisando apenas de ser ajustada aos diferentes momentos e circunstâncias.
No caso concreto, Fernanda Lichale considera que, embora sejam dezanove os acordos que actualmente sustentam esta cooperação, está na hora de os dois países avançarem para um exercício gradual de concentração dos sectores sobre os quais cooperam de modo a potenciar o seu impacto e visibilidade em termos de resultados.
Para ela, há sectores fortes, como educação e parcerias de investimento que, à semelhança das infra-estruturas, saúde e formação, precisam de ser tratadas de maneira mais específica e concentrada, assumindo que essa opção pode conduzir o nosso país a melhores ganhos na cooperação com Portugal.
Alinhado a esta ideia esteve também o embaixador português acreditado em Maputo, José Augusto de Jesus Duarte, para quem uma parceria estratégica como a que caracteriza as relações entre Moçambique e Portugal precisa de ser alimentada e sistematicamente reforçada ao mais alto nível da hierarquia dos Estados, sendo esta, segundo ele, a filosofia por detrás da decorrente visita de Armando Guebuza àquele país europeu.
“O que se tem em vista é reforçar este espírito de parceria e renovar contactos sem ter, propriamente, algum objectivo concreto de se negociar ou alcançar novos acordos. Vão ser debatidos assuntos da agenda internacional, assuntos da agenda bilateral entre os dois Estados, sem que daí resulte, obrigatoriamente, um novo acordo”, explicou o diplomata português, para quem, depois dos dezanove acordos alcançados em Março último na cimeira bilateral de Maputo, “não há, nesta oportunidade, espaço físico para que haja algo da mesma dimensão”.
O Presidente da República, que desembarcou cerca das dez horas da manhã de ontem no Aeroporto de Portela, em Lisboa, acompanhado da esposa, Maria da Luz Guebuza, foi imediatamente conduzido ao Hotel Histórico da Cidadela, em Cascais, a partir de onde vai cumprir a preenchida agenda da visita que começa esta manhã com a deposição de flores no Mosteiro dos Jerónimos em homenagem ao poeta Luís Vaz de Camões.
Ainda esta manhã, de acordo com o programa oficial, o Chefe do Estado moçambicano deverá receber uma condecoração do Presidente português, Aníbal Cavaco Silva, em cerimónia a ter lugar no Palácio de Belém. Tanto o protocolo da visita como o pessoal diplomático português foram parcos em informações sobre esta condecoração, nomeadamente com relação ao seu alcance e significado.
Presentemente, e segundo dados apurados pelo “Notícias” e confirmados pela embaixadora Fernanda Lichale, estão cerca de cinco mil moçambicanos a residir em Portugal, naturalmente ressentidos da crise económica e financeira, reflectida sobretudo na falta de emprego, fenómeno comum aos cidadãos portugueses.
Por causa dessa difícil situação a diplomata moçambicana confirma que o número de concidadãos aqui residentes tende a baixar dia-após-dia, com muitos deles a optarem por regressar à casa.
Na agenda do Chefe do Estado consta um encontro com a comunidade moçambicana residente em Portugal, ocasião que servirá para o Presidente tomar o verdadeiro pulso da situação.
Segundo soubemos, um dos tópicos que interessa ao Chefe do Estado nesta visita é a questão do tratamento recíproco, numa altura em que há interesse de parte a parte em que se melhore sobretudo os mecanismos de concessão de vistos de negócio de modo a corresponder ao crescente interesse de cooperação neste sector.
Júlio Manjate, em Cascais"
FONTE: JORNAL NOTICIAS DE MOÇAMBIQUE
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