Augusto Macedo Pinto
Desafio africano e caminhos para o desenvolvimento
Bem sabemos que nada se deve fazer sem um estudo de viabilidade técnico-económica. Estamos, neste caso, a falar do estudo da navegabilidade dos rios Chire e Zambeze. A questão não deve ser vista assim de forma tão simplista, pensamos nós.
Há que equacionar aspectos não menos importantes, como o acesso ao mar de países como o Malawi, o desenvolvimento associado que trará às populações ribeirinhas das bacias do Chire e do Zambeze, o escoamento de exportações de dois países, Malawi, já referido, e Moçambique, com mais uma alternativa, quiçá, complementar à ferroviária e rodoviária.
Seria, assim, mais uma oportunidade de um corredor a conduzir o desenvolvimento de infra-estruturas perspectivada pela SADC, dos rios Chire e Zambeze em canais navegáveis visando aumentar as opções de transporte para o acesso ao mar para o Malawi, país de interior, a caminho do porto da Beira.
Aquilo que se conhece como benefício para ambos os países em termos de produtos a transportar, nos sentidos descendente e ascendente, são produtos agrícolas, minerais, matérias-primas, bens de equipamento, alguns de maiores dimensões com dificuldades em outros modos de transporte e o inevitável turismo de toda a ordem, que felizmente se irá desenvolver nas bacias maravilhosas destes rios, mais conhecidos do Mundo no tempo de Serpa Pinto e de Livingstone do que na actualidade.
Esta oportunidade de desenvolvimento afigura-se-nos, pois, determinante para ir ao encontro do bem estar das populações, contribuindo para uma melhoria profunda das suas acessibilidades. As vias rodoviárias e ferroviárias seriam melhoradas, o fluxo das pessoas era evidente e, para o escoamento dos seus produtos, determinante. Era, de facto, uma rede e serviços de transportes que se criava, dignificando África e o Mundo, onde os transportes são reconhecidamente ineficientes, criando-se, assim, o acesso a serviços tão vitais como ao sector de produção a favor da maioria das populações.
Tecnicamente parece ser pacífica a navegabilidade do Chire e do Zambeze, com algumas cautelas nos respectivos caudais e no tipo de embarcações a utilizar. Economicamente, há, neste momento, condições favoráveis a uma melhor avaliação, quer com os projectos já em curso, quer com aqueles que se perspectivam. O turismo seria o mais inovador, mas o bem estar das populações não deveria ser marginalizado.
É mais um caminho, se assim for a vontade das partes envolvidas – SADC, Malawi e Moçambique –, de a comunidade internacional, com o seu apoio a este gigantesco projecto, contribuir também para a redução da pobreza absoluta nesta região africana.
NB: A propósito desta temática que vai ser debatido amanhã em Maputo, no Girassol Indy Congress Hotel & SPA, já havia eu publicado este trabalho acima no Jornal de Negócios de Portugal em 23 de Setembro de 2008 e também na Revista Capital de Moçambique.
Muito interessante. Já foi o meio de transporte principal na Holanda.
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