"Especialista da Brandia Central, Ricardo Miranda, revela estratégia para os jovens criarem uma marca que os satisfaça e ganhem dinheiro
Esqueça uma profissão, herança ou emigração. Uma lição para criar uma marca
Há marcas que não morrem e valem muito
D.R.
D.R.
"Se querem independência futura, comecem a pensar em criar marcas, em vez de confiarem só em profissões, emigrações ou heranças." Esta é a mensagem de Ricardo Miranda, especialista em marcas da Brandia Central para os jovens que se preparam para entrar no mercado de trabalho. Siga a página de Emprego do Dinheiro Vivo no Facebook e fique a par das novidades
Ricardo Miranda explicou esta quinta-feira, no Fórum de Empreendedores na FNAC Colombo, em parceria com a Jr. Achievement, a uma plateia de estudantes do secundário, politécnico e universitário o que "é necessário para criar uma marca que faça bem".
"Queria deixar o bichinho para as novas gerações", diz. Estava reticente, "porque nunca tinha competido com cafés e tostas mistas a serem servidas, mas correu muito bem", brinca.
E aqui fica a fórmula de Ricardo Miranda para "criar uma marca de sucesso que vos faça bem."
As alternativas clássicas para as novas gerações eram:
1) herança - para os que têm a vantagem genealógica;
2) sorte - para os parentes do Gastão, primo do Donald;
3) profissão - para os que querem ser simplesmente bons no que fazem;
4) montar uma empresa - para os empreendedores, tão em voga;
5) emigrar - fomos emigrantes e voltámos a ser.
O século XXI oferece-nos uma 6.ª escolha que tem um bocadinho das opções anteriores, mas noutros moldes: criar marcas. Porquê marcas?
A) Têm imaginação, mas não vos obrigam a viver no mundo da lua;
B) Têm comércio, mas não implica, necessariamente, serem empresários, gestores, financeiros ou mesmo comerciantes;
C) Têm imagem, mas não precisam de ser modelos;
D) Têm escrita, mas não precisam de escrever como o Saramago;
E) Têm pessoas, mas não precisam de ser populares;
F) Têm autoria, mas não precisam de ser artistas (um autor é virtualmente imortal; um dono tem sempre um prazo de validade).
Condições
1.Vontade
Quem tem, convence. George Lucas tinha 25 anos quando negociou os direitos do Star Wars com executivos de Hollywood, que têm fama de comer pessoas vivas. E deu-se bem. Quando lhe perguntaram como conseguiu enfrentá-los e assinar um contrato épico, respondeu “sou o autor”. O poder da autoria - a vontade - não pode ser subestimado. Quem cria uma marca, cria as regras da marca e fica com o poder de a controlar.
2. Novidade
Se já existe, a autoria é doutro. Uma marca tem sempre de ter algo diferente que as pessoas percebam como sendo diferente. Pode ser milimétrica, mas se for percebida, está-se bem.
3. Mercado
Alguém tem de querer. Ser diferente só pela diferença não interessa para nada se ninguém quiser. Alguém querer é um “reality check” fundamental. Só existem marcas de pessoas para pessoas (esta é uma lei universal do branding). Lembrem-se que mesmo as marcas de cães são feitas para pessoas.
4. Organização
Sem sistema, temos pena. Intuição, paixão e inovação são pontos de partida. Para se chegar à “chegada” é necessário pensar em métodos, sistemas, uma forma de se ir de A a Z (na Brandia Central temos o “Elevation System”). Para que tudo bata certo e não se fique apenas pelo “querer, queria”. Não tem de ser chato, mas tem de ser feito.
Ingredientes
a. Cores
São milhões. Têm muito por onde escolher. Escolhe-las é uma arte. Ter gosto, bom senso, tutoriais na net e pedir ajuda a quem sabe, ajudam a tomar a decisão.
b. Formas
Idem.
c. Voz
Marcas são criadas por pessoas para falar com pessoas pelo que, sim, falam.
d. Personalidade
Há muito que os fabricantes de marcas descobriram que quanto mais parecidas com as pessoas forem as suas marcas, mais pessoas elas atraem. Personalidade faz parte do kit básico de qualquer ser humano e de qualquer marca que queira ser uma marca a sério.
e. Produtos
Aqui a doutrina divide-se. Historicamente, as marcas modernas foram criadas, como efeito da industrialização, para que os consumidores pudessem distinguir produtos idênticos e identificar os fabricantes. Mas a História fez o que faz sempre, evoluiu e, hoje em dia, já há muitas marcas cujo propósito é chamar a atenção, mudar comportamentos, mostrar pontos de vista, coisas que não têm nada a ver com consumo ou com produtos. O cordão umbilical aos produtos já foi cortado, mas continuam a ser atores principais no universo das marcas.
f. Química
Se as marcas são cada vez mais como as pessoas para poderem chegar às pessoas, então o próximo passo é fazer o que as pessoas fazem quando querem dar-se com outras: cativar, gerar empatia. Criar uma marca cada vez se parece mais com criar uma pessoa, só que sem corpo.
g. Tema
A vossa marca vai ser sobre o quê? Os temas podem ser tudo o que interessa às pessoas, desde que tenha mercado.
Medida do sucesso
Não há uma medida. Há muitas. Vendas, notoriedade, carteira de clientes, valor bolsista, inovação, portas que abriu, etc. Deixo 2 indicadores que funcionam como GPS:
Valor financeiro
Basicamente, quanto é que alguém que queira comprar a vossa marca, está disposto a dar por ela. Esta questão surgiu nos anos 1980. Quando a Philip Morris comprou a Kraft Foods, em 1988, teve de pagar um preço muito superior ao valor dos bens materiais da empresa (produtos, escritórios, material de escritório, automóveis...).
A diferença estava numa coisa que não se pode tocar ( “intangível”), mas que foi avaliada como sendo muito cara: o valor da marca Kraft. O facto dela estar na cabeça de milhões de americanos. Os analistas ficaram de boca aberta. A partir daí as marcas passaram a ser olhadas com outros olhos. Muitas fortunas foram feitas à conta disto.
Este é um caminho que podem seguir: criar a vossa marca, engordá-la e vende-la por uma tonelada de dinheiro a um investidor abonado ou a uma multinacional. Mas lembrem-se que alguém só compra a vossa marca se achar que vai fazer outra tonelada de dinheiro com ela. Dinheiro que podia ser vosso. Se tivessem ficado com a vossa marca.
Valor emocional
O coração é um órgão magnífico. Liga-nos a tudo. A pessoas, a outros seres vivos, a coisas, a marcas. Se as vossas marcas conquistarem o coração das pessoas, a vossa independência futura fica muito facilitada. A Catarina Portas lançou A Vida Portuguesa uma loja onde colocou à venda produtos do “antigamente”, a que muitos portugueses estavam ligados por laços afetivos. Muitos eram de marcas que ela, pouco a pouco, ressuscitou. Muitos anos depois de terem sido descontinuadas (o termo técnico para enterradas) ou praticamente abandonadas, eis que muitas marcas voltaram à vida porque as pessoas as tinham guardado no coração. É poético, mas, sobretudo, mostra o poder de uma marca.
Leia também: Tem uma ideia mas falta-lhe financiamento? Já não
Ricardo Miranda explicou esta quinta-feira, no Fórum de Empreendedores na FNAC Colombo, em parceria com a Jr. Achievement, a uma plateia de estudantes do secundário, politécnico e universitário o que "é necessário para criar uma marca que faça bem".
"Queria deixar o bichinho para as novas gerações", diz. Estava reticente, "porque nunca tinha competido com cafés e tostas mistas a serem servidas, mas correu muito bem", brinca.
E aqui fica a fórmula de Ricardo Miranda para "criar uma marca de sucesso que vos faça bem."
As alternativas clássicas para as novas gerações eram:
1) herança - para os que têm a vantagem genealógica;
2) sorte - para os parentes do Gastão, primo do Donald;
3) profissão - para os que querem ser simplesmente bons no que fazem;
4) montar uma empresa - para os empreendedores, tão em voga;
5) emigrar - fomos emigrantes e voltámos a ser.
O século XXI oferece-nos uma 6.ª escolha que tem um bocadinho das opções anteriores, mas noutros moldes: criar marcas. Porquê marcas?
A) Têm imaginação, mas não vos obrigam a viver no mundo da lua;
B) Têm comércio, mas não implica, necessariamente, serem empresários, gestores, financeiros ou mesmo comerciantes;
C) Têm imagem, mas não precisam de ser modelos;
D) Têm escrita, mas não precisam de escrever como o Saramago;
E) Têm pessoas, mas não precisam de ser populares;
F) Têm autoria, mas não precisam de ser artistas (um autor é virtualmente imortal; um dono tem sempre um prazo de validade).
Condições
1.Vontade
Quem tem, convence. George Lucas tinha 25 anos quando negociou os direitos do Star Wars com executivos de Hollywood, que têm fama de comer pessoas vivas. E deu-se bem. Quando lhe perguntaram como conseguiu enfrentá-los e assinar um contrato épico, respondeu “sou o autor”. O poder da autoria - a vontade - não pode ser subestimado. Quem cria uma marca, cria as regras da marca e fica com o poder de a controlar.
2. Novidade
Se já existe, a autoria é doutro. Uma marca tem sempre de ter algo diferente que as pessoas percebam como sendo diferente. Pode ser milimétrica, mas se for percebida, está-se bem.
3. Mercado
Alguém tem de querer. Ser diferente só pela diferença não interessa para nada se ninguém quiser. Alguém querer é um “reality check” fundamental. Só existem marcas de pessoas para pessoas (esta é uma lei universal do branding). Lembrem-se que mesmo as marcas de cães são feitas para pessoas.
4. Organização
Sem sistema, temos pena. Intuição, paixão e inovação são pontos de partida. Para se chegar à “chegada” é necessário pensar em métodos, sistemas, uma forma de se ir de A a Z (na Brandia Central temos o “Elevation System”). Para que tudo bata certo e não se fique apenas pelo “querer, queria”. Não tem de ser chato, mas tem de ser feito.
Ingredientes
a. Cores
São milhões. Têm muito por onde escolher. Escolhe-las é uma arte. Ter gosto, bom senso, tutoriais na net e pedir ajuda a quem sabe, ajudam a tomar a decisão.
b. Formas
Idem.
c. Voz
Marcas são criadas por pessoas para falar com pessoas pelo que, sim, falam.
d. Personalidade
Há muito que os fabricantes de marcas descobriram que quanto mais parecidas com as pessoas forem as suas marcas, mais pessoas elas atraem. Personalidade faz parte do kit básico de qualquer ser humano e de qualquer marca que queira ser uma marca a sério.
e. Produtos
Aqui a doutrina divide-se. Historicamente, as marcas modernas foram criadas, como efeito da industrialização, para que os consumidores pudessem distinguir produtos idênticos e identificar os fabricantes. Mas a História fez o que faz sempre, evoluiu e, hoje em dia, já há muitas marcas cujo propósito é chamar a atenção, mudar comportamentos, mostrar pontos de vista, coisas que não têm nada a ver com consumo ou com produtos. O cordão umbilical aos produtos já foi cortado, mas continuam a ser atores principais no universo das marcas.
f. Química
Se as marcas são cada vez mais como as pessoas para poderem chegar às pessoas, então o próximo passo é fazer o que as pessoas fazem quando querem dar-se com outras: cativar, gerar empatia. Criar uma marca cada vez se parece mais com criar uma pessoa, só que sem corpo.
g. Tema
A vossa marca vai ser sobre o quê? Os temas podem ser tudo o que interessa às pessoas, desde que tenha mercado.
Medida do sucesso
Não há uma medida. Há muitas. Vendas, notoriedade, carteira de clientes, valor bolsista, inovação, portas que abriu, etc. Deixo 2 indicadores que funcionam como GPS:
Valor financeiro
Basicamente, quanto é que alguém que queira comprar a vossa marca, está disposto a dar por ela. Esta questão surgiu nos anos 1980. Quando a Philip Morris comprou a Kraft Foods, em 1988, teve de pagar um preço muito superior ao valor dos bens materiais da empresa (produtos, escritórios, material de escritório, automóveis...).
A diferença estava numa coisa que não se pode tocar ( “intangível”), mas que foi avaliada como sendo muito cara: o valor da marca Kraft. O facto dela estar na cabeça de milhões de americanos. Os analistas ficaram de boca aberta. A partir daí as marcas passaram a ser olhadas com outros olhos. Muitas fortunas foram feitas à conta disto.
Este é um caminho que podem seguir: criar a vossa marca, engordá-la e vende-la por uma tonelada de dinheiro a um investidor abonado ou a uma multinacional. Mas lembrem-se que alguém só compra a vossa marca se achar que vai fazer outra tonelada de dinheiro com ela. Dinheiro que podia ser vosso. Se tivessem ficado com a vossa marca.
Valor emocional
O coração é um órgão magnífico. Liga-nos a tudo. A pessoas, a outros seres vivos, a coisas, a marcas. Se as vossas marcas conquistarem o coração das pessoas, a vossa independência futura fica muito facilitada. A Catarina Portas lançou A Vida Portuguesa uma loja onde colocou à venda produtos do “antigamente”, a que muitos portugueses estavam ligados por laços afetivos. Muitos eram de marcas que ela, pouco a pouco, ressuscitou. Muitos anos depois de terem sido descontinuadas (o termo técnico para enterradas) ou praticamente abandonadas, eis que muitas marcas voltaram à vida porque as pessoas as tinham guardado no coração. É poético, mas, sobretudo, mostra o poder de uma marca.
Leia também: Tem uma ideia mas falta-lhe financiamento? Já não
"Se querem independência futura, comecem a pensar em criar marcas, em vez de confiarem só em profissões, emigrações ou heranças"
FONTE: www.dinheirovivo.PT
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