"Primeiro Plano
Centro
Dia Mães de Mavalane um lugar de aprendizagem. Oportunidades que salvam jovens do abismo. SÃO jovens que tinham perdido sonho de um dia vir a ter uma vida
condigna, dadas dificuldades a que estavam mergulhados. As causas do desespero
são várias. Por um lado estão relacionadas com a orfandade e por outro pela
falta de possibilidade por parte dos pais em sustentar os estudos.
Vasco
Muchanga
De angariador de passageiros a sociólogo! Maputo, Quinta-Feira, 19 de Abril de 2012 Notícias
José
Chilaúle
Pais devem dar auto-estima a crianças com deficiência. Maputo, Quinta-Feira, 19 de Abril de 2012 Notícias
Augusto
Inguane
Antes vendedor ambulante hoje docente universitário Maputo, Quinta-Feira, 19 de Abril de 2012 Notícias
Soluções locais para problemas locais Maputo, Quinta-Feira, 19 de Abril de 2012 Notícias Entretanto, numa altura em que o centro vem demonstrando um crescimento
inquestionável e apesar de o Primeiro-Ministro português, Passos Coelho, ter
tranquilizado, pairam alguns receios sobre a sua continuidade tendo em conta a
crise que afecta o país, que tanto dá para a melhoria da vida de muitos petizes:
Portugal.
Maputo, Quinta-Feira, 19 de Abril de 2012
Notícias
Graças a boas almas tiveram oportunidade de tornear as dificuldades e fazer
delas oportunidades para singrar na vida. Já contribuem de forma diferente no
processo de desenvolvimento do país pois, após concluírem a formação
enquadraram-se no mercado de emprego. Uns eram angariadores de passageiros nos terminais de chapas, vendedores
ambulantes de peixe, petróleo, roupa usada e água. Dos nossos entrevistados há
quem via os seus sonhos adiados devido à cegueira contraída durante uma
intervenção cirúrgica mal sucedida. Estamos a falar de jovens de vários bairros
da cidade de Maputo que podem ser considerados um exemplo de sucesso na
perseguição dos objectivos, graças à acção do Centro Dia Mães de Mavalane, uma
instituição religiosa liderada pelo Padre Anastácio Jorge há 25 anos. Deixaram
os preconceitos de lado, aceitaram falar à nossa Reportagem e contaram a sua
história de vida na primeira pessoa.
Vasco Muchanga, de 32 anos de idade perdeu os pais em 1998. Foi nessa altura
que tudo se apagou, pois não tinha ninguém na família que pudesse dar rumo à sua
vida e a dos seus quatro irmãos. Filho mais velho da família, tinha na altura,
sob sua responsabilidade, quatro irmãos dos quais uma tinha dois anos de idade.
O destino de todos estava nessa altura nas suas mãos. De que forma ele próprio
não sabia até que um dia surgiu-lhe a ideia de fazer algo em benefício de
todos.A alternativa foi sair à rua e pôr mãos a obra. O terminal de transportes de
passageiro no Jardim e mais tarde na Junta foi a salvação do momento. Nessa
altura teve que trabalhar na companhia do seu irmão mais novo com quem vendia
amendoim e batata-doce cozida aos passageiros, ao mesmo tempo que os angariava
para os diferentes autocarros.
A partir dessa altura, estava resolvido um problema pontual na família: o da alimentação. Só que tudo se resumia no presente e nada se vislumbrava para os dias subsequentes. Foi então que com o apoio de um conhecido seu, chegou até ao Padre Jorge quem lhe sugeriu que trabalhasse para o centro, fazendo pequenos trabalhos como a venda de água no fontanário local, ao mesmo tempo que estudava e beneficiava de refeições, na companhia de seus irmãos. Na altura da morte dos pais, Vasco tinha concluído a quinta classe.“Quando os meus pais morreram, todos nós estudávamos mas fomos obrigados a parar por falta de condições. A saída era mesmo fazer pequenos biscates, carregando trouxas em troca de valores irrisórios e por dia conseguíamos amealhar 50 meticais. Alguém da minha zona que rezava com o Padre Jorge vivia a nossa situação e intercedeu por nós junto do padre Jorge. Ele procurou saber se eu queria ou não continuar a estudar. Respondi-lhe que sim mas que não o fazia, pois não tinha o que comer com os meus irmãos. Ele prontificou-se em ajudar mantendo-nos a estudar e a dar-nos de comer ”, lembra-se Vasco.
A trajectória do nosso interlocutor foi para além do Centro Dia Mães de Mavalane, tendo passado pelo curso médio de Acção Social no Instituto Maria Mãe África onde conseguiu ser o melhor aluno. O facto valeu-lhe uma vaga de emprego no Ministério da Mulher e Acção Social e em 2008 foi frequentar o curso na universidade onde concluiu a parte curricular do curso de Sociologia, estando a preparar-se para a dissertação da tese.
A partir dessa altura, estava resolvido um problema pontual na família: o da alimentação. Só que tudo se resumia no presente e nada se vislumbrava para os dias subsequentes. Foi então que com o apoio de um conhecido seu, chegou até ao Padre Jorge quem lhe sugeriu que trabalhasse para o centro, fazendo pequenos trabalhos como a venda de água no fontanário local, ao mesmo tempo que estudava e beneficiava de refeições, na companhia de seus irmãos. Na altura da morte dos pais, Vasco tinha concluído a quinta classe.“Quando os meus pais morreram, todos nós estudávamos mas fomos obrigados a parar por falta de condições. A saída era mesmo fazer pequenos biscates, carregando trouxas em troca de valores irrisórios e por dia conseguíamos amealhar 50 meticais. Alguém da minha zona que rezava com o Padre Jorge vivia a nossa situação e intercedeu por nós junto do padre Jorge. Ele procurou saber se eu queria ou não continuar a estudar. Respondi-lhe que sim mas que não o fazia, pois não tinha o que comer com os meus irmãos. Ele prontificou-se em ajudar mantendo-nos a estudar e a dar-nos de comer ”, lembra-se Vasco.
A trajectória do nosso interlocutor foi para além do Centro Dia Mães de Mavalane, tendo passado pelo curso médio de Acção Social no Instituto Maria Mãe África onde conseguiu ser o melhor aluno. O facto valeu-lhe uma vaga de emprego no Ministério da Mulher e Acção Social e em 2008 foi frequentar o curso na universidade onde concluiu a parte curricular do curso de Sociologia, estando a preparar-se para a dissertação da tese.
José Chilaúle é também um produto do Centro Dia Mães de Mavalane.
Experimentou piores momentos da sua vida desde as privações até à deficiência
visual, mas nem com isso se deu por derrotado e procurou meios de dar a volta à
situação difícil que se vislumbrava para a sua vida. O padre Jorge foi uma espécie de tábua de salvação. Segundo contou, em 2003
foi apresentado à comunidade de São Paulo que, por sua vez, apresentou-o ao
padre Jorge. Por via do pároco, conseguiu uma bolsa de estudo num gesto apoiado
pelos ministérios de Educação e de Ciência e Tecnologia. Lembra-se que não foi
tão fácil ingressar no ensino superior pois na altura, segundo disse, a
Universidade Eduardo Mondlane não admitia deficientes visuais.Foi na Universidade Politécnica onde fez o ensino superior em 2010, no curso
de Psicologia das Organizações de Trabalho. Aí nascia o vínculo com o padre e
com a Cooperação Portuguesa. Actualmente, José é docente na Universidade Eduardo
Mondlane, na Faculdade de Educação.Chilaúle deixa um recado para as famílias que tenham nos seus lares crianças
portadoras de deficiência visual no sentido de não limitá-las por isso. “A
família, caso tenha uma criança portadora de deficiência deve saber dar
auto-estima, protegendo-a e ajudando a valorizar-se, procurando instituições que
possam dar melhores subsídios para a integração dos menores”, disse
Chilaúle.
Até aos oito anos José era um menino sem nenhuma anomalia. Tudo começa nessa fase quando ressente-se de visão turva. A tentativa de cura deu na deficiência que aconteceu após ama intervenção cirúrgica mal sucedida. Foi assim que o Ministério da Saúde tratou de me enviá-lo à Beira para poder continuar com os estudos.
Até aos oito anos José era um menino sem nenhuma anomalia. Tudo começa nessa fase quando ressente-se de visão turva. A tentativa de cura deu na deficiência que aconteceu após ama intervenção cirúrgica mal sucedida. Foi assim que o Ministério da Saúde tratou de me enviá-lo à Beira para poder continuar com os estudos.
Para quem deu vota às dificuldades narrá-las aos demais, deixa de ser
embaraço mas sim uma verdadeira lição de vida. Quis o destino que Augusto
Inguane dependesse da venda de petróleo pelas ruas do seu bairro, em detrimento
da escola.“A minha história começa quando deixo de estudar por doença. Vim aqui para o
Centro por intermédio de um jovem da minha comunidade Nossa Senhora de Fátima
que se apercebeu das privações e decidiu ajudar. Falou com uma irmã Calcutá que
por sua vez falou com o Padre Jorge, em 1999”, lembra-se Inguane.Conta que de 1994 a 1998 vendia roupa usada na rua. “Lavávamos roupa usada
engomávamos e vendíamos. Depois abrimos uma banca só que antes vendia petróleo
cantando “Phalafeni, phalafeni” porque ninguém em casa tinha capacidade de
ajudar de uma maneira diferente”, disse Inguane.Adianta que com o apoio do padre conseguia alimentos para os irmãos e
continuou a estudar até concluir a licenciatura em Matemática. Agora é docente de Matemática na Universidade São Tomás. Mas os sonhos de
Inguane não terminaram com a licenciatura. Para além de melhorar as condições de
vida em sua casa, de ter contraído matrimónio, sonha fazer um curso de Mestrado
em Gestão de Empresas e quem sabe, um dia chegar ao doutoramento uma vez que a
idade ainda o permite.
A sua formação significa uma verdadeira vitória ainda que a considera mínima, tendo em conta os desafios que têm pela frente. “A formação é, para mim, uma vitória ainda que seja mínima porque tenho ainda sonhos por perseguir mas, graças a Deus, sinto-me satisfeito com o que conquistei até agora” sublinhou Augusto Inguane.
A sua formação significa uma verdadeira vitória ainda que a considera mínima, tendo em conta os desafios que têm pela frente. “A formação é, para mim, uma vitória ainda que seja mínima porque tenho ainda sonhos por perseguir mas, graças a Deus, sinto-me satisfeito com o que conquistei até agora” sublinhou Augusto Inguane.
Em resposta a essa inquietação, o Padre Anastácio Jorge do Centro Dia Mães de
Mavalane disse que uma das formas de sobreviver face à uma provável
interferência da crise económica passa pela descoberta de alternativas locais
para problemas locais. A ajuda externa tem que ser um recurso adicional.Defendeu que alternativas sempre existem desde que para tal haja vontade e
consciência humana no seio das pessoas. A título de exemplo, o Padre Jorge falou
de um redobrar de esforços por parte de instituições moçambicanas ligadas à área
social, bem como de empresas privadas nacionais e estrangeiras cujo contributo
pode marcar diferença e fazer com que o centro não desfaleça.“Há um projecto interessante feito a partir de Portugal, que consiste num
apoio directo às crianças através de uma contribuição de um Euro por criança.
Acredito que iniciativas semelhantes podem muito bem ter lugar cá entre nós
mesmo a nível individual ou mesmo a nível institucional”, exemplificou aquele
prelado.O Centro Dia Mães de Mavalane foi criado em 1987 para albergar em três tendas
doadas pela Cruz Vermelha de Moçambique, meia centena de crianças que viviam na
lixeira de Hulene. Volvidos alguns anos, o mesmo evoluiu passando a albergar
actualmente 505 crianças que recebem apoio durante o dia, recolhendo para as
suas casas ao cair da noite.Grande parte das crianças é oriunda dos bairros de Maxaquene, Mavalane e
Hulene que beneficia de diversos serviços ali disponibilizados que vão da
assistência médica e medicamentosa, educação até ao nível superior, formação
profissional a partir da oitava classe.Uma das grandes conquistas daquele centro é ver crianças antes perdidas,
formadas até ao nível superior. Actualmente são 25 jovens que concluíram o
ensino superior sendo um deles, professor da Escola Secundária Solidariedade
pertencente à Paróquia de Mavalane. Isso é motivo de satisfação.Como forma de dar ferramentas que garantam a subsistência das crianças, o
centro está a formar crianças em sapataria e corte e costura.Para além de assistência às crianças e jovens em Mavalane, existe um outro
projecto em Gaza que apoia pessoas de terceira idade no distrito de Chibuto.
Anabela Massingue." Fonte Jornal NOTICIAS.
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