"Saramago evocado em Maputo
Maputo, Sábado, 10 de Julho de 2010:: Notícias
NO âmbito da efeméride alusiva ao desaparecimento físico do escritor José Saramago, Prémio Nobel da Literatura 1998 e Prémio Camões 1995, está patente até ao próximo dia 27 de Agosto, na Biblioteca do Instituto Camões-Centro Cultural Português, uma exposição bibliográfica sobre o autor, que integra as obras publicadas em Portugal e uma grande parte das traduções editadas em outras línguas. Na sala está igualmente disponível ao público um livro de honra em homenagem ao escritor.
José de Sousa Saramago (Azinhaga, Golegã, 16 de Novembro de 1922 — Tías, Lanzarote (Ilhas Canárias), 18 de Junho de 2010) foi escritor, argumentista, jornalista, dramaturgo, contista, romancista e poeta. Saramago nasceu de uma família de pais e avós agricultores. Passou grande parte da vida em Lisboa, para onde a família se mudou em 1924. Formou-se numa escola técnica e as dificuldades económicas impediram-no de entrar na universidade.
Desde cedo demonstrou interesse pelos estudos e pela cultura, sendo que esta curiosidade perante o mundo o acompanhou até à morte. O seu primeiro emprego foi de serralheiro mecânico. Fascinado pelos livros, visitava, à noite, com grande frequência, a Biblioteca Municipal Central — Palácio Galveias.
Publica, em 1947, o seu primeiro romance, Terra do Pecado. Décadas mais tarde, em 1982, surge o romance Memorial do Convento, livro que conquista definitivamente a atenção de leitores e críticos.
Entre 1995 e 2005 Saramago publicou mais seis romances, dando início a uma nova fase em que os enredos não se desenrolam mais em locais ou épocas determinados e personagens dos anais da história se ausentam: Ensaio sobre a Cegueira (1995); Todos os Nomes (1997); A Caverna (2001); O Homem Duplicado (2002); Ensaio sobre a Lucidez (2004); e As Intermitências da Morte (2005). Nessa fase Saramago penetrou de maneira mais investigadora os caminhos da sociedade contemporânea, questionando a sociedade capitalista e o papel da existência humana condenada à morte. Em 2009 publicou o seu último romance, Caím.
Saramago foi conhecido por utilizar um estilo oral, preferindo frases e períodos compridos e usando a pontuação de uma maneira não convencional. Os diálogos das personagens são inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma que não existem travessões nos seus livros.
Este tipo de marcação das falas propicia uma forte sensação de fluxo de consciência, a ponto do leitor chegar a confundir-se se um certo diálogo foi real ou apenas um pensamento. Estas características tornam o estilo de Saramago único na literatura contemporânea.
Em 2003 o crítico norte-americano Harold Bloom considerou José Saramago “o mais talentoso romancista vivo nos dias de hoje”, apontando o escritor como “um dos últimos titãs de um género literário que se está a desvanecer”.
José Saramago é considerado o responsável pelo efectivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa."
NB: Encontrava-me na Beira em 13 de Outubro de 1993 a convite da Missão Governamental Portuguesa, quando António Gueterres, então Primeiro Ministro de Portugal nos anunciou na sua recepção oferecida à comunidade portuesa aí residente que tinha sido atribuido o Prémio Nobel da Literatura a Saramago.
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