quinta-feira, 8 de agosto de 2013

LOURENÇO DO ROSÁRIO ACREDITA NA EXISTÊNCIA DE CONDIÇÕES PARA SE ULTRAPASSAR A TENSÃO POLITICA QUE AFECTA O PAIS, MOÇAMBIQUE TEM BOA EXPERIÊNCIA NA RESOLUÇÃO DE CONFLITOS

"Moçambique tem boa experiência na resolução de conflitos - Lourenço do Rosário
Lourenco-do-Rosario 09x11x625x210O académico moçambicano, Lourenço do Rosário, acredita na existência de condições para se ultrapassar a tensão política que afecta o país, advogando contudo, ser necessário que se prossiga com o diálogo entre o Governo e a Renamo, o maior partido de oposição em Moçambique.
Do Rosário falava terça-feira, em Maputo, durante a palestra organizada pelo Instituto Holandês para a Promoção da Democracia Multipartidária (NIMD), em parceria com a Universidade Politécnica, um evento que contou com a presença dos antigos embaixadores do Reino dos Países Baixos em Moçambique, Robert Vornis e Roeland van de Geer , bem como o actual Fréderique de Man.

O académico disse que a experiência do país demonstra que o diálogo sempre foi a melhor forma da resolução dos problemas no país.

“A história do nosso país tem vários momentos que demonstram que o diálogo é importante para acabar com problemas de antagonismo, hostilidade. Moçambique tem várias experiencias de diálogo, gostaria de apontar, como a primeira experiencia histórica, as conversações dos acordos de Lusaka, a 7 de Setembro de 1974, que culminaram com a libertação do país”, disse.

Ademais, Do Rosário apontou para o acordo assinado em Roma, a 4 de Outubro de 1992,que culminou com o fim da guerra civil,entre o Governo de Moçambique e o partido Renamo, maior partido da oposição, como outra experiência que o país tem para a resolução de problemas.

“Pode-se colher dessa experiência, para a resolução de problemas e deve-se colocar de lado aquilo que nos separa e ver o que podemos por na mesa para o bem de todos. Infelizmente, as divergências são matéria necessária para que haja progresso. O diálogo é a única saída”, referiu.

Para o académico, é importante que se resolva este problema, pois todos moçambicanos estão ansiosos e querem viver em paz.

Na ocasião, ele lamentou o estado actual em que o país se encontra. “Não estamos numa situação normal no país. Se estivéssemos não teríamos colunas e delegações a conversar. Não teríamos um chefe partidário nas matas”, lamentou Do Rosário.

Por seu turno, o antigo embaixador do Reino dos Países Baixos em Moçambique, Roeland van de Geer, ora embaixador da União Europeia na África do Sul, acredita também que Moçambique pode ultrapassar a tensão política que observa, mas, para tal, é necessário que se inclua no processo todos actores sociais.

“Um verdadeiro debate nacional inclui a sociedade civil, comunidades religiosas, comunidade empresarial e a imprensa. Decisões nacionais são tomadas pelo Governo e a Assembleia Nacional, mas, para chegar a essas decisões, um diálogo político nacional bem informado é essencial”, defendeu.

Prosseguindo, ele lamentou a instabilidade actual no país, indicando que há partidos políticos que não respeitam o processo pelo qual muitos moçambicanos perderam as vidas.

“Moçambique deve continuar com o seu processo único para superar as suas dificuldades e, mais uma vez, demonstrar que é capaz de resolver os seus conflitos internos de forma pacífica. O diálogo político nacional no qual a assembleia desempenha um papel estimulante é essencial”, afirmou.
O diálogo político, segundo ele, pode desempenhar um papel importante na consolidação da democracia o desenvolvimento e a paz duradoira no país, um processo democrático inclusivo em que todos os moçambicanos se sentem representados para uma garantia de paz e prosperidade para as futuras gerações.
Enquanto isso, De Man, diz que este cenário e a imagem de um Moçambique promissor pode se ameaçada.

“Como é possível que, depois de 21 anos de assinatura dos Acordos da Paz, aventa-se a possibilidade de uma luta armada", indagou, acrescentando em seguida que “tenho visto como essas tensões trouxeram de volta o trauma causados pelo conflito armado e isso entristece-me muito”, disse

Num outro desenvolvimento, ela considerou o boicote de alguns partidos políticos às eleições autárquicas de Novembro uma irresponsabilidade.

“Para mim, boicotar as eleições é irresponsável, mas são os partidos políticos que devem decidir o que eles querem fazer”, disse.

Em Moçambique existem cerca de 40 partidos políticos, porém apenas 19 partidos políticos, coligações de partidos políticos e grupos de cidadãos proponentes manifestaram até ontem a sua intenção de participar nas eleições autárquicas de 20 de Novembro, inscrevendo-se para o efeito, em sede da Comissão Nacional de Eleições (CNE).
(RM/AIM)

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