"Trabalho só é viável com um novo “CHÁ” - defende mestre Joana António sobre a empregabilidadeTODA e qualquer pessoa que queira ter sucesso no campo profissional deverá mudar a forma de encarar o trabalho, tomando novos conhecimentos, habilidades e atitudes. É o que, no entender do académico Brazão Mazula, forma o “CHÁ” da educação profissional. .Maputo, Sábado, 21 de Janeiro de 2012:: Notícias . Na verdade, se, nos anos passados, o normal, no seio dos aspirantes ao mercado de trabalho, era formar-se e, seguidamente, encontrar uma colocação, hoje a equação mudou. Na actualidade, ter vários certificados não é bastante para impressionar o empregador, pois a ele interessa um profissional com competência e que, independentemente do diploma académico, esteja a altura de solucionar os casos práticos que lhe surjam pela frente. Atenta a esta realidade emergente, a académica Joana António decidiu partilhar o seu saber com a sociedade. Para o efeito publicou recentemente um livro intitulado “Empregabilidade e Educação Profissional em Moçambique – Como ter trabalho e remuneração sempre”.Joana António, concluiu, em 2008, o mestrado em Gestão Estratégica de Recursos Humanos, no Centro de Estudos de Pós-graduação e Pesquisa Aplicada (CEPPA), num projecto em parceria com a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (Puc-Minas) – Brasil. Actualmente é colaboradora da empresa Petromoc.O livro apresenta 15 competências e orientações sobre como ter emprego em diversas áreas do saber, dentre as quais comércio, artes, comunicação, construção civil, agropecuária, meio ambiente, informática, mineração, indústria, saúde e transportes. Mais do que um instrumento ao serviço dos jovens estudantes, a obra, chancelada pela Diname, é de uso obrigatório pelos empregadores e pelo Governo, particularmente o Ministério da Educação, enquanto instituição que responde pela elaboração dos currículos de ensino e formação.Aliás, em gesto de resumo, Joana António escreve que a formação de quadros e de profissionais qualificados, a todos os níveis, deverá ser resultado de consensos entre o Governo e os parceiros sociais e de uma planificação cuidadosa, a curto, médio e longo prazos.“Quem define as competências da formação é o patrão. Se assim for, ele deve ser envolvido nos processos de revisão ou introdução de currículos no ensino público”, diz a entrevistada.Na sua análise, a formação académica deve estar bem orientada ao mercado de trabalho de modo a evitar que estudantes saiam dos estabelecimentos de ensino e fiquem à deriva.Aliás, é tendo em conta esta verdade que a autora apela aos jovens para buscarem cursos que têm maior empregabilidade. “Já não há emprego em Moçambique. O que há é trabalho e só quem tem competências e atitude pode se enquadrar nas empresas”, sublinha.Porém, e porque é verdade, a mestre reconhece que não é assim tão fácil implementar as suas ideias. Vai daí que defende debates intensos na sociedade, sobretudo porque acredita que vontade política de mudar não falta. Nisso ela fundamenta recorrendo a um trecho do discurso do Presidente da República, em 2006, quando do lançamento do Programa Integrado de Reforma da Educação Profissional (PIREP), quando dizia que “onde temos floresta, condições para a pesca e piscicultura, as nossas instituições de formação devem ter em atenção a existência desses recursos, formando quadros tecnicamente preparados para a exploração sustentável dessa riqueza local”. Surge então a necessidade de se formar tendo em conta as potencialidades de cada região do país.Emprego apenas para quem sabe. Maputo, Sábado, 21 de Janeiro de 2012:: Notícias . A Brazão Mazula, académico e antigo reitor da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), coube a tarefa de prefaciar o livro. Dentre vários aspectos, ele escreve que a empregabilidade consiste em desenvolver permanentemente a capacidade de dar emprego a quem sabe (employability). Para isso, há que ter os conhecimentos, as habilidades intelectuais e operativas e o jeito de resolver os problemas. Mais do que o exposto, Mazula destaca o facto de que, hoje por hoje, o emprego, por melhor que seja, deixou de ser sinónimo de segurança para as pessoas e, por conseguinte, ser um empregado fiel e dedicado não garante por si só o emprego. Impõe-se a busca do conhecimento, habilidade e atitude tendo em conta as mudanças tecnológicas. Brazão Mazula tem a certeza de que o livro desfaz o mito segundo o qual o bom técnico e profissional é aquele que se limita ao saber fazer em si. E vai longe quando afirma que “o robot até faz com precisão”, mas esta máquina jamais terá cultura geral como o Homem.Perante esta realidade, dois caminhos surgem, de forma rigorosa, nomeadamente a busca de novas fontes de geração de emprego ou trabalho e o aumento dos investimentos na educação. E, para se atingir as metas desejadas, as competências no mercado de trabalho deverão ser investigadas, a partir dos próprios trabalhadores, identificando os seus saberes formais e informais, as suas formas de cultura e o património de recursos por eles acumulado no trabalho.Formar de modo a diminuir estrangeiros .Maputo, Sábado, 21 de Janeiro de 2012:: Notícias .Um dos momentos de destaque do lançamento do livro é atinente ao momento em que interveio Casimiro Francisco, Presidente da Associação para o Desenvolvimento de Carvão Mineral (AMDCM).Casimiro Francisco foi convidado para falar sobre o “Apoio empresarial para a formação de Quadros”. Porém, a sua abordagem centrou-se na necessidade de as empresas realizarem a formação profissional. Nas suas palavras, tal deve ser feito não como um acto de caridade ou mera responsabilidade corporativa, mas como condição para a sua sobrevivência e competitividade no mercado.Para ele, a mudança de atitude é importante para colmatar a lacuna da falta de emprego e para evitar convulsões sociais decorrentes do recrutamento massivo de estrangeiros quando existem nacionais formados. Por outro lado, impõem-se o desenho de acções de formação numa abordagem agressiva e coordenada envolvendo o Governo, instituições de formação e empresas. Estas últimas têm necessidade de uma mudança de paradigma: que considera a formação um custo para um novo que trate a formação dos colaboradores como um investimento. Isto significa a internalização das acções de formação, tornando-as factores de produção.Felizmente, algumas pessoas e empresas estão a mudar. De acordo com Francisco, na indústria extractiva várias empresas patrocinam a formação de jovens, seja dentro ou fora do país, tendo sido enviados para vários países milhares de estudantes para cursos de curta e longa duração, com destaque para Noruega, Austrália, Índia, Malásia, Brasil, China, entre outros. “Porém, estas acções são manifestamente insuficientes para preparar o país para os desafios que se aproximam de forma célere”, alerta Francisco.Justificando-se, ele referiu que as recentes descobertas no domínio de carvão, gás natural, minerais pesados das areias, ferro e fosfatos, bem como os correspondentes investimentos, em curso e em perspectiva, apontam para um cenário de explosão da demanda de mão-de-obra qualificada e, em muitos casos, altamente qualificada, sem paralelo na história do país ou mesmo da região. Estima-se que até 2025 o sector de infra-estruturas gere cerca de 653.000 novos empregos, enquanto a parte extractiva da indústria poderá contribuir com cerca de 15.000. Contudo, o mercado de trabalho contará, no mesmo período, com cerca de três milhões de pessoas procurando trabalho.Com efeito, a sobrevivência das empresas, neste século, passa por um aumento constante da produtividade e qualidade dos bens e serviços, maior eficiência, inovação e competitividade. Para a consecução deste desiderato, elas dependem da capacidade dos seus colaboradores assimilarem novas tecnologias, novos processos organizativos e desenvolverem novas valências, tanto éticas quanto comportamentais. A nível de competitividade são exigências comuns: o recebimento de certificação pela qualidade ou credenciamento. Isto impõe aos trabalhadores a necessidade de adquirir novas qualificações (ou certificação das qualificações possuídas) e nova atitude empresarial.Resulta disto tudo que a geração, difusão e utilização do conhecimento bem assim como o desenvolvimento de novos valores e valências (formação profissional) constituem condição fundamental para a sobrevivência empresarial. Estes, aliás, são aspectos que constam do livro da mestre Joana António, cuja leitura recomenda-se. ARSÉNIO MANHICE. Fonte Jornal NOTICIAS.
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