"Numa fase mais avançada da carreira, a reinvenção é diferente, mas não é impossível. E é essencial para permanecer no mercado de trabalho
Tem mais de 50 anos? 5 regras simples para se reinventar profissionalmente
Ative contactos adormecidos
D.R.
D.R.
Encontrava-me no pavilhão, na noite dos autores do Harvard Club de Nova Iorque, quando uma mulher menos jovem se aproximou e pegou num exemplar do meu livro, “Reinventing You” (“Reinventar-se”). Folheou-o por momentos e voltou a pousá-lo. “Para mim, é demasiado tarde”, comentou bruscamente antes de virar costas.Foi uma questão colocada frequentemente ao longo dos seis meses de promoção do meu livro. A reinvenção profissional não é só para jovens? E se eu for demasiado velho? Como posso passar anos a treinar para fazer algo novo, quando já estou perto da reforma? É verdade: numa fase mais avançada da carreira, a reinvenção é diferente. Mas diferente não é o mesmo que impossível.
Veja também: Salários no privado. Veja aqui quanto variaram entre 2012 e 2013
De facto, é cada vez mais essencial para qualquer profissional que aspire a permanecer no mercado de trabalho, seja por quanto tempo for. Steven Rice, vice-presidente executivo de Recursos Humanos da Juniper Networks, contou-me que pergunta diretamente aos candidatos a emprego, “Como está a adaptar-se e a abordar a sua próxima curva de reinvenção?” Fá-lo, afirma, porque “as pessoas têm de se reinventar para se adaptarem ao novo contexto laboral”. Depois de falar com centenas de baby boomers (e mais velhos) que querem reinventar-se, mas temem que seja demasiado tarde, identifiquei alguns pontos-chave para os trabalhadores mais velhos desejosos de fazer uma transição.
Compreenda que tem tempo suficiente. Há quem pense que não vale a pena realizar grandes mudanças numa fase mais tardia da vida. Outros discordam — como a minha mãe, que decidiu usar aparelho nos dentes depois dos cinquenta, porque poderia ser “dois anos mais velha, ou dois anos mais nova com os dentes direitos”. Se o dinheiro não for uma preocupação, não há razão para não explorar áreas completamente diferentes. (O pai de um amigo meu obteve recentemente, aos 66 anos, o doutoramento). Se ainda está a trabalhar para a reforma, pode, sem dúvida, tratar de se reinventar, mas talvez ponderando mudanças mais subtis, como ter algumas aulas para melhorar as suas capacidades, em vez de tirar uma licença de vários anos para fazer um doutoramento.
Claro que você tem qualificações a mais — assuma-o. Sei de muitos “reinventores” com mais de 50 anos que foram rejeitados para empregos em áreas novas por serem demasiado qualificados. Não é difícil perceber porquê. Se alguém já foi um executivo poderoso, é desconcertante tentar compreender por que pretende ser algo muito menos prestigiante (a não ser por verdadeiro desespero económico). Não passarão o resto da vida ressentidos? Em vez de se esquivarem ao problema, aconselho os profissionais mais antigos a enfrentarem-no. Poderá dizer, “Talvez esteja a perguntar-se como reagirei a ser gerido por alguém mais novo que eu, quando estava acostumado a gerir muita gente. É exatamente por isso que quero este emprego e essa é parte do valor com que contribuo. Como já fui gestor, compreendo as pressões e frustrações que eles enfrentam, e posso ser um empregado ainda melhor. E estou desejoso de aprender acerca desta nova área com um verdadeiro especialista”.
Acompanhe os tempos. Por que razão deve ser ativo nas redes sociais? Porque — para o bem ou para o mal — isso deixou de ser uma opção. Para os executivos com mais de 50 anos é ainda mais crítico ter uma presença social, o que é cada vez mais visto como uma forma de estar atualizado profissionalmente. Se a sua pegada digital for deficiente e não marcar presença em sites básicos como o LinkedIn ou o Twitter, é provável que o considerem um adversário da tecnologia e o ignorem. De facto, até a noção básica de escrever um currículo se está a tornar antiquada: o seu “currículo-sombra” é o Google.
Mantenha-se ligado ao passado. Todos sabemos que é mais provável as oportunidades profissionais surgirem da nossa rede atual de contactos. O que muitos não compreendem, porém, é que a informação e as oportunidades mais valiosas vêm de “ligações adormecidas”, ou pessoas do nosso passado com as quais perdemos o contacto. Como escreve um professor de Wharton, Adam Grant, “Tal como os laços fracos, os laços adormecidos oferecem informação nova: desde que interrompemos a comunicação, eles ligaram-se a pessoas novas e acumularam novos conhecimentos. Porém, ao contrário dos laços fracos… a história e a experiência partilhadas tornam o retomar do contacto mais rápido e mais confortável e pode confiar que eles se preocupem mais consigo do que os seus conhecidos.” Talvez tenha chegado o momento de restabelecer contactos.
Surpreenda as pessoas. Por outro lado, as suas ligações fortes – as pessoas com quem, hoje, trabalha de perto – podem ter desenvolvido ideias fixas acerca de quem você é e do que é capaz, sobretudo se tem trabalhado na mesma empresa ou setor. Para se reinventar, precisa de inverter essas ideias feitas, de preferência de forma dramática, para que eles dêem por isso. Empenhe-se em assumir um inesperado papel de liderança, fazer um curso numa área nova, como programação, ou pedir explicitamente que lhe atribuam uma tarefa que seja intrigante para si (o seu chefe e colegas podem ter começado a achar, ao longo dos anos, que “sabem o que lhe interessa”, e chegou o momento de lhes mostrar que estão errados). Faça-os parar e repensar as ideias que têm de si.
A reinvenção depois dos 50, mais do que possível, é crítica para manter as suas capacidades em dia e a sua realização no trabalho. Entre manter-se atualizado com as novas redes sociais, assumir a sua história, restabelecer contactos do passado e agitar a perspetiva cristalizada que os seus atuais colegas podem ter de si, em breve estará preparado para o próximo capítulo na sua vida profissional.
Dorie Clark é consultora de estratégia e conferencista convidada de clientes como a Google, Universidade de Yale, Microsoft e Banco Mundial. Professora adjunta de Administração Empresarial na Fuqua School of Business da Universidade de Duke, escreveu o livro Reinventing You: Define Your Brand, Imagine Your Future
Veja também: Salários no privado. Veja aqui quanto variaram entre 2012 e 2013
De facto, é cada vez mais essencial para qualquer profissional que aspire a permanecer no mercado de trabalho, seja por quanto tempo for. Steven Rice, vice-presidente executivo de Recursos Humanos da Juniper Networks, contou-me que pergunta diretamente aos candidatos a emprego, “Como está a adaptar-se e a abordar a sua próxima curva de reinvenção?” Fá-lo, afirma, porque “as pessoas têm de se reinventar para se adaptarem ao novo contexto laboral”. Depois de falar com centenas de baby boomers (e mais velhos) que querem reinventar-se, mas temem que seja demasiado tarde, identifiquei alguns pontos-chave para os trabalhadores mais velhos desejosos de fazer uma transição.
Compreenda que tem tempo suficiente. Há quem pense que não vale a pena realizar grandes mudanças numa fase mais tardia da vida. Outros discordam — como a minha mãe, que decidiu usar aparelho nos dentes depois dos cinquenta, porque poderia ser “dois anos mais velha, ou dois anos mais nova com os dentes direitos”. Se o dinheiro não for uma preocupação, não há razão para não explorar áreas completamente diferentes. (O pai de um amigo meu obteve recentemente, aos 66 anos, o doutoramento). Se ainda está a trabalhar para a reforma, pode, sem dúvida, tratar de se reinventar, mas talvez ponderando mudanças mais subtis, como ter algumas aulas para melhorar as suas capacidades, em vez de tirar uma licença de vários anos para fazer um doutoramento.
Claro que você tem qualificações a mais — assuma-o. Sei de muitos “reinventores” com mais de 50 anos que foram rejeitados para empregos em áreas novas por serem demasiado qualificados. Não é difícil perceber porquê. Se alguém já foi um executivo poderoso, é desconcertante tentar compreender por que pretende ser algo muito menos prestigiante (a não ser por verdadeiro desespero económico). Não passarão o resto da vida ressentidos? Em vez de se esquivarem ao problema, aconselho os profissionais mais antigos a enfrentarem-no. Poderá dizer, “Talvez esteja a perguntar-se como reagirei a ser gerido por alguém mais novo que eu, quando estava acostumado a gerir muita gente. É exatamente por isso que quero este emprego e essa é parte do valor com que contribuo. Como já fui gestor, compreendo as pressões e frustrações que eles enfrentam, e posso ser um empregado ainda melhor. E estou desejoso de aprender acerca desta nova área com um verdadeiro especialista”.
Acompanhe os tempos. Por que razão deve ser ativo nas redes sociais? Porque — para o bem ou para o mal — isso deixou de ser uma opção. Para os executivos com mais de 50 anos é ainda mais crítico ter uma presença social, o que é cada vez mais visto como uma forma de estar atualizado profissionalmente. Se a sua pegada digital for deficiente e não marcar presença em sites básicos como o LinkedIn ou o Twitter, é provável que o considerem um adversário da tecnologia e o ignorem. De facto, até a noção básica de escrever um currículo se está a tornar antiquada: o seu “currículo-sombra” é o Google.
Mantenha-se ligado ao passado. Todos sabemos que é mais provável as oportunidades profissionais surgirem da nossa rede atual de contactos. O que muitos não compreendem, porém, é que a informação e as oportunidades mais valiosas vêm de “ligações adormecidas”, ou pessoas do nosso passado com as quais perdemos o contacto. Como escreve um professor de Wharton, Adam Grant, “Tal como os laços fracos, os laços adormecidos oferecem informação nova: desde que interrompemos a comunicação, eles ligaram-se a pessoas novas e acumularam novos conhecimentos. Porém, ao contrário dos laços fracos… a história e a experiência partilhadas tornam o retomar do contacto mais rápido e mais confortável e pode confiar que eles se preocupem mais consigo do que os seus conhecidos.” Talvez tenha chegado o momento de restabelecer contactos.
Surpreenda as pessoas. Por outro lado, as suas ligações fortes – as pessoas com quem, hoje, trabalha de perto – podem ter desenvolvido ideias fixas acerca de quem você é e do que é capaz, sobretudo se tem trabalhado na mesma empresa ou setor. Para se reinventar, precisa de inverter essas ideias feitas, de preferência de forma dramática, para que eles dêem por isso. Empenhe-se em assumir um inesperado papel de liderança, fazer um curso numa área nova, como programação, ou pedir explicitamente que lhe atribuam uma tarefa que seja intrigante para si (o seu chefe e colegas podem ter começado a achar, ao longo dos anos, que “sabem o que lhe interessa”, e chegou o momento de lhes mostrar que estão errados). Faça-os parar e repensar as ideias que têm de si.
A reinvenção depois dos 50, mais do que possível, é crítica para manter as suas capacidades em dia e a sua realização no trabalho. Entre manter-se atualizado com as novas redes sociais, assumir a sua história, restabelecer contactos do passado e agitar a perspetiva cristalizada que os seus atuais colegas podem ter de si, em breve estará preparado para o próximo capítulo na sua vida profissional.
Dorie Clark é consultora de estratégia e conferencista convidada de clientes como a Google, Universidade de Yale, Microsoft e Banco Mundial. Professora adjunta de Administração Empresarial na Fuqua School of Business da Universidade de Duke, escreveu o livro Reinventing You: Define Your Brand, Imagine Your Future
A reinvenção depois dos 50, mais do que possível, é crítica para manter as suas capacidades em dia e a sua realização no trabalho"
FONTE: www.dinheirovivo.PT
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