segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

TETE, MOÇAMBIQUE, NOVA PONTE SOBRE O ZAMBEZE, PONTE KASSUENDE: " LAÇO DE DESENVOLVIMENTO"

A PONTE Kassuende, recentemente erguida sobre o rio Zambeze, que liga a cidade de Tete e o distrito de Moatize, através das localidades de Benga, na margem direita e pelo bairro Mpháduè, na esquerda, vai cada vez mais impulsionar o ritmo de desenvolvimento sócio-económico e financeiro, da província de Tete, com maior destaque para as zonas de Benga e Mpháduè.
A obra de grande engenharia inaugurada há dois meses, já está a transportar consigo vários interesses dos agentes económicos na procura de terrenos e espaços para a implantação de infra-estruturas sociais, estabelecimentos comerciais, casas de pastos entre outros, ao longo das duas margens.
Pelo lado do distrito de Moatize, embora a área continua seriamente em disputa pelos interesses de exploração de recursos minerais com maior prioridade para o jazigo de carvão mineral, os agentes económicos estão com papéis e canetas a correr atrás das estruturas políticas e administrativas da sede da localidade de Benga, à procura de um espaço. A corrida é tanta, uma vez que naquela rodovia brevemente será permitida a circulação de camiões de grande tonelagem que transportam mercadorias para o abastecimento dos países do Interland, provenientes de África do Sul, Porto da Beira, Zimbabwé, Swazilândia entre outros.
A margem de Benga, uma das quais por onde passa a estrada de acesso à ponte, ainda tem um pouco de parcelas de terra. Porém, sabe-se que o conflito com as mineradoras tem sido maior e aliás foi uma das causas que concorreu para a morosidade em de cerca de 30 dias, da conclusão e entrega da ponte ao estado moçambicano pelo empreiteiro.
De lado de Mpháduè, no Município da Cidade por onde está desenhado o novo Plano de Director de Expansão da Cidade de Tete, há o problema de a maior parte dos terrenos se encontrarem devidamente ocupados com outras infraestruturas sociais como condomínios, hotéis, restaurantes e parque habitacional.
Mas segundo o que constatamos, no terreno nas duas margens do encontro da ponte Kassuende, serão ainda nos próximos dois meses erguidas algumas infra-estruturas sociais, principalmente estabelecimentos comerciais, bares e restaurantes para atendimento aos utentes da rodovia uma vez que a maior parte dos camionistas, sobretudo de longo curso e com viaturas pesadas não terão outra saída senão o uso da Ponte Kassuende, tendo em conta que a Samora-Machel estará interdita ao tráfego de grandes camiões.
SOFRIMENTO TERMINA EMBENGA E MPÁDUÈ
Para Joana Colher, residente de Benga, a ponte e a estrada, constituem o melhor prémio que a população de Benga recebeu do Governo da Frelimo e do Presidente Armando Guebuza, que fechou com chave de ouro o seu mandato, sobretudo para nós que não esperávamos assim tão já esta prenda para depois acrescentar que, "não esperávamos hoje, Benga estar mais perto da Cidade de Tete".
"Olha, para se chegar aqui na localidade de Benga era um caso sério e fazíamos a pé os 30 quilómetros até ao cruzamento junto à ponte de Revobuè para apanharmos chapas à cidade de Tete ou mesmo à Vila de Moatize" - disse Joana Colher.
Era um martírio sério e imaginem em casos de doenças graves, apesar de Benga possuir um Centro de Saúde, as pessoas morriam por falta de evacuação em casos de uma gravidade ou um parto complicado porque a ambulância levava mais tempo na picada para chegar à sede de Benga, devido ao estado precário da estrada.
A maior parte das pessoas inqueridas pela nossa reportagem na margem de Benga, disse que o governo teve uma ideia positiva em escolher a nossa zona para a construção desta estrada e a ponte.
"Agora a cidade de Tete está mais perto do que a Vila de Moatize, pois atravessamos a ponte a pé e entramos directamente na cidade, através do bairro Mpháduè que é um prolongamento da zona de cimento da cidade de Tete, onde estão instalados vários serviços para o nosso interesse» - disseram as nossas fontes em Benga.
Para os residentes de bairro Mpháduè, a Ponte e a estrada para Benga vão minimizar as dificuldades de escoamento de produtos agrícolas comercializados na região que para o seu transporte socorriam de canoas que carregavam poucas quantidades e ao fim os gastos eram maiores só em transporte.
“A maior parte dos produtos alimentares como hortaliças adquiríamos na margem de Benga para a venda aqui em Mpháduè, pelo que com a nova estrada e ponte o sofrimento agora acabou, vamos cantar juntos o futuro melhor” - disse Chassauca Dziuissane.
António João, comerciante ambulante de animais domésticos como bovinos, caprinos, suínos e aves, a estrada e a ponte trouxeram uma outra vida para o comércio em Mpháduè pois, já não é necessário percorrer os 60 quilómetros de estrada de Mpháduè para Benga via Capanga.
“Agora atravessamos a pé até aos criadores e depois telefonamos para qualquer transportador quer de Benga quer de Mpháduè que nos cobra pouco dinheiro e atravessamos sem dificuldades”, disse António João.
OPINIÃO DOS AGENTES ECONÓMICOS
Alguns agentes económicos contactados pela nossa reportagem a cerca da Ponte Kassuende, apontam alguns aspectos positivos que as duas infra-estruturas vão trazer para a vida das comunidades locais, assim como para o movimento do negócio na região.
Alfredo Chambule, representante da empresa Moçambique Leaf Tobacco, afirmou que a estrada e ponte que passa a escassos metros da Fábrica de Processamento de tabaco instalada no bairro Mpháduè, na periferia da cidade de Tete, vai trazer uma nova dinâmica para o movimento produtivo da sua instituição.
“Estas obras vão melhorar a dinâmica do nosso trabalho porque teremos os camiões a tempo, a descarregar aqui na Fábrica. A situação anterior da via ponte Samora Machel, devido a filas  provocadas pelo intenso tráfego na travessia originando muita morosidade e desembaraço no nosso trabalho porque era a única via para atravessar o rio Zambeze até a nossa indústria”, disse Chambule.
Aquele quadro sénior da MLT, disse ainda não ser fácil determinar em termos de custos para cada travessia do camião carregado de tabaco uma vez que a nova Ponte Kassuende ainda não tem a sua tarifa definida.
“É prematuro definirmos se os custos são onerosos e menos porque ainda não foram divulgadas as tarifas de portagem a serem pagas na nova ponte”,  afirmou Chambule.
Os jovens empreendedores da província de Tete, em particular da capital, estão com olhos postos no futuro de Benga, onde já desenham projectos a curto, médio e longo prazos, a serem executados.
Marvin Chaledzera, jovem proprietário de um estabelecimento de venda de viaturas usadas, acidentadas e peças sobressalentes apontou que a região de Benga,é a nova zona que vai prosperar  em termos de negócios diferentes nos próximos meses.
“O movimento de pessoas e viaturas já está a intensificar na zona de Benga, onde ontem ninguém queria ir para lá, porque não despertava nenhum interesse económico, mas hoje com uma boa estrada as coisas mudaram para o melhor”, disse Marvin Chaledzera.
Ele apontou ainda que a província de Tete, em particular a cidade, devido aos vários investimentos nas áreas de recursos naturais e agro-pecuário nos últimos anos estão a conhecer níveis assinaláveis de desenvolvimento sócio económico desta região do Zambeze.
“Porque a província está instalada ao longo da bacia do Zambeze, com um potencial invejável em termos de agro-pecuária, recursos faunísticos, pesqueiros, florestais e minérios, despontam hoje interesses diversos por parte dos investidores para estas áreas, o que é positivo para o engrandecimento da região e do país no geral” , disse Marvin Chaledzera.
Por seu lado, o empreendedor, Edson Lino, proprietário de uma casa de pasto na cidade de Tete, denominada Geração da Viragem, a nova ponte e os seus acessos trouxeram uma outra forma de ver esta província. “Estamos de parabéns de possuirmos uma cidade com duas pontes grandes que muitas cidades do mundo não possuem estas infra-estruturas, num intervalo de três a cinco quilómetros no mesmo rio, disse Edson Lino.  
Abdul Gafar Bega, decano comerciante e transportador na província de Tete, apelou ao governo para que olhe com muita atenção ao tráfego de carga que passa pela Ponte Kassuende para não permitir o seu desgaste precoce pois, devido ao intenso tráfego, alguns camionistas usuários da ponte poderão escrupulosamente ignorar as medidas de segurança da infraestrutura.
«Sabemos que a ponte e a estrada estão concessionadas à empresa Estradas do Zambeze, mas isso não tira o dever de o governo monitorar e inspeccionar o uso daquela infra-estrutura social incluindo as vias de acesso para garantir uma durabilidade e evitarem-se os erros do passado com a ponte Samora Machel que por um pouco ia água a baixo” - advertiu Gafar Bega.
GOVERNANTES ACREDITAM NO IMPULSO AO DESENVOLVIMENTO
A administradora distrital de Moatize, Elsa da Barca, acredita que a ponte Kassuende vai trazer uma outra dinâmica para o desenvolvimento da localidade de Benga que tanto necessitava de uma estrada pavimentada para melhor circulação de pessoas e bens para além de assistência médica e medicamentosa.
«A Ponte Kassuende trouxe uma excelente estrada asfaltada e a sede da localidade está cada vez mais próxima o que permite uma assistência regular assim como a circulação constante de pessoas e bens» - disse a administradora.
A dirigente explicou ainda que a região vai conhecer uma velocidade com muita rapidez para o seu desenvolvimento onde se espera a edificação de imóveis de prestação de serviços e assistência aos utentes da via.
Enquanto isto, Celestino Checanhanza, presidente do Município da Cidade de Tete, referiu que a estrada e ponte trarão um impacto muito grande para o desenvolvimento da área reservada à expansão da cidade de Tete onde se espera a edificação de infraestruturas sociais modernas de acordo com os avanços tecnológicos das grandes cidades.
Na zona do bairro Mpháduè, para onde estão planificadas as novas infra-estruturas da segunda fase de desenvolvimento da cidade de Tete, as condições mínimas para habitabilidade estão em curso como a canalização de água potável, expansão da rede nacional de energia entre outras condições básicas.
Por sinal, um Plano Director de Estrutura da Cidade, aprovado há cerca de dois anos para a expansão da cidade de Tete, começa pelo bairro Mpháduè até o limite com o distrito de Changara. Este documento com linhas mestres é o instrumento orientador que cria as condições mínimas e básicas para o melhor ordenamento do solo urbano do Município.
«Hoje, com esta estrada e Ponte por onde passarão muitos cidadãos, o movimento será outro e cada vez melhor porque vai despertar muito interesse dos agentes económicos nacionais e internacionais interessados em investir na nossa cidade» - disse Checanhanza.
O edil do Município da Cidade de Tete disse ainda que alguns pedidos para a ocupação dos solos do bairro Mpháduè já estão a dar entrada no Município e paulatinamente estão em acção medidas tendentes a encontrar uma saída salutar para o problema de gestão do solo urbano.
«O Plano Director, cuja elaboração contou com parceria de algumas instituições e personalidades radicadas na cidade, definiu a zona de Mpháduè, e em diante, junto ao limite geográfico com o distrito de Changara, para a expansão da urbe» - disse Checanhanza.
No documento em referência, onde já se encontram devidamente estabelecidas as regras de ocupação dos solos assim como o tipo de infra-estruturas a serem sucessivamente implantadas.
Outro aspecto a salientar é de que a segunda ponte de Tete é o descongestionamento do tráfego da actual ponte Samora Machel, reabilitada em finais de 2011, sobre o trânsito de camiões de grande tonelagem. Por outro lado ainda no contexto do sector dos transportes na região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, SADCC, o projecto significar uma oportunidade chave de consolidação da ligação aos países do interland nomeadamente, Malawi, Zâmbia, Zimbabwe e ao Porto da Beira.
Recordar que a ponte Samora Machel era até então a única ponte sobre o rio Zambeze que servia a cidade de Tete e toda a região, tendo sido construída há cerca de 35 anos e não foi concebida para suportar o volume e cargas de tráfego pesado que atravessa a região, constituído por veículos pesados de tipo interlink.
BERNARDO CARLOS"
FONTE: JORNAL NOTICIAS DE MOÇAMBIQUE

 
 
 

 


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